Escrevi estes dois poemas ao som de "Blue Valentine", do Tom Waits.
Reluzente, uma sombra de vida
Uma fumaça
Um cigarro
Uma música na vitrola toca no ritmo do meu silêncio
A falta que ela me faz
É como a consciência de que
Nunca a tive
Presente; mas ainda ei de tê-la!
Não se lembra mais daqueles momentos que ainda não tivemos?
Mais um cigarro deixa suas cinzas
E sufoca o ar com charme e textura
Não são meus
Como também não são meus os teus olhos, lindos à brilhar mais fortes a cada dia que te vejo
A sua pele
Sinto junto à minha
Como aquela leve brisa, que toca sem que possa agarrada
Lanço minha mão contra você, mas não chego a lugar algum
Parece que a distância é sempre maior
Perto apenas na aparência
À primeira vista parecemos feitos para amar
Mas o amor traz o sofrer
E eu sofro por ter você tão perto
Tão perto que eu tenho medo de esbarrar, tropeçar, e
Como uma bomba fantasma destruir toda a harmonia
Que você me dá ao fazer parte do meu dia
No meio do meu caminho você entrou
E eu me recuso a desviar
Quando as águas turvas
E o dia mais parece noite
Seus olhos emitem uma luz
Que eu enxergo, mas não sei ao certo onde está
Espairecendo – nada de lágrimas vagabundas
Os restos
O lixo
Todo o mofo
Levam o amor contido em cartas baratas
Cartas que simbolizam o eterno desprezo pelo futuro
Rasgados
Os reflexos do passado vêm a tona
Para perturbar
E para isso, somente
Ou talvez não
Eles querem falar
Pois que falem sozinhos, não quero mais ouvir
Quero paz
Silêncio, vazio
Nadar no ar que me leva como a água
Corrente, forte
Nada de limites, apenas quero ser levado
Perder o controle da situação
Medo
Serve como uma porta, fechada
Uma tranca que distancia toda a realidade
Boa e má
Quando na verdade
Não existe nem lá, nem cá
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