Thursday, March 31, 2005

Algumas palavras sinceras


à sua porta

Um toque seu e me encontro
Prostrado à sua porta
Pedindo um pouco
Para matar a sede

Junto com a água vem a ternura
O charme
Seus movimentos quentes e leves

Sua beleza pueril
Seus medos
Ambos me envolvem como nunca antes
Mas nada de claustro
Me sinto livre

Ao abrir a porta
Você me convida para uma viagem
Da qual
Não posso abrir mão

Tuesday, March 22, 2005

Indelével

Indelével é a dor
É a saudade
A imagem que tatuada nas paredes,
Por dentro,
Ecoa.
Uma lembrança
Um sonho
Noite mal dormida
A inconstância do tempo

Passeia com o vento
E à casa torna.
Mais um re-torno
Uma janela
Uma voz
Um sussurro
Um doce abraço

Um mergulho?
Não seria muito bom
Confundiria as marcas
E a lembrança
Que não é apenas doce,
mas conforta



* o poema foi passado a limpo ao som de "the blower´s daughter", rompante sucesso atual europeu, presente na primeira cena do filme Closer; responsável também pela onda de idolatria gerada ao redor da imagem de Damien Rice, seu compositor e quem a executa musicalmente

Sunday, March 20, 2005

O menor conto do mundo

"Quando ele acordou, o dinossauro ainda estava lá".

- Monteroso

Monday, March 14, 2005

Uma carta

Uma menina de 8 ou 10 anos, Emilie M., que tocava piano, certa vez bordou uma capa de livro para seu ídolo, contendo palavras de admiração. Segue abaixo uma carta escrita em resposta a ela, no dia 17 de julho de 1812, enquanto quem a escreveu estava se recuperando de um trauma psicológico causado pelo recrudescimento de sua surdez, num spa em Teplitz. Vale ressaltar que este não conhecia sua admiradora.



Minha querida e gentil Emilie, querida amiga!


Minha resposta à sua carta vai chegar atrasada. Uma grande quantidade de trabalho e uma enfermidade persistente podem me desculpar. O fato de que estou aqui para recuperar minha saúde comprova a verdade de minhas desculpas. Não roube a Haendel, Haydn e Mozart os seus lauréis. Eles os merecem, mas eu ainda não mereço nenhum.
A capa de livro que bordou será guardada como um tesouro, junto com outras provas de consideração que muitas pessoas me dispensaram, mas que ainda estou longe de merecer.
Persevere, não apenas pratique sua arte, mas se esforce também para compreender seu significado interior; merece o esforço. Porque apenas a arte e a ciência podem elevar os homens ao nível dos deuses. Se algum dia, minha querida Emilie, tiver o desejo de possuir qualquer coisa, não hesite em me escrever. O verdadeiro artista não tem orgulho. Ele vê, infelizmente, que a arte não tem limites. Ele tem uma vaga percepção de quão longe ainda está de seu objetivo; e, embora outros possam talvez admira-lo, ele lamenta ainda não ter chegado ao ponto, caminho que seu melhor talento apenas ilumina como um sol distante. Eu preferiria visita-la, e à sua família, que visitar muitas pessoas ricas que traem a si mesmas com a pobreza do íntimo do seu ser. Se algum dia for a H. (provavelmente Hamburgo), visitarei você e sua família. Não conheço maior privilégio do que ser incluído entre as melhores criaturas de seus semelhantes. Onde eu as encontro, aí também encontro o meu lar.
Se quiser me escrever, querida Emilie, mande sua correspondência diretamente para Teplitz, onde permanecerei por mais quatro semanas. Ou mande-o para Viena. Realmente não importa. Pense em mim como um amigo, seu e de sua família.


Ludwig van Beethoven


Wednesday, March 09, 2005

Desista, você não é um gênio!

