Tuesday, December 21, 2004

O Monstro

Estaria eu apático
Admirando toda a desgraça
Deste mundo podre?
Um mundo gasto...
Repetições,
Reciclagens
Nada de novo
Tudo que um dia se foi, agora volta
Um retorno da merda
Da inutilidade
Da existência sem valor

Saturado de tudo isso
Meu olhar – sem o menor saco -
Desfere desprezo
Seria eu um monstro, daqueles de duas faces?
Ou teria distúrbios de personalidade?

Apenas um idiota se preocuparia com isso
Pois é irrelevante
Como todo o resto
Cada janela
Cada quarto
Cada perfume
Cada foto
Cada poema

Eu sou um dragão com uma caneta
Na mão
Só quero cospir fogo
Queimar tudo
Essa aberração deve acabar

Nada de exclamações
Sem exaltação
Apenas análises
Críticas – lamento, não são capazes de mudar as coisas –
Mas sem o sentimento antigo
Da revolta
Esse eu deixo para as crianças
Choram ao descobrir
Que Papai Noel não responde
- nunca ouvi falar de Papai Noel no Haiti –


Nem Papai Noel
Nem Deus
Nem os nossos sonhos

Sozinhos até o dia de nossa morte
Vagamos por aí
No Rio,
Em Paris
Ou em Burma – onde se prende quem ganha Nobel da Paz –

Na seca,
No suor
Ou no frio
Dos flocos de neve
Que alimentam sonhos pueris por tudo aquilo
Ainda não conquistado

A vida vai
Os anos já bateram a porta
Eu vou ficando mais velho e mais chato
E a babaquice se repete
Na TV,
Nos jornais,
Nos discursos

Todos querendo alimentar nossos sonhos
Para se suprir, agradar a si mesmos
Um favor egoísta
“votem e sejam meus amigos
Ou queimem no mármore por estarem errados”

Pro inferno o certo e o errado
Isso ou aquilo
Tudo invenção
Colírio industrializado
Histórias da Carochinha
Conversa pra boi dormir

Sem vontade de escrever
Pego esta caneta e esse papel
E entendo um pouco mais
Como anda o meu humor
Coincidindo o fim deste poema
Com o fim de mais uma página

Sunday, December 19, 2004

O que é lindo pra você

O que é lindo pra você, Guilherme? Bom, essa é uma pergunta difícil de se responder, principalmente porque eu não conheço todas as coisas existentes e, por isso, seria complicado de dizer que é isso ou aquilo apenas. Se é para ser preciso e não me é possível, acho que não tenho como responder a essa pergunta.
A beleza pode ser encontrada, sob o meu ponto de vista pessoal, onde achamos que ela está, ou em lugares nos quais nem costumamos dar atenção. Ela pode estar no corpo escultural de uma Gisele Bündchen ou no talento para o teatro da Fernanda Montenegro. Uma saciando os olhos e os instintos, outra suprindo a nossa busca por um preenchimento, por um significado. Poderia ser um exemplo de beleza também a história de vida de um velho engraxate, que ao contar suas aventuras desde os tempos de moço e como foi a sua vinda para a sua cidade atual, nos enche de emoção e nos inspira para alterarmos algo na vida de cada um de nós. Particularmente, uma boa conversa vale mais do que uma bela foto.
Quando falamos da escravização que a mídia nos faz para sermos protótipos do último tipo convencionado de beleza, temos que tomar cuidado, muito cuidado. É como quando falamos sobre o capitalismo, que somos contra ele, mas sem ao mesmo tempo levarmos em conta de que somos uma peça fundamental de todo esse esquema. Que levante a mão aquele que não deseja comprar nada, nenhum bem ou produto que seja. Não podemos nos excluir de um olhar crítico como se fôssemos invisíveis, não fazendo parte de uma conspiração ou de um sistema do qual fazemos parte. Uma vez vi um cara fazendo uma crítica aos Ramones, dizendo que eles são rebeldes demais para quem faz parte do sistema, que assim era muito fácil. Falar mal do cara que distribui o seu cd pelo mundo todo e faz com que você seja conhecido fica meio estranho mesmo. Quero ver fazer um show com um violão caseiro, feito a mão, em uma comunidade indígena. Vale lembrar que o guitarrista dos Ramones fez a cabeça dos outros integrantes da banda para que todos usassem o mesmo estilo de roupas, porque eles tinham que parecer cool e revoltados. Agora, voltemos à aparência física. Quem aqui nunca levou em conta ou, no mínimo, nunca deu uma olhadinha para ver se o (a) pretendente era bonito (a). Nem mesmo sabe de cabeça uma pessoa a qual admira o rosto ou o corpo? A maioria sabe qual é o seu tipo físico, e estilo, preferido, não tem outra.
Consumismo é algo que eu critico, por exemplo, mas, embora eu critique os outros, é sempre bom lembrar que eu tenho os meus cd´s, a minha TV, os meus livros e que se tiver mais dinheiro comprarei outros. Não vejo ninguém comprar a comida necessária e separar todo o resto para os pobres e nem nunca ouvi falar sobre alguém que fizesse isso. Outra coisa, quando falamos de beleza, temos que lembrar que existem diversos padrões, sendo que uns mais na moda do que outros. Nem toda pessoa magra é bonita e,ao mesmo tempo, encontramos diversos gordinhos (as) que são. A beleza estética mais valorizada hoje não é a mais bonita, ela é a da vez.

Saturday, December 18, 2004

A beleza do corpo

Quando penso no assunto muito me vem à mente. Desde a definição atual de nu artístico – ou o que deveria representar isento dos traços culturais da época – à idolatria dos corpos esculturais, atualmente reinados pelas mulheres com uma alimentação baseada em coca light – guaraná light é muito melhor, além de ser mais Brasil do que a Coca.
Vejo que muito se separam as visões atuais do que deveria ser admissível ou correto. Uns declaram que nudez é putaria, que isso é uma prostituição descabida, fora de sentido. Outros defendem exatamente o oposto – calma lá, com certos limites; ou não? -, que nudez é arte, o que é belo deve ser visto e que o grupo do contra é conservador como a monarquia medieval. Mas, sem se colocar em nenhum dos extremos, vejo que a mídia tem feito um meio de campo tentando agradar às duas partes, trabalhando o culto aos corpos enquanto cuida de não escandalizar geral – “não tenha medo, eu vou devagarzinho”, parece pairar no ar.
São tantas meninas que se dedicam à cultura da alface como filosofia de vida que chega a dar pena – não se esqueçam que meninos também! Todos querem ser os mais bonitos, ficar famosos e aparecer. Infelizmente se esquecem de que esse tipo de carreira é, por definição primária, efêmera, que existe uma demanda diária por uma nova cara a ser idolatrada por sua beleza ignorante – tão raro serem entrevistadas.. seria pelo seu grandioso nível de intelecto?; algumas são inteligentes, sim, mas não é tão fácil como plantar chuchu na serra. Idolatrasse a imagem, o exterior, mas se esquece muito do significado disso tudo. Logo agora que o acúmulo, e a facilidade da troca, de informação se mostram infinitamente mais simples do que em qualquer outro momento na história da nossa civilização – terráquea, no caso.
Agora voltemos à discussão sobre o que seria aceitável. Tem gente, no caso muitos artistas plásticos e cineastas, defendendo com unhas e dentes que o nu é uma coisa simplesmente natural – nunca vai deixar de ser, mesmo – e que esse preconceito com relação ao seu uso na expressão é uma forma de dar a ré na evolução do pensamente, algo que partiria principalmente da influência de certos fanatismos – vou ficar um tempo sem falar de religião por aqui – e imposições culturais, que por muito tempo serviram de alicerces para julgar o que seria certo ou errado. No meu caso, olhar uma mulher linda nua, despida de qualquer inibição, é algo completamente aceitável. Não vejo nenhum impedimento à isso, absolutamente normal. Apenas acho que os livros do Roy Stuart custam muito caro.

Wednesday, December 15, 2004

Agora é com vocês!

Qual é o seu CD favorito e por que?

