Sunday, December 25, 2005

uma música linda - mas tem que escutar...

Wherever I May Roam
Metallica
Composição: Hetfield e Ulrich

Wherever I May Roam

...(And the road becomes my bride)
And the road becomes my bride
I'm stripped of all but pride
so in her I do confide
and she keeps me satisfied
gives me all I need

...and with dust in throat I crave
only knowledge will I save
to this game you stay a slave

rover wanderer
nomad vagabond
call me what you will

but I'll take my time anywhere
i'm free to speak my mind anywhere
redefine anywhere
anywhere I roam
where I lay my head is home

...and the earth becomes my throne
and the earth becomes my throne
I adapt to the unknown
under wandering stars I've grown
by myself but not alone
I ask no one

...and my ties are severed clean
the less I have the more I gain
off the beaten path I reign

carved upon my stone
my body lie, but still I roam
wherever I may roam

Monday, December 19, 2005

Entrando no castelo

Andando com ela eu percebo suas fraquezas, seus traços humanos. Seu medo de se atirar de cabeça mais uma vez em um abismo e quebrar a cabeça de uma vez por todas. Ela é meiga e aos poucos vai soltando suas correntes, que deixam descer os portões da sua privacidade e eu finalmente posso entrar. Toca uma música. Um piano de Scott Joplin, daqueles que nos fazem felizes mesmo quando não temos realmente um motivo. E eu vou me adentrando em seus aposentos, por tanto tempo fechados que já chegam a acumular pó. Na verdade não faz tanto tempo, mas foi um tempo em que o distanciamento se posicionou de forma determinante em sua vida; ao menos até agora.
Ali está ela, preparando um chá para nós dois. Tomamos o chá e relaxamos. Olhar para o céu cheio de estrelas, esparramados neste sofá gigantesco se faz um programa mais do que suficiente para o que buscávamos. E batemos um papo. A conversa dura horas, até o momento em que o telefone toca e ela se levanta para atender. Um choro. Ela desliga o telefone e volta, evitando me olhar nos olhos.
Tento chamar a sua atenção, fazendo meus truques ilusórios, estourando pequenos fogos de artifício que parecem sair de minhas mãos, o que surte um efeito inspirador no humor da doce menina. Sua infância se manifesta em seu sorriso. Um sorriso de quem pede por um pouco de paz em meio a um momento de extrema turbulência emocional.
Ela enxuga as lágrimas e me abraça com força. Um beijo longo. Uma noite em segurança.

Wednesday, November 23, 2005

A busca - agonia

Sinto-me sujo. Bloqueado pelas portas que eu mesmo construí. Não, não foi culpa minha. Sim, foi minha culpa. Agonia, desespero. A pele que cobre o meu corpo eu arranco, rasgo-a. E jogo ao relento. Medito, mas não nasce outra no lugar da antiga. Impaciência. Olho pro céu, dividido entre dias e noite, como uma zebra. Não existe tempo, mas eu perco o meu com o presente. Um passo que eu preciso dar, mas não aceito ainda não ter dado. Minha vista se aperfeiçoa e o que vejo não me agrada. Quero distância. Mas como posso querer distância do que eu sou? Onde poderia eu me situar, então? Um banho frio, talvez. Uma garrafa de vinho, quem sabe. Uma noite de sono, onde eu conseguisse enxergar o que eu tanto busco mas ainda não sei o que é, melhor ainda. Mas não posso me deitar. Não ainda. E continuo não gostando do que vejo. Fecho os olhos e tento caminhar. Mas atento.

Tuesday, November 22, 2005

Recados

"Oi, você ligou para o Guilherme. No momento eu não posso atender.. na verdade não estou afim mesmo. Deixe o seu recado após o sinal. Não, não pense que eu vou te ligar. Mas você pode deixar a sua mensagem assim mesmo. Assim você desabafa, põe pra fora seus problemas e acaba economizando com o psiquiatra. Mas deixe o seu número também, para que eu possa fazer o mesmo quando precisar. Caso você tenha se assustado, tente se acalmar. As pessoas fazem isso o tempo todo - se assustar também, mas não é a isso que me refiro -, só que de forma mais discreta e "educada"; disfarçada. Bom, tenho que ir. A panela está no fogo, tenho que pegar as crianças no colégio, o bombeiro precisa entrar aqui pra consertar o vazamento, o gerente do banco está na chamada em espera, minha mãe está precisando de mim no hospital, está começando Friends agora no canal 1619, meu cachorro está latindo sem parar... píiiiiii!!!"

Monday, November 21, 2005

Música da banda HEREGES

Balada Triste (Fábio Costello E Marcelo De Vasconcellos)

Quem se sente só
E seus caminhos deram um nó
Já desistiu de se explicar
Se prende outra vez
Arrepender-se do que fez
É aprender a não errar

Seus pais queriam alguém pra se orgulhar
E mergulhou por não ter medo de água fria
Na piscina dos seus sonhos que estava
Já vazia

Espera na porta alguém para confessar
Sussurra em línguas mortas sem perceber
Ninguém se importa, ninguém quer ver

Já nem sente dor
Já definiu o que é o amor
Por quem partiu pra não voltar
Já nem finge rir
Já decidiu pelo rancor
Por todo aquele que chegar

Desviou de repente o olhar
No seu céu estrelas decadentes
No horizonte acena o sol dos seus anseios no poente
No poente

Espera na porta alguém para confessar
Sussurra em línguas mortas sem perceber
Ninguém se importa, ninguém quer ver
Ninguém se importa, ninguém quer ver
Ninguém se importa, ninguém quer ver
---------------------------------------------

Esta belíssima música está disponível no site da banda www.hereges.com.br , onde também há uma agenda sempre atualizada dos shows da banda. Eu classificaria a banda como "urgente", que é um adjetivo que deveríamos adotar para mais usos que o habitual.

Thursday, November 17, 2005

Estátuas coloridas – bonitas, mas ordinárias

Inércia, inércia e... inércia! É só o que consigo enxergar para todo ponto em que minha vista se foca. E isso causa um desespero tremendo, porque homem tem a teimosia de afirmar que as pessoas bem sucedidas são aquelas que foram abençoadas pela sorte. Isso não passa de um equívoco basicamente infantil. Nossos atos ecoam pela eternidade, já dizia o sábio, e nós não podemos ignorar isso; está na nossa cara! Vidas vazias são fruto disso também. A preguiça ou a idéia de que a própria vida é sem graça, aliadas a aceitação de que isso seria um karma ou programação do destino – ou, pior ainda, parte dos planos de um ser superior – fazem com que as pessoas, não necessariamente todas, mas em sua maioria, estejam constantemente esperando que algo venha a acontecer em suas vida; mas elas não fazem nada para ajudar! Ficar de braços cruzados ou tomando anti-depressivos não melhora nada, e quem o faz já percebeu. Bom, não quero continuar aqui. Vou tomar meu banho e sair, abrir os braços e receber o que o mundo tem para nos oferecer! Sintam-se convidados.

Tuesday, November 15, 2005

Um friozinho

Frio. Neve e gelo. Tudo branco ao infinito.
"Tem alguém aíiiiiiii...???" Olha prum lado, olha pro outro... e nada.

Zzzzzzzzzzzzzzzzz...







Congela e morre.

Monday, November 07, 2005

Luz, câmera... contemplação

Movimento. Cenas passam pelos meus olhos enquanto caminho à noite, pelas ruas da cidade sonâmbula. Imagens, cenas oníricas, enquanto vejo os carros dos outros sonhadores seguindo seus rumos ao desconhecido. Entro em um estabelecimento e procuro algo do meu interesse, quando na verdade o que me interessa está mais a frente, não posso adquirir agora ou pagar em dinheiro. As divagações nesse momento se fazem necessárias, são elas as responsáveis pelos próximos passos, pelo curso que pretenderei seguir – mesmo que eu venha a mudar de idéia e seguir outro completamente diferente deste depois.
Folheio livros, tomo um café. Pessoas ao meu redor interagindo umas com as outras e eu no meu silêncio. Um silêncio que é a na verdade tudo que eu mais precisava no presente momento, algo que eu pedia faz tempo – nem tanto assim, ontem tive esse silêncio também; mas é fato que cada vez eu preciso mais dele para me sentir em casa, confortável comigo mesmo. Faço projeções, reflexões, pondero. Entendo melhor o que me atinge no momento e consigo associar tudo. Nada se mostra de fora, excluído do sistema. Saio, pago a conta e caminho em direção ao carro, com aquele desejo por um papel e uma caneta. Desenvolver meus pensamentos na forma escrita me relaxam. Algo que é necessário para a manutenção da minha tranqüilidade, que na verdade nunca chega. Sou hiper-ativo-demais para isso. Às vezes percebo minha vida como um filme em que sou o diretor, o produtor e o protagonista, travando uma batalha constante contra quem investiu em mim e as inconstâncias da realidade prática – sempre se atracando com os meus roteiros.

Thursday, November 03, 2005

E com vocês... Julio Cortázar

"En suma, desde pequeño, mi relación con las palabras, con la escritura, no se diferenciade mi relación con el mundo en general. Yo parezco haber nacido para no aceptar las co-sas tal como me son dadas."

"Yo creo que desde muy pequeño mi desdicha y mi dicha al mismo tiempo fue el noaceptar las cosas como dadas. A mí no me bastaba con que me dijeran que eso era una mesa, o que la palabra "madre" era la palabra "madre" y ahí se acaba todo. Al contrario, en el objeto mesa y en la palabra madre empezaba para mi un itinerariomisterioso que a veces llegaba a franquear y en el que a veces me estrellaba."