Não adianta. Por mais que se prossiga, que se evolua, sempre continuam a existir idiotas. Pessoas que acreditam em coisas como certas não estão por dentro da realidade – acho que não preciso dizer que se trata de um ponto de vista pessoal, até porque quem escreve estas palavras sou eu. Seria ingenuidade demais.
Estava numa aula hoje quando um professor tropeça em suas próprias palavras e sou obrigado a me manifestar. Não poderia guardar, me conter. Era muito para ignorar. Logo após, cerca de minutos, ter dito que pouco tempo atrás cientistas e teóricos afirmavam que o cavalo era um meio de transporte insuperável, mostrando, então, por meio de um desenvolvimento das idéias, que o ser humano acredita que sabe de algo, até o lindo dia em que se percebe enganado. Ele poderia também ter utilizado o exemplo de quando se acreditava que a Terra fosse quadrada. Nos parece uma idéia estapafúrdia, sem pé nem cabeça, mas um dia foi dito que era assim e, nós sabemos que, quando o burro máster fala, os outros burros abaixam a cabeça – outra coisa que me causa bastante revolta, esse negócio de aceitação total, como se tudo que tivesse para ser descoberto e rompido já estivesse no passado, não havendo possibilidade de se inovar ou mudar conceitos, uma vez que “os gênios estão mortos”, ou “nós não somos capazes porque somos inferiores”.
Este mesmo professor dissera, também, que Albert Einstein afirmou que suas descobertas vinham de “99% de transpiração e 1% de inspiração”. Até este momento ele cometeu dois erros. Um porque defendeu que os paradigmas e as coisas tidas como certas podem não ser necessariamente verdades e, quando eu discordei dele, me disse “então escreva uma teoria, porque sabe-se que não é desta forma, diversos teóricos pregam o contrário”. E dois, porque após ouvir a minha resposta, “se eu estivesse disposto, eu o faria”, ele retrucou com um “devemos ser humildes”. Agora vejamos um ponto crucial aqui: o cara afirma que o gênio mor – na cabeça dele – defendia o esforço como mais importante que a inspiração e logo após, duvida da capacidade humana de trabalhar idéias! Não se trata de ser humilde ou não, se trata de valorizar o potencial de cada pessoa. Eu, particularmente – sendo que não me encontro sozinho nessa – acredito que se você quer, realmente, e corre atrás, você surpreende a todos com seus resultados. Isso não é ser megalomaníaco ou, muito menos, pedante. Isso é não ser iludido pela lavagem comercial que se faz no mundo – não apenas o atual, mas sempre foi assim – de que um ídolo deve ser diferente dos outros, que ele é um ser superior.
Ninguém pode ter certeza de nada. Tanto economistas como meteorologistas estudam e se especializam com o objetivo de fazer previsões, que frequentemente não ocorrem como fora afirmado. Você pode pensar, como eu o fiz por alguns instantes, que os únicos que sabem a verdade total são os historiadores e os arqueólogos. Mas, pensando bem, eles também não. Por que? Pelo simples fato de dependerem de análises e pesquisas que podem ter sido vítimas de uma série de erros - humanos -, enganos e até mesmo de manipulações propositais. O que se sabe ao certo? Nada. O que acontece é que gostamos de acreditar que está tudo resolvido e que podemos voltar para nossas vidinhas quadradas e medíocres, enquanto enganamos a nossa intuição – que é bem mais forte que a nossa consciência, por ser trabalhada pela parte inconsciente do nosso cérebro.
Para terminar, gostaria de citar uma frase bastante interessante, que ganhará destaque e respeito, fazendo das minhas palavras algo muito mais coeso, uma vez que seu autor – o da frase que estar por vir – tem moral para peitar muita coisa. Outro ídolo.
“A vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, significando nada” (William Shakespeare)
Agora me diz se minhas palavras não passaram a fazer mais sentido...

Monday, March 07, 2005

Gatos, rock e a noite negra

Cansado. Com o anúncio de que outro dia quase chega ao “the end”, o silêncio se esforça para tomar posse do todo, do tudo, sem deixar nada de fora. Só não consegue – mas não se esforça para isso – calar os deprimidos, os que se colocam de mal com o mundo e os eufóricos. Estes estão irremediavelmente aos gritos, berros, choros e soluços, comemorando ou amaldiçoando a Deus e ao mundo por tudo que existe. Pela noite ser triste, pelo mundo ser assim, por tudo dar certo.
Gatos passam quietos e observam tudo a distância, com aquela malandragem que os cães tanto desejam ter, mas não podem. Eles sabem que os felinos são muito mais articulados e articuladores que eles. Ficam observando tudo que acontece. As brigas, as mortes, as festas, os ensaios e até mesmo aos programas enlatados de TV. Traiçoeiros sim, mas não por mal. Faz parte da natureza deles. Igual às mulheres. Lindas e poderosas, querendo garantir sua existência. Enquanto os “melhores amigos do homem” são como seus donos. Fracos, tentam impor respeito tendo como arma a força bruta, mas acabam perdendo. E depois de perderem eles latem por aí, desconsolados, coitadinhos. Tão ingênuos.
A noite chega ao mesmo tempo para todos, mas alguns destes a recebem melhor. As vidas destes estão agitadas demais para se preocuparem com o silêncio ou terem medo do vazio, do escuro, como se isso fosse refletir o nada, a falta de sentido do tudo. Um horizonte negro pode assustar, principalmente se sua imaginação for excessivamente fértil, como é o caso dos humanos.
Uma música. Sim, isso é bom.. ou não. Tem músicas que nos trazem de volta aquele sentimento de vida. Nos dão orgulho de nosso passado. Bem melhor do que as outras, que são capazes de nos levar numa viagem aparentemente, e assustadoramente, sem volta, onde nos afogaremos em mágoas e incapacidades. Em medos, em incertezas. Em paixões. Em monotonia. Em gatos e cachorros. Ou em viagens onde nosso inconsciente tenta se externar. Ainda não sei se prefiro um ou outro. Talvez um Rock´n Roll. Ou não.

Sunday, March 06, 2005

Fiona Apple!!!

Acabei de encontrar um site onde estão disponíveis 5 músicas do novo álbum da Fiona Apple, chamado "Extraordinary Machine". Estas mostram de forma concreta o porque de a sony estar pedindo músicas mais comuns, uma vez que o terceiro trabalho da "multi-platinum" Fiona está no caminho de uma evolução constante no que diz a trabalhar sua música como arte.
Embora a Sony se preocupe em encontrar uma música mais dentro dos moldes mais comerciais, Fiona não se preocupa em compôr algo com o objetivo de agradar a quem quer que seja, apenas faz o que acha ser o melhor.
As músicas podem ser encontradas no link

www.geekdreams.com/mp3/fiona_apple/

E ainda há um site com as últimas notícias dela

www.fionaapple.org/