Tuesday, December 14, 2004

Valsinha

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de
sempre chegar
Olhou-a de um jeito amais quente do que sempre
costumava olhar
E não mal disse à vida tanto quanto era seu jeito de
sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto
convidou-a pra rodar

Então ela se fez bonita como há muito tempo
não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado
de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo
não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça e
começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda a cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos
como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
e o dia amanheceu
em paz

(Chico Buarque)

Monday, December 13, 2004

Mal, muito mal

Não lhe entendem
Não se importam com suas idéias, seus pontos de vista
Mas agora já é tarde demais
Sozinho
Ele sai
Em busca do seu lugar
Como todos os outros
Mas não é um lugar comum
Nem mesmo o que ele desejara ou quisera um dia
É um lugar que se tornou sua única opção
Seria ele egoísta, egocêntrico?
Mau?
Maus são aqueles que não escutam porque está tudo bem com eles
Mau é ser impune, não sofrer pelo que faz
Ele já sofre
Já está mal
De mal pra mau é só um passo, uma letra apenas
Um passo em busca de um espaço
Merecido sim, porque não?
Sem acreditar em certo ou errado
Analisando caso por caso
Ele está errado, mas tem razão

Friday, December 10, 2004

Sítio de Janeiro

Acabei de colocar uma pizza no forno. Mas, enquanto espero, fico indignado ao refletir sobre a minha cidade maravilhosa.
O caso agora é sério. Trata-se de violência atrás de violência. Violência nas ruas, violência nas praias, violência na noite, violência aos nossos ouvidos e às nossas expectativas. A todo o momento podemos encontrar notícias de novos assaltos a mão armada, mortes, tráfico dominando o morro – tanto faz qual, cada dia é um diferente – , “soluções” como o Tolerância Zero – o projeto já começa mal pelo nome – e tiroteios entre polícia e quem quer que seja no meio das ruas. Mortes, acidentes e mais mortes. Vemos turistas chegarem aqui com os olhos brilhando de felicidade, pouco antes de perceberem que por traz de todo esse calor humano existe um costume cultural de encarar a guerra civil – não enxerga quem não quer - como uma coisa normal, cotidiana.
Olhemos para os nossos governantes mais recentes. César, colocou um porte enorme com um globo de luz no meio da General Osório, enquanto crianças vivem sem saneamento básico, e diz que conhece o Rio e que o seu maior desejo é dirigir essa cidade que ele tanto ama. Outro dia ele avisou que não quer mais, desistiu. Conde, não preciso dizer muito além do fato de que, após ser vaiado em sua visita ao Circo Voador, mandou fechar o insubstituível reduto da cultura musical carioca – reaberto este ano. Quanto a Rosinha e Garotinho, sem comentários.
Não bastasse isso tudo, acrescento outro tipo de violência que ataca o carioca atualmente. Ao buscar um lugar para sair à noite, se o cidadão resolve ir a um show de bandas de rock ele está em maus lençóis. Não consigo acreditar como é possível que existam tantas bandas de péssima qualidade como tenho visto nos últimos tempos. Tirando os Los Hermanos – que atualmente não conseguem nem ao menos fingir que o show é empolgante ou se dedicar um pouquinho na qualidade quanto à execução das músicas – o Rio está praticamente órfão. Não se engane com folhetos anunciando shows com diversas bandas, aniversários de selos independentes ou seja lá o que for. Geralmente as bandas são ruins, se não forem péssimas. O carioca está se acostumando com a cultura zero. Estamos empurrando tudo para São Paulo e o que produzimos aqui dentro não serve nem mesmo para os amigos aturarem. Decretemos estado de sítio!
Trocando em miúdos, o Rio de Janeiro vai de mal a pior com a violência física, os assaltos, a enorme variedade de bandas ruins e uma administração que, além de não dar conta do recado, não cumpre suas promessas e avisa que desistiu. Agora o que nos resta é subirmos todos para os morros, armados e dançando a popozuda. Droga, minha pizza torrou!

Thursday, December 09, 2004

Sonhos e idolatria

Inocente, não buscava nada de muito grande
Queria apenas viver sua vida
- uma vidinha tranqüila -
mas foi forçado, pelas forças enigmáticas do destino
Não escolheu, foi escolhido
Uma busca incessante por algo que não sabia o que era,
mas que o possuía
Já pequeno ele encantava o povo de seu lugarejo
E seu poder crescia conforme sua estatura

Viajou mundo afora em busca de novos desafios
Novos caminhos
Desenvolveu qualidades impossíveis para uma cultura limitada
como sua terra natal
Se tornou um ídolo
Todos o queria, todos queriam a sua força
Lutavam com unhas e dentes por um pedaço seu

Até que um dia seus poderes não fizeram mais efeito
Aos poucos deixou de conseguir repetir o que sempre fizera
Sua legião de seguidores foi se dissipando
Já não era mais um modelo para os outros
E, como se não bastasse todo o seu desapontamento,
Foi esquecido também como ser humano
Ninguém queria saber de alguém que havia destruído seus sonhos
Sonhos que eram apenas dos outros, porque ele nunca desejara nada
Nunca sonhara com o que não tinha antes

Sonhara apenas com as águas do rio,
o vento no campo
e a chuva no fim da tarde, que permitia cair sobre seu corpo
O que sempre irritou sua mãe – mas ele não se importava

Mas agora ele sonha com isso por entre fortalezas
Cinzas e sujas
Que não se importam com ele,
da mesma forma como ele não se importa com elas

Wednesday, December 08, 2004

Cadê? Ali, achei! Corre, pega ele antes que fuja!

Falta tempo. Não há tempo suficiente que dê conta de todas as necessidades existentes na vida de uma pessoa, não hoje. As notícias que precisamos saber, os conceitos básicos que precisam ser estudados, o "know how", que só se adquire na prática, demandando, portanto, mais tempo. Três refeições por dia - para os controlados -, um ou dois banhos - conheci gente que tomava três, mas acho difícil acontecer com muitos -, higiene dental, telefonemas.. ah, que suplício! Tem dias em que o telefone não para de tocar e nem mesmo são as pessoas que você espera ansioso por uma chamada. Temos também os engarrafamentos. Nesses, só Deus sabe quanto tempo nós gastamos.
É uma busca frenética pela evolução e uma competição desleal com nós mesmos, porque, veja só: para você ser um bom - ok, excelente - profissional você precisa estar sempre fazendo cursos, sabendo de tudo que acontece e ainda assim não pode se esquecer que sem uma vida própria nada disso adianta. Nada vale ou faz sentido se você não tem vida. "Quero ser um excelente computador, uma máquina perfeita; não ligo para vida própria." Bom, aí o problema já é seu.
Um momento para respirar faz bem pra mente e eu gosto.
Mas há tanta coisa acontecendo de importante, tanto conhecimento sendo gerado e transformado a cada instante, que eu nem ao menos sei por onde começar. Neste momento estou em dúvida, não sei qual dos caminhos vou tomar agora.
Rápido, não perca tempo! Seja perfeito antes que o seu ideal de perfeição esteja ultrapassado!

Monday, December 06, 2004

Albert Einstein

“Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez”.

“Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará assim uma máquina e não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser apreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto”.

“Cem vezes por dia eu me lembro que minha vida interior e minha vida exterior dependem do trabalho que outros homens estão fazendo agora. Por causa disso, preciso me esforçar para retribuir pelo menos uma parte desta generosidade – e não posso deixar nenhum minuto vazio”.

Saturday, December 04, 2004

Despedida

Um beijo e desligo o telefone. As coisas não serão mais as mesmas a partir de agora. Uma mudança repentina – nem tanto, na verdade, já era esperada – faz com que os rumos de nossas vidas se alterem, quando pareciam já estar estabelecidos. Uma doce inocência. Cada um agora viverá em uma cidade diferente. Aquelas lembranças passarão do cotidiano para o museu. As tardes após o almoço, as brigas de cada dia.. meu Deus, eu nunca pensei que sentiria tanta falta disso! Nada mais de boa noite. Somos só eu e a minha consciência, a minha saudade, e o mesmo vale para aquele que parte.O telefone substituindo a presença em carne e osso – quem me dera que fosse a mesma coisa. Mais uma vez, isso já era de se esperar, algum dia haveria de acontecer. Nossas vidas podem nunca mais ser as mesmas, enquanto que as lembranças, tampouco valorizadas até o presente momento, sobem em disputa com a cotação do euro. Gostaria de ter conversado mais, de ter ouvido mais, de ter tentado entender mais. Talvez eu não precisaria chorar tanto. Ao menos esse seria um consolo. Inútil, mas eu poderia usar para tentar enganar a mim mesmo.