Monday, October 31, 2005

Angelus, de Millet























Pode-se perceber sua incrível beleza na veracidade passada pelo pintor, que retrata a cena sem ser possível que encontremos traços de pinceladas - coisa que Da Vinci também fazia. Reza a lenda, esta já publicada em livro ao qual o nome eu não tenho acesso - maneira estilosa de dizer que não sei -, que Millet havia pintado este quandro com um caixão no lugar da cesta de palha vermelha. Quando uma oportunidade de participar de um concurso de arte surgiu, Millet teria mostrado a pintura que inscreveria no concurso a um amigo bem próximo. Este, por sua vez, o aconselhou a mudar algo na pintura, que ao mesmo tempo em que era demasiadamente bela, iria chocar a todos pelo que estava retratado nela. Millet teria substituído, então, o caixão pela cesta, colocado uns sacos de batata no carrinho e pintado umas batatas mais à esquerda, em frente ao ancinhó - essa mistura de pá com tridente. Algumas fontes também afirmam que Salvador Dalí teria sido o primeiro a descobrir que na pintura haveria um enterro disfarçado. Ele teria percebido que atrás da mulher, em frente ao carrinho, há um monte de ossos por cima da terra. Salvador Dalí fez diversas referências a esta obra de Millet, inclusive reproduzindo-a com precisão, como um quadro preso na parede da casa de um dos personagens de uma de suas pinturas - que também não sei o nome.

Friday, October 28, 2005

A chuva, carregando as bostas flutuantes

Chove mais uma noite. O tempo lá fora refletindo o que se passa em minha mente, um temporal, um fenômeno que vem de tempos em tempos, buscando limpar toda a sujeira que foi deixada ali. Lavo o rosto e cuspo sangue. Olho para o sangue, vermelho como a guerra, um nascimento, um renascimento. Era disso que eu mais precisava neste momento. Decepções, meu deus, como eu me decepciono! Essa mania de colocar as pessoas em um pedestal, acreditar em suas convicções vazias, seus desejos de ser algo que elas não são e nem nunca serão, porque não passam de umas bostas poluentes e errantes. O relógio mostra que estou atrasado, corro o risco de perder o show; mais uma vez. Sinto que meus pudores estão sumindo, me sinto mais confiante e ao mesmo tempo gostando cada vez menos do convívio social. Não de todo o tipo de convívio, lógico. o ponto é que, não acreditando mais nas falsidades e não sendo mais capaz de agüentar a pequenez de certos seres, acabo por selecionar demais minhas companhias. E isso causa um certo isolamento. Acredito que, no entanto, não esteja me sentindo mais infeliz – todos nós temos graus de infelicidade, cada um o seu -, muito pelo contrário! Uma vez que você passa a entender melhor quem você é e à que se dedicar, quais as coisas que te fazem ser singular, ser você, não há solidão que te abale – isso seria algo mais hipotético, não sendo totalmente absoluto, mas funciona, lógico. A melhor companhia que se pode ter é a sua própria. Mas isso só serve se você estiver de bem consigo mesmo, porque quando não se gosta ou não se entende realmente o que se é, tudo que se busca é estar na companhia dos outros, sendo a maior infelicidade a de ter que se deparar com a sua íntima realidade. Se olhar no espelho e conversar consigo mesmo, tentar se entender. Mas me parece, hoje, ser o único meio de se encontrar a tranqüilidade “espiritual”, a da consciência.

Wednesday, October 26, 2005

O mal necessário

Escrevo.
Aqui sento e me ponho a desenhar,
passando para o papel o mundo fantástico
que habita em minha mente,
com criaturas incríveis, viagens mais que impossíveis
e você.

Sua atenção eu nunca tive,
e nem, provavelmente, jamais hei de ter.
Suas palavras cruéis,
seus ímpetos destrutivos, embora inconscientes
- mas nem tanto; mostra seu desejo de quebrar as regras
e ver os limites -,
e seu jeito de contemplar.

Seu olhar me desconcerta
me faz acreditar no inverso das coisas,
minha realidade saindo dos eixos.
Sua boca,
seu beijo que já sonhei sentir,
sua pele,
minha desgraça e minha salvação.

Em meu sonho lúcido busco por você,
embora não saiba se, estando ao seu lado,
(?) seria realmente feliz.

Palavras tolas, embora sinceras, que me fazem caminhar parado. Estático, me resumo à minha insignificância, esta às vezes substituída pela glória de ser algo que ainda não compreendo - assim como todos os outros -, enquanto recebo aplausos silenciosos pela peça que representei e o mundo assistiu, mesmo sem ter percebido.

Friday, October 14, 2005

O fim de um ciclo

E mais uma vez acontece. Aquele momento do qual ninguém gosta. Ambas as partes tristes por ter chegado este momento, que mostra o quanto a mente humana é complicada e que, na verdade, estamos todos sozinhos no mundo – em termos. Ela olha para ele, tentando enxergar o que eu se passa em seu interior; quer dialogar. Ele, enquanto isso, tenta esconder a lágrima que escorre em sua mente, mas que ela pode ver pela sua expressão. Silêncio. Seus olhares se encontram, mas se perdem muito longe dali. Em suas mentem passam flashes dos dias que passaram juntos, quando ainda acreditavam no amor. Um amor que teria surgido como um acidente em alta velocidade, arrastando os dois para o mesmo lugar, sem mesmo se conhecerem, e transformando aqueles dois corpos, e suas mentes também, em uma coisa só, um único ser. Mas agora acabou, já ficou para trás. O medo de que não dê certo, a inconstância de quem foi criado em um mundo de contos de fadas e papai Noel, os fantasmas do passado e a errônea assimilação desta situação com outras ocorridas anteriormente. Tudo isso conspirando contra a felicidade dos dois. Ele coloca a mão no rosto dela e a olha com um carinho muito bonito e sincero. Ela suspira, vira os olhos e depois o rosto para o lado, e treme. Treme por saber que está estragando algo que lhe faz bem. Treme porque não entende. A mão dele continua a fazer carícias por alguns instantes e depois cessa. Ele se recolhe, respira fundo e se levanta. Neste momento ela já começa a sentir a sua falta e o olha como se estivesse prestes a perder algo que deseja com bastante força. Ele acende um cigarro e guarda o isqueiro no bolso. Olha para as luzes dos postes enfeitando a cidade à noite, num dia em que a cidade parece ter morrido, todos recolhidos dentro de suas casas como se sentissem a dor dos dois. Ela pede um cigarro. Ele pega o isqueiro no bolso, acende o fogo olhando nos olhos dela e pega em sua mão, que aperta com todos os seus sentimentos. Abre a mão dela, coloca o isqueiro dentro e fecha com a outra mão. Um sinal de adeus. Uma lágrima no rosto dela escorre. Lágrima esta que ele limpa com a mão e, puxando-a para perto beija seus olhos, ambos. Calafrios nos dois. Ele beija a mão dela e, esfregando-a em seu rosto diz adeus, sem nenhuma palavra. Ela pede para ele ficar, mas em silêncio. Ambos querem isso. Querem ficar juntos mais um pouco, ainda não estão prontos para andar sem a companhia que tinham. Mas, suas mãos se soltam e eles vão. Cada um para um lado, sonhando com o dia em que se verão novamente.

Friday, September 30, 2005

A caverna de cada um; ou, Neandertais de terno

Após lermos A Alegoria da Caverna, texto de Platão presente na obra A República, muitas idéias podem surgir formando um pensamento contemplativo bastante abrangente, onde diversos temas se vinculam de forma natural. A idéia seria pensarmos se nós, nos dias atuais, poderíamos aplicar o conceito da Caverna de Platão em nossas vidas. Eu poderia afirmar, com bastante convicção aliás, que sim. E o papo aqui é sério, porque não atinge apenas alguns cidadãos incapazes ou ignorantes, mas acredito que a maior parte da população existente no planeta. Um percentual aproximado seria impossível aqui, o que demandaria uma análise de outro tipo, esta levando bastante tempo e escoando parte da energia que disponho para terminar este texto que acabei de começar a escrever.
Costumamos acreditar que nossas vidas são controladas por nós mesmos, que conhecemos as coisas e que somos muito espertos. Mas o que se deixa passar é que estamos cercados por - ou, quem sabe, afundados em - vícios, hábitos, tradições culturais, medos e – vem agora a inércia da humanidade – preguiça. “Eu estou antenado com as notícias do mundo”, poderia dizer uma pessoa aparentemente bem informada. Bem, isso é o que ela acha. Não há como saber ao certo como anda o nosso planeta - ao menos assim tão facilmente como pode parecer. Para começar, nossas crenças são controladas, tanto pelas linhas editoriais de jornais e revistas, como pelos programas de TV. A esses podemos incluir as campanhas publicitárias – na verdade uma loja de fantasias, um verdadeiro baile de máscaras -, as instituições religiosas – sim, todas; não estou criticando a fé religiosa, mas sim as instituições -, nosso ambiente social e nossas famílias – ok, eu sei que as mães se esforçam para fazer o melhor.
Cada um de nós formou uma opinião sobre inúmeros assuntos desde o nascimento. Este conhecimento se baseia em nossas experiências individuais e pessoais, como também nas opiniões já existentes no enorme mundo complexo que nos rodeia e no qual estamos inseridos, independente de querermos isso ou não. As opiniões que formamos tendo como base idéias difundidas por outras pessoas, são conceitos que podem ser colocados a teste caso venhamos a passar por experiências que tenham condições de comprovar sua validade ou não. Se uma dessas opiniões nunca for testada, é possível que se viva uma vida inteira sem saber que acreditava-se em algo ilusório e irreal, mas com cara de verdade. E é aí que mora o perigo. Não sendo possível ter todas as experiências ao mesmo tempo, acreditamos naquela que nos for apresentada com argumentos mais bem estruturados. Seria como dizer que uma mentira bem contada pudesse se tornar verdade. Um bom exemplo disso seria a eficácia dos discursos de Hitler para o povo alemão. Ele, o povo, em grande parte estava certo de que seguia o caminho mais correto possível e que seu líder era um homem sábio – que era esperto ele era, sim; além de muito psicótico: um pintor frustrado que encontrou na destruição uma forma de ascender e entrar para a história, enquanto descontava toda a sua raiva em gente inocente.
Observando as crenças das diferentes populações – sejam de diferentes países ou até mesmo de diferentes grupos sociais, diferentes bairros – podemos perceber que cada um desses grupos tem crenças próprias limitadas ao que eles são capazes de enxergar. Se você pegar um aluno de engenharia química que costuma passar seu tempo livre jogando futebol na praia e coloca-lo em uma festa dos alunos de um curso de cinema, onde estes discutem filmes de Eisenstein ou Kubrick, mesmo que ambos estudem na mesma universidade, o choque será grande. É como se existissem infinitos universos paralelos. Agora, se você tomar o cuidado de levar em conta o fato de que cada ser humano é diferente, tendo como base os conceitos do parágrafo anterior, podemos imaginar a civilização toda como sendo composta por seres que andam carregando suas próprias cavernas, de um lado para o outro. Seres que vivem, de certa forma, alienados para quem está de fora, mas antenados com o seu mundo interior. Isto também serve para explicar porque as pessoas acham tão complicado entender umas às outras, tanto em relacionamentos amorosos como em relações de trabalho e amizade. Nossa imaginação é capaz de nos levar até um determinado ponto, mas, mesmo que ela seja muito criativa, jamais será capaz de prever com muita clareza as reações dos outros indivíduos. É daí que vêm os famosos mal-entendidos, responsáveis por constantes brigas e desavenças entre pessoas que acreditam se conhecer muito bem e esquecem que cada um possui suas particularidades – quando ocorre entre estranhos, então, o caso é mais sério, sendo mais rara uma reaproximação futura. Na verdade, todos querem ser entendidos, mas despendem pouco esforço para tentar entender o outro. Aquele que mora ao lado e do qual você precisará, cedo ou tarde. Sabe aquela frase que diz que ninguém é normal? Pois é, não há como alguém ser. Porque o “normal” não existe. O que é normal para você pode não ser normal para mim, e assim por diante. Normal, na verdade, é ser peculiar – os mais metidos costumam gostar mais de usar a palavra “idiossincrático”.

