Saturday, November 21, 2009

Ludwig

De olhos fechados, ele tenta relembrar os sons que antes tinha sempre por perto e hoje se mostram mais distantes do que nunca - e isso é a maior dor que poderia ter em sua vida, talvez mais do que a falta de sorte no amor, que já encara como um fato. Isolado do resto do mundo, está sentado ao piano, imóvel. Quem o visse agora acharia que dormiu - quase um idoso, mas ainda na casa dos quarenta.

Abre os olhos, retorna ao piano e rabisca no papel sua inspiração. Notas e mais notas escritas em uma velocidade impressionante, digna de quem domina a arte. Encosta a cabeça no instrumento enquanto toca, dedilhando tríades repetidas vezes, num movimento simples, quase que minimalista. E a mão esquerda dando as notas graves de sua revolta, sua tristeza, mostrando a distância que está de seus sonhos, deixados para trás para poder encarar a realidade de forma madura.

Possui o dom que muitos sonhariam em ter - se não todos -, e a admiraçao do público, mas isso já não é o suficiente. Dizem que quem conquista seus objetivos sempre segue em frente, em busca de algo mais. Mas para aquele que vive só, a vida se mostra amarga, mesmo no sucesso. Cada dia parece ser apenas mais um na espera por encontrar alguém para poder dividir.

Friday, April 10, 2009

Bebendo vinho sozinha no meio da noite

Ouvindo Black Keys ela escreve passando os dedos instintivamente pelo teclado de seu laptop. Está sozinha, a casa está vazia, e ela no escuro escrevendo por impulso. Uma necessidade que ela ainda não compreende. No Twitter, mensagens vazias de pessoas que ela não conhece bem, mas que lhe fazem companhia. Lá fora chove e venta bastante, e os carros a fazem pensar naquele que não vem buscá-la.

Abre uma garrafa de um vinho barato, mas que terá valor esta noite. "Pra que celebrar o nada?", se indaga em voz alta e cheia de sarcasmo.

Monday, February 23, 2009

Menos uma pétala, menos duas, menos três...

Não quero sentir o que eu deveria escrever. If you're selling drugs, I wanna buy them all.

Wednesday, February 04, 2009

Por trás da selva


Em meio a escuridão, a luz me atrai. Não só a mim, como aos mosquitos, que não têm a chance de compreender a sorte de estarem aqui. Uma paisagem tão bela que parece um frame, um pedaço daquela cena impecávelmente fotografada do seu filme favorito.

Uma paz. Daqui não ouço o barulho dos carros, a bagunça lá de baixo. Apenas o som do vento passando e balançando as folhas, tão verdes e com tantos tons distintos, que se mesclam com a luz artificial, amarelada, formando um verdadeiro colírio.

É aqui que eu quero estar, no lugar onde jamais fui, mas sei que neste momento está lá. Me esperando para que um dia eu faça uma visita, e me recorde daquilo que registrei com meus próprios olhos.

*foto de Eduardo Rudge

No ponto

Espero.
Espero passar.

Espero outra vez, uma vez que quando passou primeiro eu ainda era o segundo, e não pude entrar.

Espero outra vez, para ver se desta vez, não deixo passar.

Mas vou entrar.
Se passar.

Espero.