Friday, December 03, 2004

Os Ignorantes - texto revisado

12/08/2004, 23:37h
Acabei de chegar em casa. Uma calma... A casa vazia, sem ninguém
vendo TV na sala. Estão todos de viagem, menos eu. Todos, no caso, os que moram comigo. Não sei por que, mas eu gosto disso. Não que eu não goste da presença deles, muito pelo contrário. Mas gosto de ter esse espaço, essa privacidade. Ficar sozinho por uns tempos, sem ter que dar satisfação pra ninguém, sem ter hora pra almoçar. Andando de um lado para o outro, pensativo. Apenas eu, aqui com as minhas idéias. Uma viagem só, e sem ninguém pra me interromper gritando o meu nome.
Eu estava lá no Shopping da Gávea, batendo um papo com a minha amiga Elisa. Elisa e eu estávamos sentados em uma mesa no segundo andar. Tomávamos um café, enquanto conversávamos sobre diversos assuntos. Começamos discutindo sobre a reunião que tivemos minutos antes, na Puc, sobre o evento que produzimos no primeiro semestre. Após a reunião, Rodrigo, namorado da Elisa e grande amigo meu, tomara um ônibus e Elisa me convidara para um café. Conversamos coisas banais, como qualquer ser humano normal faz, e depois ficamos refletindo sobre alguns hábitos que as pessoas têm. Coisa de quem já está cansado, após um dia como todos os outros.
Foi surgindo em mim, então, uma vontade de fazer algo quando saísse de lá. O que, nem mesmo eu sabia. Ir ao cinema ou alugar um filme. Nada com ela, não, caso alguém esteja com a mente poluída. Eu queria fazer algo diferente, que não fazia já havia tempo. Mas o que seria? Eu já estava cansado, não iria à um show. Não tinha um jornal na mão, então anulei, sem muito pesar, a idéia de ir ao cinema. Enfim, eu desisti. Pedimos a conta, pagamos e fomos andando. Só depois fui me dar conta de que, ao invés de descer a escada, eu fui andando na direção da fila do teatro. Havia um certo movimento por lá e aquilo me atraia, enquanto eu me aproximava com um sentimento misto de curiosidade e esperança. Eu não ia ao teatro, mas me pus ao lado da fila. Sabe aquelas coisas que você faz apenas por instinto? Pois é, eu fui até a bilheteria. Era uma peça do Pedro Cardoso, Os Ignorantes.
Olhava aquelas pessoas todas que estavam em frente ao teatro e, para
ser sincero, não me lembro de ter pensado nada. Eu estava apenas olhando. Deve ter sido um daqueles momentos em que você fica à mercê do seu inconsciente. Ele fica decidindo tudo, enquanto que você observa o que acontece ao seu redor, até que alguém te cutuca.
- E aí, Guilherme, Vai ao teatro? - me perguntou Elisa, com uma cara engraçada, um tanto risonha.
- Pô, não sei - resposta típica de quem está sendo manipulado pelos próprios desejos impulsivos - acho que seria uma boa idéia...
Comprei o ingresso e me despedi dela. Finalmente me senti plenamente satisfeito com a possibilidade de fazer uso da minha vontade de encontrar algo de interessante fora da minha rotina. Entrando no teatro, um rapaz indicava onde as pessoas deveriam se sentar, independente da poltrona indicada no bilhete. O teatro estava lotado e a peça já havia se iniciado. Achei muito bom, principalmente porque o meu ingresso, por ter sido um dos últimos, indicava um assento que em nada privilegiava a visão que eu teria do palco. Pedro Cardoso estava lá, sozinho no meio do palco, ajoelhado, imitando um rapaz sem muita noção de piedade, enquanto este rezava pedindo perdão por seus pecados. Seu personagem gritava muito. Mais parecia uma versão do Caco Antibes, do extinto Sai de Baixo. Sozinho
no palco, ele falava mal de tudo, como alguém sem um pingo de humanidade, enquanto que a platéia ria como poucas vezes eu vi na vida. Provavelmente eles nunca riram tanto assim antes. Aquilo me impressionou de tamanha forma que, ao contrário dos demais, eu não
conseguia rir. Cheguei a me sentir deslocado. A cada frase dita, centenas de pessoas à minha volta, e por todos os lados, caiam na gargalhada. Qual seria o segredo deles? Eu
confesso que também achava extremamente engraçado tudo aquilo que o Pedro estava dizendo ali na frente, mas eu estava chocado mesmo era com o público. Pessoas de todas as idades e com todos os estilos possíveis. Eu não conseguia me desligar daquela situação. Ficava olhando para frente e ao mesmo tempo percebendo as reações de quem estava perto..
Se eu achava que me concentrar já estava um tanto complicado, eu estava amplamente enganado. Comecei a ficar com sono. Não pela peça, que estava ótima, mas por mim mesmo. Meus olhos começaram a pesar e, subitamente, eu perdia o equilíbrio. Minha cabeça ameaçava levar o meu corpo todo em direção ao meu ombro. Meu deus,
que agonia! Eu balançava a cabeça como aqueles bonecos de posto de gasolina e fazia força para que os meus olhos não se fechassem. Foi uma batalha. Não sei dizer ao certo se cheguei a cochilar – acho que sim -, mas sei que foi complicado. Como eu estava freqüentemente lutando contra Morpheus, a peça parecia que não tinha fim. Devo ter apagado umas 18 vezes, ou mais. Ficava mais fácil quando o Pedro gritava, interpretando a cada momento um neurótico diferente. E foram vários, todos ignorantes.

Monday, November 29, 2004

Fora de controle

Dizem que se você deixar a vida se consome e você nem percebe. Que quando ela passa tanto pode fazer um aceno, como esperar que você chame a atenção dela. Todavia eu não estou muito interessado em reflexões muito profundas hoje, não. Quero apenas divagar, sem arrancadas bruscas. Apenas contemplar. Meus próprios pensamentos me levam para um passeio onde quer que eu esteja. Um passeio por entre os espaços aparentemente vazios da casa, do jardim. Pelas ruas das quais eu me encontro distante. Eles muitas vezes parecem adquirir uma vida só deles, da qual eu não tenho o controle. Nesses momentos – como é o caso agora – sirvo a eles como um mero operário – não desmerecendo de forma nenhuma a profissão de muitos dos que constroem, com base no árduo suor, o nosso país; estou limitando minha função aqui. Guilherme, venha para cá. Agora vá para lá.
Senti uma pontinha de vontade de direcionar o texto para uma análise das relações sociais e existências das formigas, mas meus planos foram rejeitados. Insisto! Não, nada. Nem ao menos uma outra frase sobre esse assunto.
A garrafa de vodca à minha esquerda me trás diversas lembranças, entre elas o fato de que eu bebo mais água do que qualquer pessoa que eu conheço. Na verdade ela está cheia d´água e isso já faz tampo. Tenho o costume de beber água enquanto leio, antes de dormir, ao acordar, ao passar pelo meu quarto para trocar de roupa, antes de ligar para alguém... Para qualquer canto que eu vá eu levo a minha garrafa. Quem olha acha que eu sou um alcoólatra, mas eu me divirto com isso. Um momento, vou beber um gole.. um pouco mais, foram cinco. Sou de peixes, será que existe alguma relação com isso?
As árvores lá fora estão tocando uma sinfonia feita pelo toque. Um momento de carícia mútua entre as plantas, graças ao vento que trouxe a chuva forte de hoje à tarde. Mas aqui eu também não posso me aprofundar. Não tenho permissão para entrar neste assunto. Neste e em qualquer outro. Hoje eu só posso relaxar, aproveitando a minha mania de ficar acordado o maior número de horas quanto for possível, para que eu aproveite melhor o dia – no caso, do sol e da lua. Já está tarde e amanhã eu preciso acordar cedo. Na verdade nem preciso, mas me forço, porque para mim, nesse momento, se mostra como uma necessidade. Uma boa noite inútil para todos. Que ela seja mais rica que qualquer noite em claro com os olhos ardendo em frente ao computador.

Friday, November 26, 2004

Como poucas coisas na vida

Gosto da escuridão. Me fascina apagar as luzes e dar um basta ao cotidiano caótico. Andando pela casa, escovando os dentes ou deitado na cama a refletir. No escuro tudo faz mais sentido. Não existe pressa, exigências ou qualquer coisa que seja. Só existem eu e o nada, eu e o escuro. As paredes e os móveis ganham um novo sentido, uma outra vida mais serena. Não ouço gritos, telefones tocando ou buzinas malucas. Escuto o som das árvores, quando o vento nelas se esbarra. Pessoas guardando caixas e arrumando salões após as festas. E uns freqüentes - mas nem tanto - carros passando nas ruas.
Fico quieto imaginando os sons que vêm de fora, ao longe, tão distantes quanto a minha imaginação puder se deixar levar. No silêncio, e iluminada pelas sombras e pelos reflexos, a noite ganha o seu charme, propiciando um encontro sincero e justo – além de merecido – de nós mesmos com os nossos próprios pensamentos. Esse é o tipo de coisa que não costumamos valorizar, simplesmente porque nem sempre nos lembramos que esses momentos ainda existem. A rotina nos toma o tempo e a atitude de tal jeito que deixamos muita coisa para trás.
Isso me faz lembrar de uma menina que eu até hoje não consegui entender, tamanha a diferença entre cabeças. Certa vez, ao declararmos nosso amor pela arte do cinema, disse a ela que quando saio de um filme muito bom – tão bom que eu entro nele -, ao voltar para o mundo real, não consigo me desprender por completo, e que eu sentia falta de algo que uma vida normal não seria capaz de suprir. Ela, então, me presenteou com uma resposta inesperada. “Não tenha uma vida normal!” Essa frase ficou de tal forma marcada em minha memória, que eu acredito ter sido esse o motivo de nossas vidas terem, por um curtíssimo espaço de tempo, se mirado. Isso e - claro, como poderia me esquecer - a boca mais saborosa que eu já encontrei.

Monday, November 22, 2004

Retrato de uma Sociedade - me digam onde está esse tal de progresso

"I see the strongest and the smartest men who ever lived. I see all this potential.. I see it squandering. God dammed an entire generation pumping gas.. waiting tables. Slaves with white collars. Advertising has its taste in car and clothes.. working jobs we hate so we can buy shit we don´t need. We´re the middle children of history, man. No purpose and place. We have no Great War.. no Great Depression. Our Great War is a spiritual war. Our Great Depression is our lives. Born and raised on television to believe that one day we´ll all be millionaires, movie gods and rock stars.. but we won´t. We are slowly learning that fact. And we´re very, very pissed off."

- Tyler Durden (personagem interpretada por Brad Pitt no filme Clube da Luta)

Sunday, November 21, 2004

Quem é bonzinho aqui?

Estudando sobre a Revolução Americana, achei muito interessante um pedaço em que, além da empolgação pelos acontecimentos – que lembram superproduções cinematográficas -, encontramos uma verdadeira síntese da essência humana. O texto que se segue, escrito por Rodrigo Bueno de Abreu (“todos os direitos reservados por Curso PH Ltda”), tem como pano de fundo os conflitos entre a Inglaterra e suas colônias americanas, uma vez que, entre outros fatores, a arrogância Inglaterra em repassar os enormes gastos da Guerra de Sete Anos (contra a França) para as colônias; por meio de uma série de taxas alfandegárias – também podemos lembrar que a Inglaterra não tinha como costume importunar a vida das colônias, mantendo por muito tempo certo sentimento de indiferença à elas.