Wednesday, September 28, 2005

Ponderando

Ok, está na hora de mixar as lições. Segundo Winston Churchill, "nunca é tarde para você ser o que poderia ter sido" - ao menos é o que afirma um cartão Mica da Johnny Walker. Aristóteles dizia que a felicidade não poderia ser encontrada em nenhum prazer mundano - isso eu memso já pensava -, mas apenas na evolução e desenvolvimento das potencialidades que todos nós temos, cada um as suas. E, como poderíamos esquecer, os cidadãos de Esparta - não sei em que ano, mas faz muito, muito tempo... - enxergavam a felicidade como sendo a ascenção da honra frente à sociedade. Bom, mexendo um pouco aqui e um pouquinho ali, me toco que já está, novamente, na hora de sair deste caminho perigoso que é colocar o nosso bem estar nas mãos dos outros. Trabalho, concentração e mãos à obra. Ponto final.

Ps: volta e meia a gente acaba esquecendo disso tudo e se desesperando por causa de uma paixão - afinal, quem pode com a natureza?

Ps2: se você se pergunta sobre a veracidade dos horários em que tenho postado meus textos - por serem muito tarde, ou tão tarde que já passa a ser cedo demais - eu te respondo: sim, eles estão corretos.

Tuesday, September 27, 2005

Palavras malditas

O sangue escorre e ninguém vê. Com as forças arrancadas, já não é a mesma coisa estar vivo. Até mesmo andar se torna algo difícil. Evitar os remédios é necessário, eles não ajudam em nada, apenas te dopam. E fingir que está tudo bem não adianta, não serve. Esse papo de manter as aparências já foi longe demais. É hora de viver e sentir. Pena que para seguir um caminho às vezes parece que nossas pernas se quebram constantemente, venta forte como um fenômeno da natureza e o relógio conta as horas mais devagar. Ou mais rápido, dependendo do seu nível de distração. Quando algo de bom acontece, o tempo se escoa e logo não sobra mais nada. Apenas a lembrança, que aos poucos tenta se afastar e dizer adeus, sendo substituída por vultos sem muita vida. Vultos estes que deixam bastante saudade. Este texto é triste sim, além de não representar a completude das minhas crenças. Mas parte delas está aqui. Mesmo que não seja a parte que eu mais gosto.

Devaneios de uma noite comum

Com a vista cansada depois de tanto trabalhar em frente ao computador, termina mais um cigarro e olha para o nada, virando a cabeça para a sua esquerda. Pinturas na parede não parecem importar muito, uma vez que ele as atravessa e encontra sua própria mente por meio das pinceladas alheias. Uma estrada e um carro assinadas por um grande artista, e ele já começa se imaginando lá, dirigindo por aqueles caminhos tão distantes da realidade em que se encontra. Seria bom. Na verdade, seria bom demais dar uma volta, um passeio e relaxar.
Levanta-se. Abre a porta da varanda e olha a chuva. O vento frio carrega a chuva fina, trazendo um cheiro de natureza para se encontra em seu percurso. Fecha os olhos e sente. Uma tranqüilidade inesperada, como todas as coisas maravilhosas que não programamos e nos acontecem sem aviso prévio, mostrando-nos o quanto nossas vidas podem ser gostosas se nós simplesmente deixarmos.
A chuva lava a alma da rua, enquanto poli o corpo do nosso personagem. Sim, porque neste instante eu o divido com vocês. Pode parecer que se trata de um monólogo, mas apenas para os mais ingênuos. Não há texto que seja lido e compreendido sem que haja uma interpretação e uma reação da parte do leitor, e isso faz com que a leitura se torne um diálogo. Agora, voltemos ao nosso amigo...
Uma lágrima que não sai se manifesta, mas por dentro faz suas batucadas. Dor e saudade. Arrependimento, infelizmente. Não fez o que poderia ter feito, mesmo sabendo que seria o melhor, e agora se sente só. Pegando o maço de cigarros com a mão esquerda, retira um deles com a outra – mão, no caso. Abre o isqueiro prateado e não o acende, o admirando com um olhar fixo. Foi um isqueiro caro, mais uma das frescuras da cultura consumista. Bonito, reluzente e inútil. Seu único objetivo é facilitar um vício idiota que não traz sua amada de volta, apenas engana uma ferida para abrir outra. Estendendo a mão, larga o isqueiro do alto do 17º andar, sem se importar com os detalhes decorrentes desse ato. Joga os cigarros no lixo e vai para a sala de estar.
Volta da sala trazendo um copo com gelo e uma garrafa de whisky. Não abria nenhuma há tempos, sendo que esta ganhara em seu último aniversário, justamente da mulher que lhe faz tanta falta hoje. “Vou encerrar isso agora.”, pensa ele, tratando a situação como uma expressão simbólica, um ritual de liberdade onde exalta o fim de uma época. E começa...
Dentro de um túnel escuro, e sem saber onde foi se meter ou como, ele escuta uma sirene, em alto em bom som. Muitos ruídos, todos eles ressoando sem parar pelas paredes torturando-o. Parece que está dentro d´água e tenta nadar, sem saber que rumo poderia tomar. As vozes perturbando sua consciência parecem cada vez mais presentes, todas elas ao longe e chamando-o para diferentes destinos. Um inferno molhado, poderia se dizer. Agora uma luz forte, como se fosse um carro andando sob a água acende o farol alto e ele não consegue enxergar nada. O veículo buzina insistentemente, como se avisasse o inevitável. E bate, de frente. Seu corpo é lançado às dezenas de metros de distância e ele não consegue perceber a dor, embora se mantenha perfeitamente consciente. Como em câmera lenta, ele gira seu corpo e sua cabeça, involuntariamente, olhando para a escuridão absoluta, que parece ter suas próprias formas e sombras; bem diferente de um vazio negro. Presta atenção na respiração. Ela se mantém. E, começa a entender que agora é a hora em que ele cai e, provavelmente, se quebra todo de encontro ao solo.
A queda. Dói um pouco, mas nem tanto. Escuta um som de vidro acertando o chão, mas sem se quebrar. Novamente muita luz e seus olhos ardem. Percebe que suas mão obedecem ao seu comando e levando-as até a vista, abre os olhos. Reconhece onde está. A sala de estar. Caído em frente ao sofá, com a garrafa de whisky vazia caída no chão, dois metros distante de onde ele está. O telefone mostra duas chamadas não atendidas e recados de voz, certamente confundidos com a buzina insistente do veículo que o atropelara e as vozes que o chamavam durante o sonho.
A noite foi agitada e ele está cansado, mas agora recomeça a rotina de cada dia. Entra no banheiro e tira a roupa. Olha sua imagem no espelho, esticando a cara e as sobrancelhas. Pega uma toalha, a coloca ao lado do box de vidro e entra para debaixo do chuveiro. Abre a água fria e, jogando a água no rosto com as duas mãos, fecha os olhos.

Friday, September 23, 2005

Vagando por aí













Landscape Beach
by Guy Denning


Livre para andar, vagando sem rumo pré-definido. Muito bom. Posso até sentir a brisa gostosa me acariciar a face, embora não se passe de imaginação; na verdade aqui não venta. Mas vejo as forças que se espalham por todos os cantos, formando novas dimensões e parâmetros para o que, mais tarde, irei chamar de realidade. Me deixo levar e vou. Lógicamente que com um certo receio escondido no fundo das minhas vontades, mostrando o quanto o comodismo - e a inércia - costumam causar aquela falsa sensação de segurança. Só que hoje é o meu dia, hoje eu venci. Hoje estou livre! Hoje... ao menos hoje.

Monday, September 19, 2005

Eterno enquanto dure

Assim, na frente de todos. Mas, ao mesmo tempo, sem ninguém por perto. Pudores demais não são pra mim; coisa de gente careta. Vou te beijar, vou te adorar, ao menos até o dia em que passemos a nos odiar. E aí, quem sabe, talvez possamos ser amigos; ou não.

(foto por Robert Doisneau)

Saturday, September 17, 2005

Um misto de paz com fantasia




















Wedded Rocks - Ise bay, Japan, 2001
by Rolfe Horn
www.f45.com

Em estado de choque - deslumbramento



















My Darkest Hour, David Ho
www.davidho.com

Estou despertando uma inspiração, para a composição musical, com essa minha nova aventura pelas artes visuais. Quando vi esta imagem, além de maravilhado, ouvi o som de uma guitarra linda e poderosa, ao mesmo tempo que cruel e macabra. Ele - o som - na verdade não existia; ao menos até o momento em que eu liguei o amplificador e o executei. Encontrei uma nova fonte de inspiração.

Vontade de arte - sim, mais arte ainda!















