Wednesday, May 24, 2006

Um nome Novo

Acorda, com o zunido do despertador ecoando insuportavelmente por toda a caixa craniana. Um tapão e o despertador está fora de combate; com o inimigo estatelado no chão, a batalha parece ter sido vencida. Um engano. Não conseguindo mais voltar para aquele sonho que parecia tão bom, e pelo qual esperara inconscientemente por meses, é hora de encarar a realidade. Espreguiça os braços, as pernas, ah.. você sabe, o corpo todo.
Levanta da cama e, ainda cambaleando, busca um copo d´água na cozinha; antes de molhar as cordas vocais, não se emitem palavras sem o desprazer da dor seca. Um copo e depois outro. A vista ainda descontente com a invasão da luz do dia no apartamento, ele ruma ao corredor, seguindo para o banheiro.
Tranca a porta mas, “quem é que entraria aqui?”, reflete, uma vez que não há ninguém em casa; estão todos viajando. Seu reflexo no espelho afirma que não dorme bem há dias. Decepção. Não gosta do que vê e fica se encarando. Não gosta de quem é; já é hora de utilizar tudo que aprendeu e se transformar. Está na hora de sair da incubadora, mas com outra cara. Nada mais de brincar por aí, agora a coisa é séria. Acabou a paciência e uma urgência por resultados práticos grita à flor da pele.
Joga o nome fora, enquanto faz a barba e olha fixamente nos próprios olhos, decidindo o que seja a partir de agora. Coloca uma música agitada no som, em alto volume, se veste, pega as chaves, a carteira e sai de casa, batendo a porta com força.