Guerra de Independência

No princípio da guerra, os ingleses levaram a melhor porque estavam com tropas profissionais, lutando contra milicianos mal armados e mais preocupados com suas colheitas do que com o desenrolar da guerra de independência. Em pouco tempo as principais cidades americanas caíram nas mãos dos ingleses. A situação se agrava mais ainda, devido ao bloqueio imposto às cidades litorâneas pela marinha de guerra inglesa. No entanto, a partir de 1778, a participação direta da França na luta alterou o desenrolar da guerra. A França colaborou com armas, mantimentos, munições, recursos financeiros e até com um determinado número de soldados, no esforço americano para derrotar sua antiga metrópole. Além da França, outros países acabaram se envolvendo contra a Inglaterra, na medida em que os ingleses apresavam qualquer navio neutro que procurasse entrar na América sem sua permissão. Assim, Holanda, Espanha, Dinamarca e até mesmo a Rússia viram-se envolvidas no conflito (estes diversos países formaram a “Liga da Neutralidade Armada”) e começaram a responder militarmente às violências inglesas nos mares.
Lutando em terras estranhas e combatendo na América, no Mediterrâneo, nas Antilhas e em outras regiões devido à participação de franceses, holandeses e espanhóis no conflito, gradativamente a Inglaterra foi perdendo terreno. Finalmente, em 1781, a Inglaterra foi definitivamente derrotada pelos americanos. Em 1783, pelo Tratado de Paris, a Inglaterra reconhecia a independência de suas antigas colônias, que passaram a ser reconhecidas pelo nome de Estados Unidos da América.

Mais uma vez temos um grande exemplo de que esse negócio de democracia e amizade entre povos se faz por causa do dinheiro – nosso grande câncer. Nada acontece de graça em política, pode esquecer. A ganância por mais está sempre presente. Guerras, acordos entre povos, o sonho destruído que a Igreja Católica tinha de manter a Bíblia em latim e distante da compreensão popular – antes disso ela ainda tentava manter o povo analfabeto, não autorizando sua entrada nas bibliotecas, teoricamente “sagradas”. Tudo isso cheira dinheiro, poder. Um poder fedido, que Jesus nunca aceitaria para si mesmo. Tenha os seus amigos, acredite em ideais e siga a sua fé. Mas não espere que aqueles que encontrar sejam transparentes. As pessoas têm medo. Medo de tudo. E por causa disso usam máscaras.
Isso tudo me leva a um acontecimento recente, a morte do economista Celso Furtado. O Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Lula, decretou luto oficial de três dias e fez a seguinte declaração: “Perco um amigo, mas guardo seus ideais”. Se você é um jornalista bem sucedido internacionalmente e faz uma crítica ao Presidente, você é expulso do país – é, ele está aprendendo com o Bush, candidato americano à reeleição (!) que ele apoiou recentemente -, mas se você é amigo dele, ao morrer você tem o direito de um luto oficial de três dias. Estou pensando seriamente em me tornar amigo do Lula. Quem sabe, um presentinho de Natal?
Nada mais me espanta nessa sociedade que comemora o nascimento do menino Jesus (marcando presença no texto de hoje!) com um feriado mundial que se baseia no lucro, com nozes em pleno verão, um refrigerante delicioso que criou um mito infantil e gordo – concorrente da Igreja, que deve arrancar os próprios cabelos quando ouve uma doce e ingênua criança dizer que Natal é dia de Papai Noel - e animais mortos enfeitando as mesas das classes economicamente mais privilegiadas.

Friday, November 19, 2004

Escrito em 22/10 e retrabalhado em 19/11

Um tiro

Um tiro. Na verdade foi isso o que me ocorreu. Bem no peito. Como um alvo fácil, pronto para ser detonado, eu estava lá e não me movi. Talvez tenha sido bom assim. Após a minha morte eu pude ressurgir, renascer a partir das cinzas que, acreditava eu, seriam o meu fim. Mas, fim? Isso não existe, ou ao menos nisso eu não acredito mais. Acredito em transformação. Da mesma forma que eu antes acreditava no amor – algo totalmente passageiro, mas que dura quando da na telha, e, ao meu ver, merecedor de debates na TV, muito mais que as eleições; desisti de tentar encontrar sinceridade nestes.
Não tento ser cruel ou triste, mas fatalista e sincero. Sim, tudo se baseia em fatalidades por aqui. Não outros mundos – podemos criar outros, não é verdade? – mas este aqui o é. Qualquer coisa que seja da forma que é, podemos dizer: “isso é fato”.
Vejo pessoas tristes à minha volta, não porque eu ando por entre pessoas piores que as outras, mas porque me parece que estão todos enxergando que o mundo se encontra em estado de putrefação. Estaria mesmo, ou isso seria apenas um ponto de vista bastante pessimista? Eu pessoalmente – notem que é uma opinião minha, vocês podem discordar; aliás, como tudo o que eu digo e todos os outros também... – sinto que tudo depende do ponto de vista. E de ocupação, claro. Porque se você olha para uma pessoa que sofreu um acidente grave mas se salvou da morte. Você pode ter duas opiniões completamente diferentes. Você pode pensar que essa pessoa teve uma sorte danada por ter sobrevivido, ou ter apenas pena e se lamentar que essa pessoa agora tem seqüelas. Seqüelas são ruins sim, péssimas. Mas morrer é muito pior. Quero deixar bem claro que não descarto a idéia de vida após a morte como uma evolução, mas podendo deixar para depois eu acho melhor.
Outros têm o costume de me infernizar com freqüentes frases pré-suicídio-encenado, como “eu não me importaria se eu morresse”. Sei, está bem. “Então você vive para nada?!” – gostaria de perguntar a essas pessoas. Que pensamento mais quadrado! Não é possível que se tenha capacidade de criar coisas tristes e ruins e nenhuma capacidade para celebrar a vida... Aqui estamos nós! Olhem para cá! Esqueçam um pouco o teatro e vivam o presente, porque é nele que se está, sempre. Amo o teatro, mas o ideal é que ele mate personagens e não pessoas reais. Ele deve ser usado para preencher a vida com infinitas cores. Para enriquecer. Se algo não te faz feliz, por que não mudar um pouco os seus hábitos, a começar pelo modo como encara cada dia novo que surge? Voltando ao outro parágrafo, amor é a percepção de que alguém, ou alguma coisa, teria uma capacidade em potencial de fazer você se sentir bem – feliz, amado, realizado, etc. O problema é quando se enxerga errado. E é aí que o “amor” machuca...

Tuesday, November 16, 2004

Vozes, gritos, um vazio...

Vozes gritando
Ao redor da minha cabeça
Por todos os lado
De onde viram?

Com as mãos calejadas e
Queimadas pelo fogo
A pele ainda em brasa
Ignoro a dor – ao menos tento

Num esforço sobre-humano
Faço-me crer que não é nada
Que é apenas mais uma etapa
Mas nada muito certo

Encenação teatral
Enganando a mim mesmo
Uma personagem
Mais uma máscara

Envolto em uma energia negativa, que mais parece buscar forças do além,
procuro, mas não encontro.
Estaria louco?
Ou este é mais um daqueles sonhos, refletindo os nossos medos da forma
mais fantasiosa possível?

Eu é que não sou bobo
Aqui eu não fico
Tem alguém aí?...

Tem alguém aí?...

Tem alguém aí?...

Reflexos
Ecos
Solidão
Medo e tristeza

De certa forma, algumas vezes me parece que o vazio pode fazer bem
Você ali, sozinho com você mesmo...


...até que surge o seu maior pesadelo...

Sunday, November 14, 2004

Escravos contemporâneos

Outro dia, em uma conversa entre amigos, disseram que seria melhor estar morto a ser escravo. Seria? Bom, eu, ao menos, discordei. Em um primeiro momento – tive que justificar o meu ponto de vista, claro – abordei o seguinte fato: quem está morto não faz sexo. Não que a vida, diferente do que pensam alguns, se resuma a isso. Mas quem está morto não pode usufruir de nada que esta vida ainda pode vir a oferecer. O sexo, o amor, a brisa fresca em um dia abafado – uma boa chuva! -, o caldo de feijão da tia Joana, o Blues, a capoeira – olha os escravos aí - ... pode esquecer, você morreu. Toda a cultura criada pelos escravos só se tornou possível porque eles resistiram. Imagina se eles fossem suicidas! Eles acreditaram – haja fibra, esses homens merecem o nosso respeito -, lutaram, se rebelaram. Eles enxergavam que havia muito mais e que tudo era possível – ainda é. Poucos se libertaram, é verdade, mas foi preciso que se acreditasse.
O que me parece interessante é que se fala muito da escravidão dos escravos óbvios, mas pouco se discute a escravidão global que move o mundo contemporâneo. Você se acha livre? Mesmo? Pense bem... me desculpe, mas, seja você quem for, te digo que livre você não é. Dinheiro, cultura, padrões, medo de preconceito, a educação do atual sistema de – que forma cópias dos que não foram cópias – e outros infinitos e incontáveis fatores, conduzem a nossa vida dentro de um sistema de completa escravidão.
Eu sei que isso vai te desapontar, mas vou acabar este texto sem concluí-lo. Não quero me tornar escravo dele – embora prefira isso a não poder escrever.