Mourner, digital, 2004
Analog & Digital Art Chet Zar

Tuesday, September 13, 2005

Manias, leques e a cultura popular

Alguns hábitos parecem não ter nenhum sentido mesmo. Como por exemplo o modo como as pessoas falam - "e quem esse cara acha que é para se colocar em terceira pessoa? Ele se acha uma não-pessoa? Bom, estando em 3a pessoa ele já se torna uma pessoa de qualquer modo". O não costuma ser o pivô de alguns desses casos. Como quando você chega em casa e vê seu irmão mexendo na sua gaveta - coisa que te irrita - e você pergunta o que ele está fazendo. Você e ele sabem que ele está colocando a mão onde, a princípio, não deveria. Mas, qual é a resposta que ele poderia dar em um caso desses? "Não, é que eu estou procurando uma caneta para escrever o...". Como assim "não"?! Está ou não está? Ou quando a sua mãe lhe pergunta “você vai sair de carro agora?” e você responde “não, é que eu vou na casa do fulano (o que é mentira mesmo...), mas eu já volto”. Parece que as pessoas tem medo de dizer “sim, estou fazendo isso mesmo, pode acreditar!”
Outro caso recorrente é o de uma metáfora que todo mundo conhece, mas ninguém reclama de ser ridiculamente mal construída. "Ampliar ao leque". Isso mesmo, ampliar o leque. Entendeu? Ok, vou explicar. "Vou fazer este curso para ampliar o leque de possibilidades", dizem alguns, bastante confiantes, aliás. Agora eu te pergunto: Você já viu alguém ampliar um leque?! Mas é claro que não, pois um leque não se amplia! Você pode abrir um leque, mas para ampliar acredito que nem mesmo quem sabe fazer leques se daria ao trabalho de ampliar um, mais fácil seria fazer outro maior. Vale lembrar que se estamos falando de uma metáfora, é preciso entrar no clima, sem fazer jogo de palavras pela metade - provavelmente isso veio de um hábito da cultura popular, da ignorância; assim como a lenda de que fazer a barba após o almoço causa a morte imediata... é minha filha, não é mole não. Então, acredito que seria muito mais sensato dizer "vou fazer este curso para trocar de leque". Ou até mesmo - o que eu julgo como sendo a melhor opção - "isso com certeza irá ABRIR o meu leque". Sim, porque um leque pode ser aberto ou trocado, mas eu nunca ouvi falar de alguém que o levasse para um artesão que fosse ampliá-lo. Se você não concorda, tudo bem. Pode ir procurando alguém que amplie o seu leque. Eu prefiro o costume oriental de, antes de se abanar, abrir o tal do maldito leque - não agüento mais escrever esta palavra. E, outra coisa, abrir o leque é uma analogia de como uma pessoa nasceria pequena e poderia ir crescendo, baseando-se no que seria possível esta alcançar com os seus potenciais, estes presentes desde o seu nascimento - o leque também nasce com o mesmo potencial de abertura que ele alcança quando "estimulado" ao máximo.

Sunday, September 11, 2005

E um brinde à preparação...

"Se eu tivesse nove horas para cortar uma árvore, passaria seis horas afiando meu machado"

- Abraham Lincoln

Saturday, September 03, 2005

Cuidado com certos indivíduos

Algumas pessoas parecem verdadeiras tempestades. De uma hora para outra o tempo se transforma – para melhor ou para pior, neste caso – e isso causa um susto em todos ao redor. Suas atitudes são muitas vezes pouco pensadas, elas vêm por instinto. Não um instinto animal, agressivo, mas um instinto que vem do inconsciente, verdadeiro e exagerado, como se houvesse entre essas pessoas e o resto do mundo uma lupa que engrandecesse tudo o que ocorre.
Pessoas assim mudam da água para o vinho sem aviso prévio. Elas conseguem até mesmo transformar o dia seguinte ao dia em que elas realizaram seus sonhos em um dia infernal, como se tudo conspirasse pela sua derrota.
Complicados, esses seres imprevisíveis andam por aí, livres e soltos, sem que ninguém faça nada! Cuidado, eles podem estar em cada canto, em cada esquina, em qualquer lugar. Quando você conhece um indivíduo simpático e acredita é uma pessoa normal, principalmente nesses casos, eles são bem suspeitos – até porque ninguém é normal, faça-me o favor...
Agora relaxe. Aqui você pode descansar, está em local seguro. Protegida de tudo e de todos esses psicopatas de plantão, todos esperando uma oportunidade para estragar o dia, a semana ou quem sabe o mês!, de um pobre inocente que saiu apenas para tomar uns drinques sem fazer mal algum a quem quer que seja.
Não precisa ter medo... hahaha, HAHAHAHAHA...- mais um idiota para a minha lista.

Tuesday, August 30, 2005

Hoje não tem título

Penso nos poemas como uma forma de expressão que ocupa menos palavras. Não chega a ser menos do que certas frases de impacto, mas estas dão mais certo para escritores famosos ou celebridades – até mesmo em revistas de fofoca. Algumas pessoas me dizem que não gostam de poesia, que acham um saco. Bom, eu seria muito suspeito para falar, porque eu escrevo os meus poemas, mas aqui vai uma verdade – peço que guardem segredo: não leio poemas. “O que??!! Como assim você não os lê?! Vai escrevendo assim, sem mais nem menos?” A resposta é sim. Não tenho esse hábito. Já até mesmo me programei para ler um ou dois por dia, durante a noite, mas não dá. Não sinto aquela atração que te faz correr numa direção específica em busca daquilo que você tanto deseja. Muitos poemas eu acho maravilhosos, mas alguns você lê e pensa “e daí?”. Mais engraçado é quando isso ocorre com textos de escritores famosos, considerados incríveis, gênios. Para mim é muito mais fácil escreve-los, sendo muito difícil ficar quieto quando chega uma inspiração rompante. Quanto à parte da escrita, prefiro os textos de uma página ou duas, corridos. Muitas vezes não sei como classifica-los, apenas os encaro como sendo reflexões, divagações, mas ao mesmo tempo nada que eu pudesse chamar de “um conto”. Clarice gostava disso – nossa amiga, a Lispector. Para ela não tinha essa de ficar classificando os textos. Muito menos prendê-los a estilos específicos. Isso seria impedir a inovação, a fluência, a criatividade. À arte não podem ser impostas barreiras, regrinhas bobas, nada disso. Devemos deixar tudo fluir, sem preconceitos, para que possamos transpor nossos próprios limites e descobrir do que somos realmente capazes – senti uma leve vontade de me enveredar pelo tema do controle que a sociedade faz sobre nós, nos podando, ditando nossas opções possíveis e cortando fora o que não se encaixa nos padrões; tudo para manter aquela falsa imagem de segurança e certeza sobre as verdades da vida...

Monday, August 29, 2005

A vida vivida

Quero sofrer
Quero correr
Quero cair e me levantar
Quero ver o sol nascer
Quero ver meu amor indo embora e isso doer
Então vou querer um outro amor

Quero muito de muita coisa
Quero apostar
Quero vencer e também quero perder
Acertar sempre é muito chato

Não quero ser perfeito
Quero ver tudo e ver todos
Ver quem eu gosto e também quem me irrita
Estes tendem a me fazer aprender
Nem que seja o porquê de eles serem assim

Quero ver a dor, entender que não são tudo flores
E que, se o mundo fosse feito de sorvete,
iria engordar muito
E muitas vezes seria mal feito também

Algumas coisas me perturbam
Mas eu também perturbo,
Não fico quieto frente às coisas!
Podem reclamar à vontade
Apenas não esperem que eu concorde
- de qualquer forma vai ser bom –

Pessimismo?
I don´t think so
Eu não tenho tempo pra esse tipo de coisa
Estou aqui pra viver

Monday, August 22, 2005

Veio se meter onde não devia, se deu mal

Uma mosca posou na minha sopa. Maldito Raul Seixas...

Música: "Ligh my fire", the Doors

Sunday, August 21, 2005

Chico Buarque, na voz de Seu Jorge

Todo dia ela faz tudo sempre igual Me sacode às seis horas da manhãMe sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelãTodo dia ela diz que é pra eu me cuidar E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar E me beija com a boca de café
Todo dia eu só penso em poder parar Meio-dia eu só penso em dizer nãoDepois penso na vida pra levar E me calo com a boca de feijão
Seis da tarde como era de se esperar Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar E me beija com a boca de paixãoToda noite ela diz pra eu não me afastar Meia-noite ela jura eterno amorE me aperta pra eu quase sufocar E me morde com a boca de pavorTodo dia ela faz tudo sempre igual Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelãTodo dia ela faz tudo sempre igual Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual E me beija com a boca de hortelã

Saturday, August 20, 2005

Na espera

O roteirista de Pulp Fiction, o diretor de Forest Gump, John Malkovitch, Anthony Hopkins e Angelina Jolie (!!!!) estão rodando "Beowulf" - poema épico britânico escrito por volta do século 8, contando uma antiga história de um herói escandinavo que durante suas explorações salvou os dinamarqueses do monstro Grendel -, com estréia prevista para 2007.
Com licença, depois dessa até preciso pegar um pouco de ar...

Ps: Angelina interpreta a mãe do monstro.. aposto que ela está adorando...

Trilha: "Purple Haze", Jimi Hendrix live at Woodstock

Friday, August 19, 2005

Perdidos no meio da selvageria

De uma forma mais ampla e prática, as coisas não mudam de forma a facilitar as nossas vidas. Essa é a tendência, que abocanha os despreparados, deixando-os na amargura. Mas, uma possibilidade que nós temos, e essa ninguém pode, e nem deve, nos tirar é que sempre podemos seguir outros caminhos. A caminhada é dura, mas podemos fazer a nossa própria trilha no meio da selva.

Wednesday, August 17, 2005

Mark Twain 1

"Meus calorosos votos e imensas esperanças natalinas de que todos nós possamos nos reunir em eterna paz e felicidade (exceto o sujeito que inventou o telefone)."

Dicas Úteis para uma Vida Fútil - um manual para a maldita raça humana

Só uma frase

Tem gente que acha que a vida é uma corrida de 100 metros. Esses se estrepam. Na verdade são 100 metros com barreiras.

Não costumo seguir a linha da ficção científica, mas...

