Friday, March 10, 2006

Pétalas escorridas


Suas pétalas caem como lágrimas, deixando sua luz para trás, embaçando o brilho no seu olhar. Sua angústia, maior do que a suportável. Ela corre. Busca por um lugar onde consiga se sentir longe de toda a desgraça que parece ter se instalado em sua vida e onde possa finalmente descansar em paz. Mas seus pés não agüentam muito, são frágeis demais. Com o rosto no chão, ela suspira e chora. O som do rio que corre ao lado e a vegetação da mata fechada sinalizam que está só, embora isso não signifique que agora esteja segura. Sua própria presença já é o suficiente para que faça mal a si mesma. Os olhos fechados transportando-a para os lugares dos quais mais se arrepende ter ido, as palavras que um dia ouviu e tanto acreditou, mas hoje já não são nada além de poeira memorial. O vento. Parece um amigo, mas, quem é que sabe? Os sentidos já não podem ser considerados amigos fiéis faz tempo.
Resolve banhar-se no rio, a água como refúgio. Uma fuga, que não a protege de seus pensamentos e torturas. Um ruído estranho agita sua mente, que mantinha seu corpo em total inércia. Folhas se mexendo, nada mais. Talvez de um caminho secreto, ou de uma caverna no meio do nada surja algo que pareça estranho e ao mesmo tempo mágico. Uma aventura capaz de levar a mente a um lugar bem longe, no qual ela possa se esquecer da beleza que perdeu dentro de si. Soa muito bonito, mas um tanto improvável. Ela se deita e cai no sono.
De olhos fechados ela ouve um som incomum, que tenta reconhecer inutilmente. Abre os olhos, com a vista ainda levando alguns segundos para se ajustar – é noite.Luzes pequeninas zunindo ao seu redor... parecem tentar chamar a sua atenção. Estariam elas tentando se comunicar? Depois de alguns momentos as pequenas luzes seguem em seu movimento giratório, seguindo um caminho um tanto quanto estranho. A bela moça desiludida resolve segui-las. Mas... para onde elas a levarão? A moça se levanta e corre atrás, pela mata negra que, ao menos para mim, parece assustadora.