Friday, November 12, 2004

O Palhaço

Triste, ele sorri para afastar
A dor
Enquanto distrai o amor
Que lhe presenteia com freqüentes
Facadas
Insensíveis e sem cor

No rosto maquiado desce
A lágrima
Este rosto desmanchado
Cansado por tanta lástima

As bolas coloridas são seus artifícios
Que a ilusão de outra realidade faz surgir
Quando do sonho estão presentes resquícios
E a consciência teima em não dormir

O palhaço vem para alegrar
Aquele que pode ouvir
O silêncio que aos prantos
Ninguém mais quer ouvir

Wednesday, November 10, 2004

Mas que angústia, esse amor

Projeto nela a ilusão do
Amor perfeito
Um dia após o outro
Infinitos e rarefeitos

Mas só encontro
Medo
Incerteza
Insegurança – um desencontro

Minhas batidas, agora
Com uma pulsação rítmica disforme,
Dominam a rotina
Que se fora
Deixando a aventura

Novamente o medo
- o mais podre dos sentimentos –
Controla meus atos e
Decide o meu futuro

Tão pequeno isso!
Um pouco de ar...

Minha querida,
Como seria fácil sem você!
Seria mais simples
Mais medíocre
Monótono

Os dias sempre iguais
O mundo tão vazio
E eu a te sonhar

Dois poemas da noite

Escrevi estes dois poemas ao som de "Blue Valentine", do Tom Waits.

Reluzente, uma sombra de vida

Uma fumaça
Um cigarro
Uma música na vitrola toca no ritmo do meu silêncio

A falta que ela me faz
É como a consciência de que
Nunca a tive
Presente; mas ainda ei de tê-la!

Não se lembra mais daqueles momentos que ainda não tivemos?

Mais um cigarro deixa suas cinzas
E sufoca o ar com charme e textura
Não são meus
Como também não são meus os teus olhos, lindos à brilhar mais fortes a cada dia que te vejo

A sua pele
Sinto junto à minha
Como aquela leve brisa, que toca sem que possa agarrada

Lanço minha mão contra você, mas não chego a lugar algum
Parece que a distância é sempre maior
Perto apenas na aparência

À primeira vista parecemos feitos para amar
Mas o amor traz o sofrer
E eu sofro por ter você tão perto
Tão perto que eu tenho medo de esbarrar, tropeçar, e
Como uma bomba fantasma destruir toda a harmonia
Que você me dá ao fazer parte do meu dia

No meio do meu caminho você entrou
E eu me recuso a desviar

Quando as águas turvas
E o dia mais parece noite
Seus olhos emitem uma luz
Que eu enxergo, mas não sei ao certo onde está



Espairecendo – nada de lágrimas vagabundas

Os restos
O lixo
Todo o mofo
Levam o amor contido em cartas baratas
Cartas que simbolizam o eterno desprezo pelo futuro

Rasgados
Os reflexos do passado vêm a tona
Para perturbar
E para isso, somente

Ou talvez não
Eles querem falar
Pois que falem sozinhos, não quero mais ouvir

Quero paz
Silêncio, vazio
Nadar no ar que me leva como a água
Corrente, forte

Nada de limites, apenas quero ser levado
Perder o controle da situação

Medo
Serve como uma porta, fechada
Uma tranca que distancia toda a realidade
Boa e má
Quando na verdade
Não existe nem lá, nem cá

Monday, November 08, 2004

Garganta

Nada pode
Ser
Mais desprezível
Que a dor

Uma faca em meu
Pescoço
Cerceia minhas
Capacidades

Sua ponta
Faz-me estremecer
Ao senti-la
Perene

Sem saída
Apenas esperanças
Sem alternativa
Sem solução

Sunday, November 07, 2004

"1492 - A descoberta do paraíso"; de Ridley Scott

"A vida tem mais imaginação do que sonhamos..."

- Cristóvão Colombo

Pearl Jam, do CD "Riot Act"

Bushleaguer (Eddie Vedder / Stone Gossard)

How does he do it? How do they do it? Uncanny and immutable.
This is such a happening tailpipe of a party.
Like suger, the guests are so refined, (look like melting m&ms)

A confidence man, but why so beleaguered?
Hes not a leader, hes a Texas leaguer.
Swinging for the fence. Got lucky with a strike.
Drilling for fear. Makes the job simple.
Born on third. Thinks he got a triple.

Blackout weaves its way through the cities.
Blackout weaves its way through the cities.
Blackout weaves its way…

I remember when you sang
that song about today.
Now its tomorrow and
everything has changed.

A think tank of aloof multiplication.
A nicotine wish and a Columbus decanter.
Retrenchment and hoggishness.
The aristocrat choir sings,
“What´s the ruckus?”
The haves have not a clue.
The immenseness of suffering,
and the odd negotiation, a rarity.
With onionskin plausibility of life, ….
and a keyboard reaffirmation.

Blackout weaves its way through the cities.
Blackout weaves its way through the cities.
Blackout weaves its way…

I remember when you sang
that song about today.
Now its tomorrow and
everything has changed.

Saturday, November 06, 2004

Implicante, reflexivo e até.. engraçado

"Tenho uma opinião sobre tudo. Ao longo dos anos, notei que minhas melhores opiniões são aquelas em que desconheço completamente o assunto. Já me flagrei dando quatro ou cinco opiniões contraditórias sobre o mesmo tema. O que importa num profissional da opinião, como eu, não é o grau de fidelidade a uma idéia, mas a capacidade de defender duas coisas opostas ao mesmo tempo. E nisso eu sou um mestre. Houve um tempo em que eu não era desse jeito. Tinha poucas opiniões sobre poucos assuntos. Eram opiniões firmes, categóricas, que não admitiam réplicas. Podia-se notar em mim um certo fanatismo. Depois comecei a ganhar dinheiro com minhas opiniões. E o que era convicção, virou trabalho. Tornei-me uma pessoa melhor. Mais elástica. Mais livre. Menos pedante. Menos assertiva. Hoje em dia, só dou opinião sobre algo mediante pagamento antecipado. Quando me mandam um e-mail, não respondo, porque me recuso a escrever de graça. Quando minha mulher pede uma opinião sobre uma roupa, fico quieto, à espera de uma moedinha. O brasileiro tem opiniões demais. Joga opiniões fora como se não valessem nada. Como se houvesse um estoque infinito de opiniões. A oferta abundante deprecia o mercado. Piora a qualidade do produto. Vivemos num país em que qualquer idiota se sente no direito de disparar suas bobagens, porque ninguém vai se dar ao trabalho de ouvi-las. Eu, por causa do meu trabalho, aprendi a dar um justo valor às minhas bobagens. Elas sempre vêm acompanhadas pelo preço. Elas têm etiqueta e código de barras. Querendo uma, é só tirar da prateleira, botar no carrinho e passar pelo caixa."


- Diogo Mainardi

Friday, November 05, 2004

Ser poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de infinito!
Por elmo, as manhãs de ouro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda gente!


- Florbela Espanca



Debate com Hugo Chavez na UFRJ

12:40
Sai da Puc-Rio um ônibus em direção à Praia Vermelha. O ônibus foi pago pela UNI, já que a reitoria da Puc não se sensibilizou quando os organizadores do evento pediram apoio.

14:05
Ao chegarmos, havia um grande número de estudantes em frente à porta principal. Diversos seguranças vieram avisar que não seria possível a entrada na sala do debate; eles tentaram nos agradar dizendo que havia um telão do lado de fora para que pudéssemos assistir em tempo real.
Acontecimentos surreais:
- uma equipe de uns 10 oficiais, com coletes e armas pesadas nas mãos, tentaram intimidar os estudantes;
- como se não bastasse, os a massa estudantil de revoltou contra a UNI, que na verdade era a única instituição a defender o direitos deles, produzindo uma baderna desnecessária.

14:51
Depois de muito esforço e muito blefe - estudantes e seguranças, respectivamente - alguns de nós conseguiram entrar na sala onde ocorreria o debate.

17:08
Cansado de esperar - enquanto éramos tratados com descaso e como ignorantes, pelo chefe da segurança venezuelano -, resolvi que estava na minha hora de ir embora. Seria bom assistir ao debate, mas melhor ado que isso seria se a equipe "responsável" pelo evento fosse composta por profissionais.

ps: o evento estava marcado para as 14h

ps2: enquanto esperávamos, Hugo almoçava com o presidente Lula, um almoço cinco estrelas, pago por todos nós. E com a maior calma do mundo.

ps3: os seguranças levaram 3 horas para liberar os banheiros e a água - não havia nem mesmo água nos bebedouros!

ps4: uma mulher passou mal e ninguém da produção do evento se preocupou em ajudá-la - nós é que lhe demos atenção -, e também não havia nenhum médico responsável no local.

ps5: Não gostei de ver posters com a imagem de Hugo Chavez - em um ele abraça uma criança e, em outro, ele beija as mãos do povo, literalmente - sendo distribuídos como presentes. Isso não tem cheiro de honestidade - estou criticando o fato de terem feito posters que parecem "forçar uma barra", nada contra a política de governo.

ps6: Algum estudante impulsivo quebrou uma das janelas do prédio onde tudo acontecia - na verdade não aconteceu muita coisa...

Thursday, November 04, 2004

Outra canção

Outra canção para tudo
para um novo rumo
para além das guerras,
de onde o precipício assusta

Uma canção para abrir os olhos e o
pensamento
Uma canção capaz de fazer chorar,
para depois sorrir

Uma melodia com força suficiente para
quebrar tudo
que será reconstruído depois,
com certeza
Uma reciclagem

Um movimento
uma ação
um ataque diretamente no ponto certo
exato
que matará tudo que há de podre

Onde está essa canção?