Marionetes

Estão todos aqui. Sentados em suas respectivas cadeiras, atentos à explicação do mentor. Mas algo não está certo. Suas afirmações são recebidas sem a menor objeção, entrando direto nas redes de arquivos neurais consideradas como sendo cientificamente comprovadas – e o que isso quer dizer, afinal? Verdades absolutas, mesmo quando não fazem sentido. E ninguém move uma palha.
Um pio e você está fora. Nada de canja ou colírio. Aqui também não há almofadas. É joelho no milho e só. Discutir, forma mais imperdoável de blasfêmia, é sinônimo de uma passagem de ida, apenas, para o inferno. Até tu, Sócrates? “Sim, até eu, meu caro”. Seria pior do que este lugar, onde um simples fruto da curiosidade te condena? Não há como ignorar o conhecimento uma vez que ele é posto em sua frente, ele te tenta, tenta e você nem tenta mais resistir.
De cara a cara com o mal, eu o desafio, e vejo o que eu não queria. Mas hoje eu digo que se voltasse o faria novamente. O chão se abre. Uma armadilha. E enquanto o peso do meu corpo me puxa rumo ao obscuro e desconhecido, observo o antes inimaginável. Fios condutores, todos ligando a cabeça do mentor as cabeças dos demais presentes, nesta sala quadrada absurdamente claustrofóbica, embora antes parecesse ser bem ventilada. A cada gesto ou expressão facial, ou até mesmo um passo, choques são dados. E com os choques, impulsos nervosos já e controlados organizam as mentes.
Com a queda, o fio em mim se rompe. Agarro-o por reflexo, mas precisão. Eu o puxo com bastante, apoiando meus pés nas paredes do túnel vertical que ansiosamente espera para me engolir. O caos reina no recinto. Raios frenéticos para todos os lados. Corpos queimando com seus olhos virados. Os mais resistentes me lançam um olhar de desdém e ódio. Alguns destes, meus fiéis amigos. Minha visão se distorce e eu deixo de sentir.
Escuridão. Um som abafado, estranho. Parece que algo me isola da existência, da realidade. Do mundo todo. Tento me mover e sinto algo cremoso e ao mesmo tempo denso envolvendo todo o meu corpo. Ouço mais sons vindo de fora, mas nada vejo. Canalizo, então, minhas forças todas e me sacodo. Sem parar. Como se estivesse dentro de um balanço. Tudo parece ir de um lado a outro. Vai e vem. Me mexo ainda com mais força, toda que sou capaz. A dor me acerta em cheio, queimando meus músculos já sem oxigenação, mas eu não desisto. Não agora. Deve haver uma saída. Estou ficando cansado, sem força alguma. Me esgotei, mas minhas esperanças não se foram. Vou ficando sonolento. Muito sono, muito sono. Acho que não serei capaz de vencer. Não posso dormir, não posso... não posso... dormir... durmo.
Seres estranhos se comunicam do lado de fora, enquanto estou imerso em meu sono confortável. Uma paz... Súbito, acho que estou em movimento. Estou caindo! Nada posso fazer. O impacto, semelhante ao acidente de um carro, só que neste caso eu estou envolto por airbags “cremosos”. Minha cela se abre. Vermelha, ela se assemelha a um caqui, gigantesco e todo esparramado pelo chão. Pela terra, na verdade. Estou no meio do mato, e, com a fome que estou, como todo o imenso caqui. Ah, que delícia!
Minha mente agora, mais do que nunca, me avisa que os ventos vindo da esquerda são o indício de que existe algo a ser descoberto. Vejo areia. Ando mais e encontro uma praia. O mar sem fim, lindo como eu poderia desejar. Vou a ele e ponho os pés na água. Hesito. Me indago. Será que é isso que eu busco? Isso me fará feliz?
Mergulho na água e nado. Sem parar.

Tuesday, August 16, 2005

De frente para o mar

O tempo fechou
A dor chegou
E o outro tempo agora cessou de passar
Inconstantes, pensamentos fazem rodar
O odor da discórdia,
A saudade do teu calor, e muito mais,
Batem com força

Estas calçadas vazias
Cheias de gente
Sozinho, aceno aos passantes
Todos cegos
Surdos, mudos

As ondas, o sol morto que da lugar à lua
O vento.

Carros perturbados, mentes cansadas
Todos pedindo paz,
Arrego
Eles e eu

Noite passada,
Noite feliz
Um sonho que parecia não acabar
Hoje,
A ressaca;
Mas não de ontem.

Sunday, August 14, 2005

Próximas lembranças

Eu
que vindo de longe sem deixar de estar perto
que declamava palavras bonitas dentro ne minha própria mente
e sentia o frio de baixo de muito sol,
voltei

Voltei de longe
bem longe mesmo
tão distante que parece incrível como eu tenha conseguido voltar

Agora olho essa casa
vazia e maltratada
que hei de cuidar uma vez que estou de volta

Meus poderes como humano medíocre são maiores
e meus medos, bem.. esses continuam por aí
mas eu os tenho enfrentado, preciso ressaltar

Um salto
Atravesso o espelho

Olhando por dentro de mim mesmo, mais a fundo do que antes
entendo os porquês
vários deles
mais do que transparente, a verdade se reflete
e se mostra ao infinito

Infinito de sonhos que agora vivo
sabendo escolher melhor
quais as cores ideais
que irão marcar as minhas próximas lembranças

Tuesday, August 09, 2005

O fantástico mundo de Bob, no país das maravilhas

A mente criativa de um homem produz imagens extraordinárias. Algumas destas, porém, não tão belas.

Friday, August 05, 2005

Compositor de fibra

Difícil escolher o que deixar no HD, para abrir espaço em disco. Minha sede atual por arquivos de música está sem limites. Nós últimos dois dias, só para exemplificar, adicionei 11 álbuns diferentes à minha pasta reservada para tal finalidade. E a lista do que falta só parece crescer, mais e mais. Entre os que baixei estão Wilco, Arcade Fire, Bob Dylan, Ed Harcourt, Sigur Rós, The White Stripes, Pavement, The Kills, Josh Rouse. E falta muita coisa ainda. Falta também tempo pra ouvir isso tudo!
Mas, uma coisa eu não faço: correr o risco de deixar um artista extraordinário se manter distante do meu conhecimento apenas por descuido. Muitos dos meus preferidos tiveram uma oportunidade rara de se fazer notados pelo meu universo musical, até então ignorante quanto à sua existência.
Uma dica importante para quem gosta de música - e não fica muito feliz em desperdiçar oportunidades: Ed Harcourt. Este é o nome que mais me cativou nos últimos tempos, sendo que adquiri mais discos recentemente que o humanamente natural - muito mais até do que você está pensando agora... não, bem mais do que isso também.
Quem puder, as dicas são a música "God Protect Your Soul" e o site www.edharcourt.com , onde há uma música do CD novo e três vídeo-clipes ( dois funcionando). Ao abrir o website a música toca automaticamente.

Saturday, July 30, 2005

Um filme incrível

Assistam "Sin City - A Cidade do Pecado". Um show de atuação, de imagens, de criatividade, de música e de violência. Surpreendente.

Wednesday, July 27, 2005

Rumo à China

Descobri que tenho uma atração forte pela cultura chinesa. Após assistir aos filmes "Herói" e "O Clã das Adagas Voadoras" decidi que eu teria as trilhas sonoras de ambos os filmes. Adquiridas as trilhas, começei a procurar informações a respeito da cultura deste interessantíssimo país. Língua, caligrafia, música, instrumentos tradicionais, história, artes marciais.. é um mundo incrível, bem distinto do nosso mundo cotidiano, que está a nossa espera, basta que nos interessemos em buscar.
Os bons motivos não são poucos. Fala-se muito em trabalhar a mente, sabedoria e meditação contra o stress, e os chineses são craques nisso. Levando em conta que a sabedoria deles é milenar, que o violino foi inventado lá, o Fen Shui também e muito mais -como a medicina chinesa, que dizem ser incrível - não tem como ignorar essa grande potência e constante evolução.
A caligrafia para eles não precisa ser apenas o ato de escrever. Para eles a caligrafia é uma arte - e ao que me parece, pode ter relação também com a arte do domínio da espada; bom, isso é algo presente no filme Herói, mas não confirmei ainda a veracidade da informação.
Prestem atenção nos cursos de Chinês - "língua chinesa", no caso. Eles estão surgindo aqui e ali, cada vez menos tímidos. Um amigo disse que teve que entrar numa lista de espera para poder fazer um desses cursos, o que levou quatro meses - a espera, não o curso; aliás, fico imaginando quantos anos vou levar pra aprender esta língua... sim! Eu quero aprender chinês!
Wi-wo its trrê! Não sei se significa alguma coisa. Só espero que não esteja xingando nínguém...


Não consegui evitar, precisava continuar este texto - só mais um pouquinho, ok? Imagine só conhecer os monumentos antigos, a vegetação magnífica e poder ler na língua original o que todo mundo lê reciclado - e quem sabe, remixado. Isso vai muito além. Muito mais do que ir pra São Paulo ou para um outro país tão ocidental quanto o Brasil.

Tuesday, July 26, 2005

Em dia com o cotidiano

Na tentativa de manter este blog atualizado, inicio estas palavras. Sentado aqui em frente ao computador, que nem sempre obedece às minhas ordens, descanso da caminhada que acabei de fazer. Se fosse apenas uma caminhada seria mais fácil, mas fui passear com a Fox, cadela daqui de casa - uma aquisição recente. O nome dela, no caso, foi dado pelo meu irmão mais novo. À princípio eu também estranhei o nome - tenho certeza de que VOCÊ estranhou antes de eu comentar -, mas quando me recordo dos estúdios produtores da sétima arte me sinto mais tranqüilo. Ela me deu muito trabalho. Desde esmagar minha mão direita - eu enrolei a coleira dela para poder controlar melhor os movimentos dela - à quase me fazer cair no chão. Nunca vi um cachorro que não deixa o dono correr ao seu lado por tentar mudar de lado a todo momento. Por causa disso só pude caminhar, fazer o que... Bom, chamei de cachorro porque nem sempre me refiro a ela como "cadela" - costumo usar "cachorra" também.

Uma boa notícia! Logo quando estava descendo para almoçar, o telefone toca.
- Alô?
- O Guilherme, por favor.
- Sim, sou eu.
- Guilherme, aqui é da zona eleitoral. Haverá uma votação para a lei das armas em breve e a votação será obrigatória. Como você foi primeiro mesário na eleição passada, gostaríamos de convocá-lo para ser presidente de mesa.
- Eu já trabalhei uma eleição em Teresópolis e duas no Rio. Pela lei só preciso trabalhar três, não é?
- Sim, mas você precisa trabalhar três vezes aqui para que a juíza possa te liberar. Você tem uma semana para tomar posse.

Desligo o telefone com uma felicidade que não cabe no meu peito e desço para almoçar - com medo de que a comida não caia bem...

Saturday, July 16, 2005

Por ali

Deito e vejo os outros
vejo você
nos vejo correndo para bem longe
sua malas feitas às pressas
o anseio por algo novo
misto de medo e liberdade

Sua vida escorre, se esvai
continue respirando
tenha forças
estamos quase lá

Quem sabe por aquela janela
encontro uma floresta
pura e selvagem
esperando por nós dois?
Crescendo sem rumo e sem fronteiras
buscando o infinito e o impensável

Thursday, July 14, 2005

Desconstrução

Olhando para o céu, ele vê o inevitável, busca um abrigo, meteoros por todos os lados - um dia isso iria acontecer -, pare de gritar e olhe, não pode fugir, o nosso destino é o mesmo, por baixo destas pedras quentes, o nosso sangue podre, toda uma existência ignorada, e o medo de perder o que não gostava de ter, a dor se vai e vem a calma, não é escuro, abra os olhos, chovem as lágrimas de ontem, lavando a dor.

a porta está perto, apenas mais um pouco...

Sunday, July 03, 2005

Re-descobertas

O mundo, as verdades, as realidades – as percepções. Todas elas juntas me dão um banho. Um banho energizante, abrindo a minha cabeça, que neste momento apenas admira quieta. Este espanto chega quando eu achava que já sabia o suficiente para que um choque como este não viesse a ocorrer novamente. Mas, enxergo novas cores agora. É como se eu estivesse entendendo aqueles tons que aparentemente são iguais – ou parecidas demais para serem notadas –, mas os designers conhecem o seu valor; são imprescindíveis.
O engraçado é que, ao mesmo tempo em que percebo melhor as coisas, acreditava que se pegasse a caneta, não sairia nada neste pedaço de papel. Mais descobertas.
Ok, não saiu quase nada mesmo. Talvez fosse melhor deixar este texto de lado e ir fazer algo de útil. Talvez não. O que poderia ser mais útil do que tentar evoluir em cima de algo que parece não estar tão bom quanto deveria? Bem, se formos partir do ponto de que nada faz sentido, tanto faz a resposta. Mas eu ainda acredito que valha a pena. Não estou escrevendo sem um motivo – por mais que eu ainda não saiba qual seria este -, portanto, não acho que deveria parar.
Desta vez quase parei. Do último parágrafo para este levei cerca de uns 40 minutos! Tinha até mesmo ameaçado desligar o computador, enquanto me levantava! Bom, saiba que eu enganei você, levei apenas um minuto.
Sobre o que estávamos falando mesmo?

Friday, July 01, 2005

Nosso amigo Albert

Criativo, pacifista, genial. Sua capacidade de compreensão aliada a sua determinação, que por sua vez tornou possível tamanha concentração, foram importantes para todos os que vieram depois. Sua vontade de saber, de aprender, de fazer era inquestionável. Autodidata, ele se isolou e foi construir o seu. Era independente e irrefreável. Não gostava de convenções, de regrinhas idiotas, de toda essa baboseira que reina por aí, por aqui, por todo canto que se olhe. O desejo de entender os mistérios da natureza, do mundo que nos cerca, foram o combustível para essa força que ele tinha.
Seus trabalhos mudaram o mundo. Mas, infelizmente, ele não conseguiu a paz. Mudar o mundo é bem diferente de consertá-lo. E mesmo porque, algo que se conserta pode cair no chão novamente. As bombas que destruíram as coitadas das duas cidades lhe causaram tristeza. Um pacifista vendo suas palavras tornarem possível a destruição de inúmeras vidas. Mas ele avisou. “A bomba acabou com a guerra, mas não trouxe a paz.”
Um dos poucos cientistas alemães a evitarem a primeira guerra, tendo pedido para se naturalizar suíço, ele pensava. Pensava de forma independente. “Se eu achar que sei, vou parar de descobrir.” Ele buscou, por meio do esforço, o que muitos de nós deixamos por causa da falta de consciência.
Dez por cento inspiração, noventa por cento transpiração.

Wednesday, June 29, 2005

Tudo muito simples

Tudo, com o tempo, se mostra como sendo mais simples do que parecia ser inicialmente. Mesmo quando achamos que estamos enfrentando uma situação muito difícil. A nossa surpresa frente ao que é um novo problema - que deve ser resolvido como sendo um problema mesmo, como fazíamos no colégio - sempre nos assusta.
Enxergo as coisas como sendo feitas de complexidades simples. Resolvendo-as de forma analítica, desmontando-as e fazendo 1+1+1+1, e por aí vai, encontramos melhores - na verdade mais fáceis e verdadeiros - resultados.

O tempo passa e,
com graça,
a idiotice diminui.

Friday, June 24, 2005

Homenagem

Algumas pessoas têm a capacidade de marcar nossas vidas de uma forma absurda. Sua relevância se dá de forma tão acentuada que causam um choque, um susto. Nos fazem gostar mais da vida, do mundo a nossa volta. Nos alimentam com mais vontade de viver. Uma personalidade fantástica, diferente do que estamos habituados a encontrar, que deixa marcas feitas de gostosas lembranças. Que não causam dor, apenas bem estar. E com certeza um outro bem estar além deste. A esperança de que iremos encontrar essas pessoas logo, em breve, as soon as possible. Deveria ter escrito em francês, mas não o fiz. Aude, este texto é para você, assim como o foi um outro, tempos atrás, e, sem sombra de dúvida, serão vários outros que o futuro nos reserva. Sinto saudades, mas de uma forma boa, que aquece. Um sentimento tão forte que ainda não entendi por completo – e na verdade nem preciso, já é bom assim. Ok, chega de babação.

Wednesday, June 22, 2005

Uma letra com várias outras

Livros caetano veloso

Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando para a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.

Tropeavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.

Os livros são objetos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou - o que é muito pior - por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:

Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.

Monday, June 20, 2005

Pão e circo

"Senhor, o povo está revoltado, não tem comida, está doente!, Dê a eles então festas, jogos, lutas em arenas para que eles se distraiam e fiquem com a ilusão da felicidade!, Senhor, que tal se incentivássemos os jogos de futebol? Poderiam, além disso tudo, tornar o nosso país de terceiro mundo um país internacionalmente conhecido!, Isso, dê a eles também ídolos, para acreditarem em algo e acabarem aquelas idéias de revoltas..."

Tuesday, June 14, 2005

O sentido da vida

Toda a beleza do mundo num só ser
Exagerado, não creio estar
Basta ver.
Olhe em seus olhos
E compreenderá
Que não falo besteiras
Para o tempo passar

Quando ela sofre
Sofro eu também
Ouvindo, de braços abertos, o céu dizer amém
Com meus olhos honestos
Em meio a esse vai e vem

Um sorriso, um aceno
E mais uma vez ela me aprisiona,
Enquanto eu mesmo me condeno,
Nesse sufoco ao qual a vida me impulsiona.
Um sentimento nada ameno
Misto de prazer com desespero
Na encruzilhada deste enigma,
Em frente ao sol e à lua cheia,
Aos quais, de joelhos, faço um apelo.

De certo não é ela
A única donzela
Mas com segurança afirmo e bato o pé
Exaltando com esta goela
Que nem mesmo ventos e trovões
Me afastariam das emoções
Que sinto ao vê-la chegar
De passo em passo, de ar em ar,
Essa moça magnífica que um dia
Em minha vida resolveu entrar.

A ti, bela moça, jogo meu olhar
É com você mesma, não se engane
Pode encarar.
Ando neste deserto,
Não obstante o frio ou o calor,
Buscando uma chance para em seus braços estar
Dispondo a você meus músculos,
Meu calor e todo o meu ar.


Neste sonho quero estar
Amarrado a ti como nenhum outro há
Me derretendo ao odor do teu perfume
Nas noites de vazio e de tristeza
Em que vejo o sentido da vida
Todo presente na leveza
Que encontro neste mundo
Quando miro o teu olhar.

Infinito este poema poderia ser
Não tendo um fim por agora
Ou quando o amanhecer
Mas no momento não busco a glória
Apenas quero ver
Se estas meigas palavras te comovem
E enchem a sua alegria de viver.

Tendo dito a que vim
Então me refaço
Esperando por ora
Um outro compasso
Em que me beija, me abraça
Me adora e eu renasço.

Wednesday, June 08, 2005

Frases de Émile Coué

"Ilude-se quem acredita não ter ilusões."


"Não passe o tempo a procura de doenças que você possa ter, porque, se não tiver as verdadeiras, você poderá criar as artificiais."


"Não é a sorte que nos faz, somos nós mesmos que nos fazemos."

Monday, June 06, 2005

Sobre Oscar Wilde - iniciado nos comentários do último post

Ele não precisa estar absolutamente certo. Existem pontos de vista, e não a tal da "verdade", nestes casos.
As coisas simples se expandem aos nossos olhos quando descobrimos a incrível complexidade de cada sistema, sendo ele de idéias ou de qualquer outro tipo. Além da inter-relação entre as coisas, existe também a relatividade. Verdade única, absoluta e com apenas um lado, se unirmos todos essas três características, encontramos o fanatismo.