Com certeza está por perto
não será fácil, não
mas ela ainda está por vir

Wednesday, November 03, 2004

Uma canção

Se eu pudesse esquecer
aquilo que perdi
os sonhos que um dia tive
as paixões que até hoje sofri
não o faria

Não gostaria de esquecer
o anseio por um mundo melhor
o sorriso inocente de uma criança
a boa vontade dos que me deram a mão

As traições sentidas
os tombos levados
e os nãos pela vida
Os absorvi, e com eles cresci
Não quero esquecê-los

Não quero a fantasia de um
mundo perfeito
De um conto de fadas
com uma bruxa imoral,
sem sentimentos - no caso apenas ignorados

Quero um mundo de verdade
Quero este mundo
Quero esta vida
Imperfeita como ela é,
me esperando que eu a pegue no colo
e cante uma canção de ninar.

Sunday, October 31, 2004

Retorno ao desconhecido

Em meu caminho
uma luz
sozinha na escuridão

Forte e reluzente
graciosa e auto-suficiente (?)

A luz me chama
e à ela eu sigo
enquanto ela me deslumbra
despertando um mundo escondido

Trilhando por entre
caminhos desconhecidos
reconheço um lar, que
em sonhos visitado
e de onde não queria ter saído

Saturday, October 30, 2004

Brecht no ar

Há homens que lutam um dia, e são bons;
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida
Estes são os imprescindíveis

------------------------------------------------------------

Do rio que tudo arrasta se
diz que é violento
Mas ninguém diz violentas as
margens que o comprimem

- Bertolt Brecht

Friday, October 29, 2004

Ilustre amor desconhecido

Sentando-se no chão de um pátio público, solta sua bolsa ao lado esquerdo enquanto se encosta em uma pilastra. Arqueólogo do pensamento e da história humana – ou apenas um curioso – apanha um livro, que abre com prazer. Provavelmente o movimento constante dos pedestres lhe tomará um pouco a atenção, mas ele gosta disso. Penetrando no mundo da leitura, agora totalmente entretido, encontra a satisfação que por tanto buscava. Não posso dizer ao certo o que estava lendo mas, pela expressão em sua face, poderia afirmar que viajara por terras distantes, bem diferentes do lugar onde se dispusera a ler.
Como de costume em todas as suas leituras ao ar livre, por um momento sua atenção se desloca do mundo paralelo (?) contido nas velhas páginas de seu livro e se volta ao movimento das almas passantes. Põe-se, então, a imaginar o que aquelas pessoas estariam pensando. Mas, subitamente, todos aqueles indivíduos perdem a importância – na verdade, não tinham muita importância mesmo – quando surge uma mulher merecedora de seus olhares. Charmosa e elegante, e com um braço envolto em gesso, ela carrega sua bolsa no ombro direito. Agachando-se ao aparar as costas em uma pilastra frente à dele – nosso protagonista – parece brilhar, irradiando sua beleza incomum, enquanto pega dentro de sua bolsa um livro.
Ele agora tenta continuar sua leitura, mas é inútil. Desiste. Neste momento seus pensamentos se voltam todos para aquela figura que não deve ter percebido sua presença. Ele passa a utilizar de seu livro como um escudo, para poder se deleitar admirando cada traço daquela que mais parecia uma fada, tamanha a perfeição do seu mistério.
Ela vira os olhos, fitando-o, e depois redireciona o seu olhar para outro alvo aleatório – parece também gostar do movimento dos estranhos. Teria ela olhado propositadamente? Ou seria apenas por olhar mesmo, assim como ele fazia com todos os outros? Bastante irrequieto e tenso, se sente tomado pelo impulso de lhe dirigir alguma palavra. Talvez perguntar o que estaria lendo ou, mais corajosamente, oferecer-lhe um café. “Afinal, o que estaria lendo essa criatura que surge em meu horizonte e me toma toda a atenção?” – continua a se indagar.
De certo, nunca saberá. Pois quando, após ponderar por longos minutos se deveria ou não lhe falar, aquela misteriosa donzela recebe uma visita, que a pega pela mão e lhe tira de lá.

Tuesday, October 26, 2004

E com a palavra.. nosso amigo Fernando


Ao longe, ao luar

Ao longe, ao luar,
No rio uma vela,
Serena a passar,
Que é que me revela?

Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho.

Que angústia me enlaça?
Que amor não se explica?
É a vela que passa
Na noite que fica.


Depois da feira

Vão vagos pela estrada,
Cantando sem razão
A última esperança dada
A última ilusão.
Não significam nada.
Mimos e bobos são.

Vão juntos e diversos
Sob um luar de ver,
Em que sonhos imersos
Nem saberão dizer,
E cantam aqueles versos
Que lembram sem querer.

Pagens de um morto mito,
Tão líricos!, tão sós!,
Não têm na voz um grito,
Mal têm a própria voz;
E ignora-os o infinito
Que nos ignora a nós.


Qualquer música...

Qualquer música, ah, qualquer,
Logo que me tire da alma
Esta incerteza que quer
Qualquer impossível calma!

Qualquer música - guitarra,
Viola, harmônio, realejo...
Um canto que se desgarra...
Um sonho em que nada vejo...

Qualquer coisa que não vida!
Jota, fado, a confusão
Da última dança vivida...
Que eu não sinta o coração!

- Fernando Pessoa

Monday, October 25, 2004

Sócrates bateria palmas

"Posso não concordar com o que diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizer."

- Voltaire

Sunday, October 24, 2004

Três potências

Existem coisas que são realmente incomparáveis. Como por exemplo a música de Antonio Vivaldi – destaque para os Concertos Grossos. Ou de Beethoven – preferência particular pelas sonatas para piano -, ou até mesmo uma obra de Jackson Pollock – incrível potência, capaz de pintar sem se preocupar com padrões, criando um novo conceito, uma nova técnica. Esses mestres tiveram a capacidade de deixar um rastro que nem mesmo o tempo parece ser capaz de apagar. Suas obras se perpetuam pelo eterno espaço do nosso universo.
Fico imaginando suas vidas. Como gostaria de estar lá, no mundo deles. Vendo-os fazer tudo aquilo que eles nos deixaram. Muito melhor do que assistir quatorze babacas, vinte e quatro horas por dia , se aturando em busca de um holofote e uma bolada na conta bancária. Não sei não, mas eu acho que ao fim de uns poucos dias já estaria famoso por xingar todos lá dentro.
Bom, já estou faz mais de dez minutos tentando continuar este texto, mas parece que não sai nada. E quem seria eu para continuá-lo? Pretensioso começar falando de três potências como essas e achar que depois eu ainda teria algo para adicionar. Quisera eu poder mostrar a vocês minhas obras prediletas, musicais ou não. Só que isso não é possível, me restando apenas a possibilidade de citar nomes, que muitas vezes vocês não conhecerão – da mesma forma que eu conheço uma pequena parte do que já foi feito. Sendo assim, prefiro não citar nenhum. Isso mesmo. Eu deveria mais é ficar calado – na verdade não mexo nada além das mãos, mas...A esse momento alguns devem estar com raiva de mim. “Pô, esse cara começa e não termina o assunto!”. É isso mesmo. Ridículo, não?

Frescor

O frescor
Da brisa incessante
Faz balançar
As folhas das árvores

O sol, extremamente forte
Aquece e ativa
Causando impacto

Carros passam
E eu os observando

Na verdade
Não me são relevantes - não me importo
Apenas olho
Por olhar mesmo

Como olho os transeuntes
Cada um com a sua vida
Com o seu rumo

E me deparo com a vista mais bela de todas
O infinito do mar

Friday, October 22, 2004

Ruas movediças

Invisível
Caminho por entre
Ruas mortas-vivas
Sonâmbulas

Frenéticos, soldados de chumbo
Seguem seu trajeto
Constante
Pré-estabelecido

Seus olhos vazios e
Sua respiração regrada
Permanecem inalterados quando
Em seu caminho me ponho

Um mero obstáculo
Tão importante e intenso
Quanto suas vidas
Inúteis

Terão eles sentimentos
Desejos, ambições?
Ou apenas existem
Por falta de opção?

Rios vermelhos encobertos por
Tapetes de ouro verdes
Sua realidade
Seu maior temor

Esse ar envenenado
Disfarçado de beleza
Consome o tempo
Em todo o horizonte

Dispondo de raízes nervosas
E paredes que sussurram
O vácuo se alimenta da semente
Que luta para se libertar

Wednesday, October 20, 2004

Sobre a arte expontânea

"A arte primitiva é mistério que vive na alma e brota com a emoção."

- Pablo Picasso

Pinturas

Pinturas
O que elas dizem?
O que elas querem de mim?

Será que tentam se comunicar
Transmitir uma tensão infinita
Imortalizada pelas cores?

Ou apenas se divertir
Com seus joguinhos baratos
Enquanto eu tento encontrar uma resposta?

Pareço estar falando besteira
Mas na verdade
Não estou, não senhora

Pinturas
O que elas dizem?
O que elas querem me falar?

Talvez queiram me contar suas frustrações
Seus medos, para que assim
Eu possa me sentir normal

Normal como todo mundo
Como o meu vizinho perfeito
Como o astro de TV

Talvez queiram me dizer que tudo pelo que eu passo
Elas já passaram também
E o mundo não parou por isso

Pinturas
O que elas dizem?
Para onde querem me levar?