Somos atores, interpretando papéis, sendo enganosos com e próximo e com nós mesmos, manipulando a verdade, a realidade, criando assim uma proteção contra o mundo real e as situações que nos desagradam, como uma auto-defesa?
Sim e não. Acontece o tempo todo, mas não é apenas isso que acontece.
Um exemplo interessante que podemos encontrar seria as boas ações. É chamado de altruísta aquele que faz bem ao próximo, sem pensar em si mesmo e se colocando em segundo lugar. Só que está idéia é mal analisada. Quem faz o bem para o próximo sempre afirma que se sente muito bem fazendo isso. Seria ele, então, egoísta, uma vez que ele só faz atos de "boa fé" baseado em seu próprio prazer e satisfação? Essa é uma pergunta complicada de se responder. Entram aí muitos fatores, como a definição do que acreditamos ser o certo e o errado - que muda de uma cultura para outra.
Tanto quem faz o bem, como quem faz o “mal” estão seguindo seus próprios instintos. Uma pessoa não precisa ser má para fazer algo de ruim para os outros. Basta estar em uma situação que a deixe sem condições psicológicas para agir como lhe foi ensinado – e mais alguns outros fatores, que causam reações psicológicas adversas. Quem faz algo de ruim, na verdade precisa de ajuda, mas não a encontrou e libera seu pedido de socorro com atos tidos como malignos ou destrutivos.

Certo e errado? Conceitos deturpados – ou criados – tanto pelas crenças religiosas - com a ajuda da persuasão de seus líderes - como pela necessidade de segurança dos povos.

Sunday, May 29, 2005

Faça chuva ou faça sol

Cada dia ando
Passos e mais passos
Uns para frente, outros parecem que não
- mas os empecilhos me movem para frente
mesmo que acredite estar dando a ré –

Outro dia, uma batalha
Um começo, um outro recomeço
Minhas mãos lavam o rosto que dará a cara aos tapas
Crenças se abalam,
a motivação se desgasta
e outro dia se renova, como se o dia
estivesse nascendo pela primeira vez

Incerto, frio, quente, seguro
Tudo isso ao mesmo tempo
Temporal, mar aberto e com nuvens negras
Sonhos ruivos e verdes,
uma caneca na mão e um cobertor

Nada simples, muito simples
Fácil, mas trabalhoso
Previsões seguras e incertas
para o amanhã,
que aguardo ansioso

Tuesday, May 24, 2005

Por que? Porque eu gosto. Só por isso.

"My scientific work is motivated by an irresistible longing to understand the secrets of nature and by no other feelings..."

- Albert Einstein

-------------------------------------------------

O sentido que falta


Falta sinceridade
Falta seguir os instintos
Falta o uso das capacidades,
o que foi aprendido

Falta discussão
Falta reflexão,
o pensamento na realidade

Falta foco, falta estudo
Falta isso tudo
Mas falta algo mais
Nada demais

Falta atitude,
falta compreensão
Parar de pensar, parar de escrever
e começar a fazer

Depois faltarão outras coisas...

Saturday, May 14, 2005

De pé, com uma cadeira de prata

Noite. Tumulto, muitas pessoas se esbarrando para ver o que está na frente. Alvo da obsessão: o palco. Nele, tudo o que se desejava e um pouco mais. Um show fora do comum, daqueles que passam a definir pelo resto da sua vida o seu nível de exigência quando lhe perguntam qual o seu conceito de uma noite perfeita.
Entra um piano, para mostrar que por aí vem algo. Sua melodia chega aos ouvidos trazendo um misto de prazer com suspense, porque a qualquer hora está para surgir o monstro, filho de um ser não-humano com uma mortal. O mestre entra em palco. Sua guitarra faz sons estridentes, que parecem ressoar ao infinito, enquanto ele se contorce de prazer e satisfação. Notas soltas, presas, dentro e fora da tonalidade, seguindo apenas as regras impostas por novas regras; estas, sem limites. O importante aqui é a arte, e a beleza também.
O ambiente está azul, não como o azul blue, mas um azul sem tristeza, mesmo que as letras das canções remetam a sentimentos nada felizes ou agradáveis. O azul da iluminação aqui nos carrega para um outro lugar, um lugar onde se entra em êxtase, um lugar de realização plena, onde as imperfeições do mundo deixam de existir. A atmosfera macia e confortável conseguindo anular o incômodo que normalmente seria se amontoar junto a milhares de pessoas num pequeno espaço.
Sonho. Essa é a cara desta noite, que não sairia da lembrança jamais. Mesmo em mil anos.

Friday, May 13, 2005

Das chamas para a calmaria

Três pontinhos. Isso mesmo, reticências. Leia-se: completa noção da falta de vontade de raciocinar, pensar ou remoer pelo instante que seja, qualquer tipo de pensamento. Dor de cabeça, quero me desprender deste lugar. Este buraco, quartinho sujo e maltratado, essas minhas roupas rasgadas.. tudo me causa irritação! Nada de ficar pensando muito em Kant, que se dane. Vamos escutar um pouco Schopenhauer. Nem os gregos que avisavam em uma placa que “aqui só estuda filosofia aquele que tem o domínio da matemática”. Preciso respirar, e isso eu não vou fazer junta a expressões numéricas ou analogias com as teorias da física ou qualquer que seja; nem mesmo a da relatividade! Quero chutar, socar, rasgar. Dar um grito de libertação, expulsando o mal estar deste corpo, que se torna doente mesmo com a alimentação em dia.
Se tem uma coisa que eu não suporto, é ter uma opinião por causa de um filósofo. Aquele indivíduo que diz “isso não sou eu, é o filósofo X”. Um pouquinho de personalidade, por favor. Existe uma preocupação imensa em saber o que os outros disseram, para que assim o nosso pensamento, a nossa idéia, seja aceita. Nada disso, discordo em gênero, número – olha ele aí – e grau. Vale muito mais a opinião daquele que olha, observa, analisa. Refletir não é apenas concordar com um filósofo ou pensador e sair por aí pregando o que ele disse como sendo o certo e ponto final. Ponto final quem diz aqui sou eu! Balela! Até hoje não encontrei nenhum ser, seja pessoalmente, seja lendo a respeito, que eu considerasse perfeito. Isso não existe. Também não existe essa de que o que foi considerado certo num passado ande por aí com uma etiqueta dourada, significando “imaculado, você não pode quebrar ou achar falhas neste conceito”. Mitos, idolatria, preguiça humana, enganação.
Da mesma forma como acho idiota julgar as idéias de um homem apenas porque ele não seria uma pessoa agradável. Já ouvi gente dizendo que Nietzsche era um revoltado sem argumentos. Disseram ter lido sua biografia – Heche Homo – e percebido que ele foi um homem sem valor. Certo. Agora, gostaria de entender como diversos doutores em filosofia – inclusive um, padre, que escreveu o prefácio para esta mesma biografia; na edição da Martin Claret – crêem ser Nietzsche um dos filósofos mais importantes. Eu mesmo acho que lê deve ter sido uma pessoa insuportável, complexa, difícil de se estabelecer um convívio – mas, quantos de nós somos realmente fáceis? Embora pense assim, tenho a nítida noção de que, o que mais me encantou em Nietzsche, foi a mesma característica que mais me deslumbrou ao ler sobre Sócrates. Enxergar coisas que as pessoas insistem em dizer que são loucura, perceber o quanto somos hipócritas com a maior facilidade e não nos damos conta, o quanto as coisas que mais parecem certas e comuns, cotidianas e aceitas por nós como sendo o normal, podem ser o exemplo da parte podre existente em nós. Sócrates foi condenado a morte por suas palavras e pela teimosia, por sua insistência em não deixar aqueles que se acham os seres santos e justos, viverem sua enganação em paz. Nietzsche causou tanto desgosto – seus livros eram publicados com bastante dificuldade, sorte dele ter um amigo influente, capaz de ouvir seus pedidos de ajuda – que a maior satisfação que um crítico de suas idéias tem é dizer que ele é ridículo e se contradiz ao afirmar que o filósofo é incoerente, por que suas idéias estão no plano metafísico, não alcançando o plano real, que seria onde tudo se passa. Falta um pouco de vontade para tentar entender as coisas.
É muito aceito dizer que o pobre não se esforça, que traficante merece morrer, que quem matou merece pena de morte e que aquele estranho não tem caráter por ter feito algo que nós – ainda – não fizemos. Falta se colocar no lugar do outro, tentar entender o que levou o outro a fazer o que fez. Falta buscar compreender do que se trata, qual é o verdadeiro ponto G. As pessoas buscam a paz. O problema é que se esquecem que a paz não ocorre apenas para um, enquanto outros sofrem. Ela é um sentimento que precisa da coletividade para se tornar concreto e resistente. Para se tornar real.
Este texto começou com um tema em mente e, com o teclar das letras e os correr dos minutos, tomou um outro caminho, completamente diferente. Como se fosse um papo com alguém, uma conversa comum, onde trocamos palavras sobre variados assuntos, podendo misturar futilidades com reflexões profundas. Mas, se você discorda, se você se sentiu ofendido, se está revoltado com o fato e não quer deixar que isso se repita, sei lá.. me jogue numa fogueira.

------------------------------

Hoje é sexta-feira 13.

Sunday, May 08, 2005

Uma palhinha de Baudelaire

IV
Correspondências
A natureza é um templo onde vivos pilares
Podem deixar ouvir vozes confusas: e estas
Fazem o homem passar através de florestas
De símbolos que o vêem com íntimos olhares.

Como os ecos ao longe confundem seus rumores
Na mais profunda e tenebrosa unidade,
Tão vasta como a noite e como a claridade,
Harmonizam-se os sons, os perfumes e as cores.

Perfumes frescos há como carnes de infantes
Ou oboés de doçura ou verdejantes ermos
E outros ricos, corrompidos e triunfantes,

Que possuem a expansão do universo sem termos
Como o sândalo, o almíscar, o benjoim e o incenso
Que cantam dos sentidos o transporte imenso.

- Charles Baudelaire
(extraído de "As Flores do Mal")

Thursday, May 05, 2005

O visitante indesejado

A tristeza e seus contornos fazem seu trabalho, inspirando beleza e sinceridade. Um azul que vem e não anuncia a hora de passar. Se instala, firmando raízes, emaranhando-se na mente humana, onde faz sua história. Loucuras, paranóias, neuroses. Dor, um vazio. Nada ao redor, apenas o vácuo, inerte e inerente à vida de cada um. A afirmação, e a aceitação, ainda que relutante, de que todos estão sós, sempre.
O sol, ao longe, brilha, mas já com cara de passado. Seus raios levam tempo para serem percebidos pela visão humana. Breu. De óculos escuros, caminhando entre folhas secas, pregos enferrujados ao chão e moscas fedorentas que se esbarram e caem ao morrer.
Uma saída, talvez o fim disso tudo. Enfim, uma solução. Seria real? Sincera? Pode ser, mas é muito incerto.
A solidão que assola e bate na porta, mesmo que não a aceitemos. Insistente, ela berra e sai, deixando um bilhete por baixo, uma fresta. “Um dia ei de voltar para te buscar”.