Para tempos remotos
Presentes no passado
Ou na mente de um sonhador?

Para contos de tristeza e guerra
Ou para histórias
De amor?

De certo eu não sei
E nem muito menos posso afirmar
Sendo eu, apenas um tolo a indagar

Pinturas
O que elas dizem?
O que elas querem de mim?

Monday, October 18, 2004

Enquanto isso, na Austrália...

Daniel Johns não se cansa de se superar. O vocalista, guitarrista e compositor do silverchair recebeu poucos dias atrás 6 ARIA´s - prêmio mais importante da música australiana - incluindo o de Artista do Ano e o de Melhor Grupo, pelo seu mais recente trabalho, a banda The Dissociatives. Seu novo projeto - em parceria com o conceituado DJ australiano Paul Mac - segue uma linha completamente diferente da música feita pelo silverchair, puxando o som para um lado mais Pop/alternativo.
Matéria de capa da revista Rolling Stone de abril, o The Dissociatives tem feito um trabalho de bom nível, mostrando que a música pop pode ser, e deve, ser feita com qualidade. mas qualidade é um característica que anda sempre com Daniel, que antes desse projeto ganhou o ARIA de Melhor Grupo - com o silverchair - por 5 anos consecutivos, sendo que o seu último álbum - o expetacular Diorama - também recebeu o prêmio de Melhor Álbum do Ano.
No site estão disponíveis clipes e matérias oficiais sobre as notícias mais recentes da banda.

www.thedissociatives.com

Sunday, October 17, 2004

Criar para transcender

Criar. Entender e depois criar. Criar para transformar. Eis aqui o que me parece ser o que há de mais importante. Não estou aqui discutindo o valor das relações humanas ou qualquer outra coisa – na verdade até estou, mas sem menosprezo. Mas me parece que, após tudo o que pode acontecer em uma vida, ou na vida de uma comunidade, o que fica e faz diferença – teve importância – é o conhecimento gerado ou, mais precisamente, o que foi criado por alguém.
Pense em tudo o que realmente lhe parece ter valor. Dentre essas, as coisas de maior relevância exigiram bastante dedicação; foi preciso dar o próprio sangue para que se concretizassem. Embora exista um esquema “invisível” que pede, e até mesmo força, as pessoas a seguirem um caminho já traçado pelas grandes corporações – baseado na demanda por mão de obra especializada; eu sei, é triste – alguns de nós, não contentes com um futuro completamente previsível – “nascem, crescem, reproduzem-se e morrem”, da aula de ciências no primário... – buscam a libertação. Só que essa libertação, essa fuga, que na verdade nem deveria ser chamada de fuga já que é uma busca pela verdade, o contato mais profundo com o seu EU, é como uma estrada demasiadamente esburacada. Com direito a desníveis e curvas fechadas e perigosas.
Vi uma entrevista com um grande estudioso, Waldez Ludwig, onde ele defende que se um indivíduo adora fazer pão ele deveria se tornar padeiro. Não um padeiro qualquer, mas um padeiro de alto nível, estudioso, sempre pensando em ser o melhor no que faz. Em um primeiro momento a minha reação foi de descrença total na viabilidade de tal ato. Mas, após certa reflexão, passei a concordar com ele. É por aí que deveríamos estar todos seguindo! Qual de nós está certo do que vai acontecer nos próximos 30 anos? Quem pode afirmar que não terá problemas financeiros, mesmo tendo escolhido uma profissão que o mercado diz que vai estar em alta por bastante tempo?
A coisa é muito mais séria do que parece para muitos. Vejo pessoas obstinadas pelo sucesso profissional enquanto se esquecem totalmente do que querem da vida. Me desculpem, mas eu não posso acreditar que a felicidade se baseie em juntar dinheiro, comprar bens, carro do ano, TV de última geração, casa imensa e viagens caríssimas – amo viajar, não me entendam mal. Qual é a graça de passar por aqui apenas para comprar, comprar e comprar? Ah, é mais seguro.. sei... Meus caros! Nada é seguro! Acordem!

O que seria mais valioso que um momento de total abstração da realidade – mas diretamente influenciada por ela – onde se transcendem a arte e a razão de existir?
(Se você não gosta de arte, pense no que você gostaria de fazer então; pode ser algo bem diferente e ao mesmo tempo grandioso...)

O que você quer da vida? Ela já está indo embora.. aos poucos...

Beethoven encontra Mozart

Casa onde Beethoven nasceu, em Bonn




In 1787, Beethoven (1770-1827) went to Vienna.
It was here that Beethoven met the great Mozart (1756-1791), who was dapper and sophisticated. He received the boy doubtfully, but once Beethoven started playing the piano his talent was evident. "Watch this lad," Mozart reported. "Some day he will force the world to talk about him."
The death of Beethoven's mother in the summer of 1787 brought him back to Bonn.

Friday, October 15, 2004

Tarado

Tarado
Por natureza

Pela arte
Pela vida
Pelo sexo

Fascinado pela
Possibilidade

Rumos
À escolher
Caminhos à seguir

Tarado pela
Beleza

Inebriado
Pelo mundo
Que me cerca

Tarado, fascinado
Minha fraqueza

- meu (como todos os outros sem indicação de autor neste blog)

Thursday, October 14, 2004

Ok

Bom, aqui se encerra mais uma etapa em minha vida. Estou pronto para uma nova viagem pelas experiências que podem, no fim das contas, adicionar pontos positivos à minha passagem por este mundo. Nada de tristeza, nada de lamentação. Na verdade eu sei que vez por outra elas sempre nos fazem uma visita, mas agora eu quero é celebrar. Celebrar este blog, celebrar que estou vivo, celebrar tudo que eu tenho de bom em minha vida e fiquei um certo tempo sem perceber - havia me esquecido.
Foda-se o Bush, foda-se o Garotinho, foda-se o amor não correspondido. Foda-se tudo aquilo que não me levanta. Quero alcançar os céus - sim, agora consigo enxergar mais de um! Sentir o frescor das novidades, da realização pessoal. Na verdade esta é frequentemente confundida por nós, seres fracos e mortais por definição, com a realização amorosa - quando na verdade são dois vetores completamente distintos.
Pode até ser que eu esteja tentando me enganar, mas da mesma forma eu acredito que o amor é algo que pode se tranformar. O amor "Romeu & Julieta" pode muito bem se tornar um dia um amor amigo, abrindo aí a possibilidade de um relacionamento muito mais perfeito que o anterior, se baseando agora em sinceridade, em amizade. E nada é mais sincero que uma amizade onde ambas as partes carregam um passado de boas lembranças e confiança, uma pela outra.

Lá no fundo

Oscilando entre momentos de felicidade e de tristeza, parece difícil saber ao certo qual dos sentimentos é mais presente. Por dentro uma força sinistra suga tudo que eu tenho de bom, não deixando espaço para esperanças. Por fora a necessidade de mostrar a mim mesmo, através da percepção dos outros, que estou bem. Ser ou não ser já não é mais a questão - aliás, isso já foi discutido por muito tempo com a minha consciência e não quero ter que ficar me justificando pelas minhas escolhas até o fim dos meus dias! O problema é quando você, se conhecendo bastante, enxerga que está em uma vala escura e não faz a menor idéia de como sair de lá. E sente frio, muito frio. A intensidade dessa dor às vezes é tanta que parece que tudo acabou, que nada mais existe; fazendo-me acreditar que era tudo apenas mais uma noite mal dormida.. até olhar o meu reflexo no espelho e não gostar do que vejo. Uma figura decaída em um estado de avançada putrefação emocional. Não sei se deveria ter medo ou procurar entender...

Wednesday, October 13, 2004

Palhaço do Buca

"Melancolia - o palhaço triste"

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Meu irmão mais novo - Bruno Costa - fez este desenho. Muito foda...

Poema para Julia

Um beijo, pra você ficar mais calma
Uma careta, pra você sorrir
Uma pizza, pra você se deliciar
Uma música, pra te confortar
Um aniversário, pra se recordar das coisas boas que aconteceram em sua vida
Uma flor, pra você lembrar que é bonita
Um filme, pra você pensar
Uma foto, pra você guardar
Uma idéia, pra você agitar
Um café, pra não deixar a vida passar

E quanto ao guarda-chuva, deste você não precisa
Uma gripe às vezes faz bem

Queda

Olha para o alto
Contempla o seu objetivo
Faz de tudo para chegar lá
Tem receio, mas isso não o impede
Sabe que o prêmio vale a tentativa
Aliás, enxerga grande possibilidade de vitória
Aquece as mãos com o atrito de uma na outra
Respira fundo
Reflete
Lembra de tudo que lhe aconteceu e toma sua decisão
Fecha os olhos
Respira fundo
Não consegue e pensa em desistir
Mas uma voz - sua consciência - lhe diz para ser forte
Respira fundo
Fecha os olhos
Respira novamente - sabe que o momento vai decidir o seu futuro
Corre
Como nunca correu na vida
E salta, na tentativa de alçar vôo





E cai

Um pensamento

"Death is a continuation of my life without me..."

- Sartre ( from "The Condemned of Altona")

Divagando...

Retornando de uma viagem pelos teatros da Europa medieval, sento-me em frente ao móvel mais disputado atualmente pela nossa sociedade - a mesa do computador. Me deleito ao som de alguns prelúdios de Bach, enquanto minha imaginação errante se prontifica a vagar por teatros ingleses. Vejo cidades inteiras se mobilizando em favor de um grande evento: a encenação de diversas peças, cada uma em um canto da cidade - qualquer uma, isso não importa agora. Estamos no meio de um feriado - Corpus Cristi. Todos estão "de folga"; na verdade, com a exceção de bares e hotéis. Muito antes de Elizabeth, muito antes de Shakespeare. Aqui o teatro acaba de sair das mãos da Igreja - que o abandonou, aceitando apenas peças de motivação religiosa.
Antes - sob o domínio da Igreja - tínhamos padeiros que, acostumados com os fornos, representam o Juízo Final.. barqueiros que representam o dilúvio...
Agora as guildas são as responsáveis. Nada mais de falar apenas sobre a Bíblia. Passamos a ter diversas peças diferentes; cada uma representada por uma guilda. É um movimento que atinge todos - algumas vezes os ciclos duram um mês inteiro para se completarem; e ninguém volta ao trabalho enquanto não assistir a todas!
Ficamos estarrecidos ao ver tragédias acontecendo bem perto de nós, quando bem defendidas pelos grandes atores que tomam para si a magia do teatro e fazem dele sua vida. Suas interpretações emocionam e dão um sentido maior aos dias que não mais - ao menos por um breve instante - passam em branco. Aquelas pessoas, que não tem nada de muito diferente do trabalho de cada dia, da rotina, da desilusão frente a necessidade de uma obediência cega, encontram a possibilidade de um mundo novo. Um mundo inspirado na vida arbitrariamente imposta a todos eles, mas adicionado de um pouco de imaginação e beleza - maquiagem (?).

Tuesday, October 12, 2004

Como se ele fosse ler

Caro Jabor, te admiro muito. Acabei de ler o seu texto no jornal e senti um pouco de arrependimento - o mesmo que sempre sinto ao fazer mal a outro ser que não me tenha feito nada; ao menos para merecer. Minha impulsividade destrutiva volta e meia toma conta das minhas atitudes e me assusta. Me assuta porque sou eu - e só eu sei as coisas das quais seria capaz; ninguém neste mundo teve a experiência de sabê-lo, até hoje.
De onde será que viria tanta raiva, tanta indignação? Na verdade a resposta é bem simples: deste mundo. Nada faz sentido. Vejo crianças felizes, correndo, brincando.. elas nem sonham - pesadelos - com o mundo real. Com o mundo que as cerca. E quando acordam no meio da noite, chorando por causa do Bicho-Papão, seus pais dizem que na verdade ele não existe. Coitadas! Já estão sendo enganadas - seria isso bom? O protagonista de seus temores é na verdade a visualização do que foi absorvido, inconscientemente, do nosso mundo. Nosso único lugar, de onde não temos como sair. Tentamos, mas nunca conseguimos. Nos isolamos em nossas casas - nosso refúgio - conectados à todos - e na verdade a ninguém - esperando respostas que não podem ser dadas. Optamos por nos organizar em grupos onde todos compartilham dos mesmo interesses - o maior deles a carência, a necessidade de um contato humano com quem não nos cause medo. Tudo isso para que?
Sabemos - no fundo você também sabe - que vamos todos morrer. E morreremos sozinhos. Em nosso último suspiro relembraremos de muitos momentos especiais. Tudo o que fizemos e deixamos de fazer. Nos arrependeremos de não termos sido corajosos o suficiente para encarar várias das situações em que a única coisa que faltava era a compreensão de que a única coisa que importa nessa vida é a realização. Dos nossos desejos, dos nossos sonhos.. a realização do agora. O agora é muito importante - pense nisso! Quanto de tudo que há no mundo - lá vem ele novamente... - está sendo jogado fora enquanto ficamos parados, esperando que se aconteça um milagre - não existem, isso é algo que está dentro de nós!
Precisamos reclamar, discutir, conversar, brigar, nos entender, nos amar, nos relacionar, fazer amor, escrever, cantar, gritar, correr, subir bem alto e.. pular. Isso mesmo, pular. Sem medo. Ao menos é o que devíamos fazer...

Poesia

Subitamente me encontro invadindo um
Mundo novo
Totalmente desconhecido
Por mim - leigo

Adentrando neste labirinto de formas
Únicas e variadas
Me perco e
Já não posso, ou não quero, mais voltar

Encantado com sua
Grandiosidade
Embriagado
Hipnotizado

A expectativa,
Revitalizante
O caminho, duro
O tempo, curto

Sei que ela não me espera
Mas me causa euforia
Por sentir
Que se apossou de mim


A fonte de sangue

Tenho a impressão de que meu sangue em onda escorre,
Rítmico soluçar de nascente que morre.
Ouço-o bem que escorre em murmúrio de vaga,
Mas eu tateio em vão à procura da chaga.

Através da cidade, e pelas estacadas,
Faz as ilhas nascer por todas as calçadas,
Desalterando a sede a cada criatura
O seu fluxo que sempre o universo purpura.

Muitas vezes pedi a vinhos de prazer
Adormecerem só um dia o horror que mina;
O vinho aguça o olhar e torna a audição fina!

Eu procurei, no amor, um sono de esquecer;
E é-me somente o amor um colchão de punhais
Em que eu dou de beber às amadas fatais!

- Charles Baudelaire (texto extraído do livro As Flores do Mal)


Monday, October 11, 2004

A Chuva e eu

Chove
Que bom

Na verdade ainda
Não chove
Mas falta pouco

Falta para me banhar
Na tranqüilidade que
Minha alma tanto
Deseja

Nada melhor que
Um livro

O Príncipe
Ou filme
A Professora de Piano

A noção da infinidade
De opções, do agora
Me permite digressões
Uma visão um tanto quanto pictórica

Um descanso
Um momento só para mim

Sunday, October 10, 2004

Debate sobre drogas na UFRJ

"Trinta quilos. Caídos do 14º andar bem em cima da cabeça do infeliz."

- Deputado Federal Fernando Gabeira, respondendo a uma aluno qual seria a quantidade de maconha necessária para matar um usuário.


Não deixe de escutar

The Mars Volta ( CD "de-loused in the comatorium")

Projeto atual do guitarrista e do vocalista do "At the Drive-in". Os baixos do CD foram gravados por Flea, Chili Peppers, e em uma das músicas temos a participação de Frusciante, também do Peppers.

Saturday, October 09, 2004

Faz sentido?

Pra que essa fúria
Que te desconcerta por inteira
Que te enche a cabeça

Que transforma alegria em raiva
Que torna seu dia estressante
E faz dos outros teus inimigos

Que te afasta do teu caminho
Te levando a lugares dos quais
Nunca gostará de lembrar

Se na verdade
Em seus mais sinceros e profundos desejos
Anseia por um pouco de paz?

Oscar Wilde

"We are all in the gutter, but some of us are looking at the stars!!!"

PJ Harvey? Só no Emule...

E mais uma vez o Rio ficou de fora. O Tim Festival, que este ano traz nomes de absurda importância na música, deixa muitos fãs desesperados por não poderem fazer parte disso tudo.
Em parte pelo fato de que nem todos podem ir para São Paulo - cada um com a sua desculpa; eu tenho a minha, $. Outro problema seria encontrar ingressos. Alguém acredita que o show do Brian Wilson teve seus ingressos esgotados na primeira manhã de vendas?! E o Mars Volta, que nem foi anunciado? Como é que os fãs da banda podem correr para comprar ingressos de um show que eles nem sabem que vai ocorrer? Sorte daqueles que vão ao show do Libertines - que divide o palco com o Mars. Agora, meus amigos, o negócio é rezar para que pelo menos o Radiohead - que manifestou preferir tocar no Rio; detalhe, eles se recusam a tocar em São Paulo, não é apenas preferência - tenha a dignidade de nos fazer uma visita no ano que vem...

Calma, não estou dizendo que o show do Primal Scream, no Rio, deve ser menosprezado - muito pelo contrário. Corram para comprar os seus ingressos!

Uma música

"Meu amor
O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz, o que você faria?
Ia manter sua agenda
De almoço, hora, apatia?
Ou esperar os seus amigos
Na sua sala vazia?
Corria prum shopping center
Ou para uma academia?
Pra se esquecer que não dá tempo
Pro tempo que já se perdia?
Andava pelado na chuva?
Corria no meio da rua?
Entrava de roupa no mar?
Trepava sem camisinha?
Abria a porta do hospício?
Trancava a da delegacia?
Dinamitava o meu carro?
Parava o tráfego e ria? "
O último dia (Paulinho Moska / Billy Brandão)

Friday, October 08, 2004

Pois é

É, não tive escolha. Fui tentar postar para o blog de uma amiga minha e eis o que me acontece: "You need a blog to post a message". O que?! Pois é, o jeito era fazer um também.
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Até quando o assunto Bush vai nos perturbar? Ninguém aguenta mais o fato de que alguns idiotas ("Uma nação de Idiotas") insistem que esse cara vale alguma coisa. Triste ver que algumas crianças correm pelas ruas - na nação idiota - com cartazes defendendo esse macaco.
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E o Arnaldo Jabor? O que será que ele vai fazer se o Bush sair de cena? Sim, porque ele só fala disso! Provavelmente vai continuar reclamando do cinema.. que no tempo dele era tudo melhor, etc.