Saturday, April 30, 2005

Uma noite qualquer, em um bar inglês

Se eu pudesse escolher uma pessoa, qualquer uma, viva, para trocar uma idéia, esta seria... bem.. vou criar um pequeno suspense, mas espero valer a leitura. Cheguei a essa conclusão ontem, enquanto um amigo me contava um acontecido. Sua ex-namorada, que foi na Inglaterra para morar por uns tempos estava em um bar - como se faz aqui no Rio ou em infinitos lugares pelo mundo todo. Fora com uns amigos, apenas com o objetivo de sair de casa para variar um pouco – e conhecer gente nova, algo que faz parte da natureza humana. Foi até o balcão e sentou-se. Pediu uma bebida – não sei qual – e ficou tranqüila por uns momentos. Olhou para as amigas, olhou para o lado. Apenas observando o ambiente. Olhou para o lado esquerdo. Nada de incomum, a não ser por uma figura que ela parecia ter reconhecido, mas não parecia acreditar que fosse verdade. Paralisada, ela contemplava o que havia encontrado. Um rapaz quieto, sozinho. Bebendo como todos que ali estavam; em silêncio. Ele percebe que ela o fitava ininterruptamente. Ela tremeu um pouco ao ver que o rapaz olhara agora para ela. E, com uma expressão mista de riso, desconcerto e cansaço, ele lhe arremessa uma bomba. “Yes, I´m Thom York”.
Thom York é vocalista (voz principal, back vocals e letras), guitarrista e pianista da banda inglesa Radiohead, cultuada por nove a cada dez admiradores ou músicos do Rock contemporâneo e de vanguarda, desde a década passada (anos 90). Suas letras misturam surrealismo, crítica social, política e crises emocionais.

Tuesday, April 26, 2005

No lago da dor, a correnteza

Ao se olhar no espelho, sente algo diferente. Uma incerteza, um desconforto. Reprova sua própria imagem. Não quer mais olhar - não admite. Vira as costas como se fosse adiantar. O sentimento o persegue, fazendo-o entender que não existe para onde ir, onde se enfiar. O gosto desagradável da consciência, da reprovação – que até ele mesmo faz; muito mais até que os outros – lhe invade o corpo e tenta lhe rasgar. Bufando e suando frio e quente, se debate como um animal selvagem, até acerta com a cabeça na porta. Tudo roda e ele cai. Desaba, agora tanto psicológica como fisicamente. Estirado ao chão, lamentando, começa a tremer, nervoso. Com os dentes se atracando e aparentemente sem forças, cambaleia ao se levantar e vai de encontro à porta do quarto. Gira a chave e tranca, isolando-se, e atira a chave a um rumo qualquer que não se preocupa em acompanhar. Chora. E chorando, se arrasta pela parede que agora o mantém protegido de todo o resto, tudo que está de fora. Sua vida, o mundo, tudo. Seu mundo agora é outro, ao menos por agora. As dores de cabeça aumentam, devido a intensidade da pancada. Não há mais cigarros na cabeceira ou bebida nas garrafas caídas pelo chão. Apenas sua cama, que parece não julga-lo ou reprova-lo por nada, é indiferente. Inicia então um monólogo, daqueles deprimentes, de quem está cansado e sem crenças. Estas foram dar uma volta e não avisaram quando retornam. Entra debaixo do lençol e se cobre, abraçando o próprio corpo. E torna a chorar, sozinho.

Saturday, April 23, 2005

Mais um pouco de uh

Acredito, agora, que muitas coisas acontecem de forma programada. Coisas que não se parecem com coincidências devido a sua influência nos rumos que nossas vidas tomam e nas experiências que adquirimos com elas. Peças que pareciam não ter uma cor muito certa ganham expressão, tornando-se parte fundamental de algo. Isso tem ocorrido muito, mas apenas porque eu prestei atenção e assimilei passado e presente, baseado no que eu projetava como futuro, ou com o que eu achava que seria mas não deveria acontecer, e levei um tempo para perceber. Acredito que, alguns dias, o mundo inteiro conspira a nosso favor. Como se estivéssemos caminhando rumo a um lugar, que muitos pregam como sendo uma missão. Quanto a isso, não sei não. Mas não duvido nada.

----------------------------------

Esta semana foi perfeita. Muito cinema - fiz meu próprio festival ontem, assistindo dois filmes em seguida -, chopp e um ensaio incrível com o meu novo baixista, que animou tanto eu quanto o baterista, uma vez que misturamos Mars Volta com Jazz - espero que não tenha soado pretensioso demais; mas se a pretensão aqui for apenas "ambição" com um pouquinho de vaidade, não será exagero.

-----------------------------------

Alguns filmes bons:


- "Janela Secreta" ( c/ Jonny Depp)
- "A Informante" ( c/Kidman e Sean Penn - ver os dois no mesmo filme dá imenso prazer)
- "Reencarnação" ( c/Kidman)
- "A Última Tentação de Cristo" ( c/ Willem Dafoe)
- "Fale com Ela" (é do Almodovar)
- "Antes do Pôr-do-Sol" ( c/ Ethan Hawk e Julie Delpy)
- "Sobre Meninos e Lobos" ( c/ Sean Penn!!!)
- "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" ( c/Jim Carrey e Kate Winslet)
- qualquer filme em que mostre Angelina Jolie ou que tenha trilha do Phillip Glass
- "Laranja Mecânica" ( do Kubrick)
- "Janela Indiscreta", e, "Festim Diabólico" ( ambos do Hitchcock)
- "Crepúsculo dos Deuses" ( sei lá de quem é, mas é antigo e em preto e branco)

Saturday, April 16, 2005

À espera

Outro dia. Os copos em cima da mesa, a mobília no lugar de sempre. Saudades percorrem a mente. Hoje é um dia bom – ao menos teria tudo para ser; mas na verdade o é. Viemos aqui para nos encontrar como algum tempo já não acontecia. Um filme. Não foi muito bom, como haviam dito, mas deu para distrair.
O som dos pensamentos corre pelas paredes, que parecem aprisionar esta vida, que por sua vez tanto busca a libertação. Infelizmente hoje essa libertação só viria por completo se de mãos dadas com uma paixão, uma atração fatal, que quando passa deixa seu rastro e nada mais parece ser como era antes.
Nuvens de um tom acinzentado se aproximam, como posso ver ao olhar pela janela. Seria fácil encontrar aí uma analogia com o estado atual das coisas. Tudo vai, mas ao mesmo tempo sem muita cor. O desbotamento incomoda. Se trata de uma condição natural, embora eu me recuse a aceitá-la. Na verdade não a desejo e pronto. Nada de aceitação, redenção.
Na rua tudo fica mais bonito. As luzes abrem caminho para novas esperanças, regadas na previsão de que hoje À noite haverá vinho. Vinho e champagne, que funcionam como lentes de contato que nos abraçam para dizer que a noite é linda e gostosa. Da mesma forma como aquela pessoa que ainda não sabemos qual vai ser, mas que será a próxima a repartir nossos sentimentos.
Um brinde. Um brinde aos que se esforçam e tem esperanças. E outro aos que esperam por algo que ainda está por vir – não se sabe quando.

Thursday, April 14, 2005

Em algum lugar

Sinto saudades, uma falta
Quero o que antes tinha
Um sentimento
Daqueles bons e gostosos
Refrescantes

Algo passou, deixando rastro
Uma marca bonita
Lembranças das quais não me arrependo

Seu perfume ainda não senti
Seu beijo, ainda está em minha boca
Mas na grafia deste geoplaneta
Estamos distantes

A mente dando golpes
Aos quais nem sempre temos defesa
Nos deixando inconscientes
Do que realmente acontece por dentro e por fora

Vida
Calor e afeto entrelaçam-se
Uma presença que não se esvazia por completo

Suas mordidas em minha alma
Meu corpo sujo e decadente
Pronto para a volta, o resgate
De tudo que eu sei que sou
Mas ontem havia me esquecido

Olho com olhos vivos e percebo
Que antes iludido,
Agora esclarecido,
Sua voz continua a passear
Em minha vida,
Em algum lugar

Monday, April 11, 2005

Visões sugeridas e duas notinhas


Visões sugeridas

Acredito que, no processo de formação da consciência da realidade, ou seja, o parece que estamos vendo, exista uma conexão feita com o que acreditamos, o que queremos acreditar, nossos medos, nossa coragem, e o quanto nos permitimos - também por meio das experiências vividas - levar em conta como conceitos e teorias previamente comprovados.
Ou seja, as experiências passadas, nosso conhecimento adquirido - parte dele também filtrados por nós mesmo e por outros, que deixamos filtrá-lo por nós -, e nossas crenças interferem MUITO na nossa percepção de realidade. Um exemplo? Eu já passei por momentos em que uma determinada mulher se mostrava muito mais importante do que ela na verdade era. Eu ME PERMITI isso. Não que tenha sido uma escolha voluntária, mas não dependia dela - da mulher. Dependia de como eu enxergava a situação. Também é por isso que, ao amadurecermos - e isso é algo que deveria ocorrer continuamente -, passamos a entender melhor a vida. Isso se estivermos dispostos!

PS (post scriptum): o medo, que eu tanto abomino - quem lê o que aqui escrevo assiduamente sabe - pode nos atrapalhar ao tentarmos compreender a realidade, como uma fuga nossa, no intento de nos defendermos daquilo que nos assusta - embora esteja ali, não há como fugir.

PS 2: os desentendimentos existem porque pessoas diferentes criam percepções diferentes, e estas acabam por geram conflitos.

------------------------------------------

Existe uma música, da excelente banda Muse, que diz assim "paradise comes at a price that I am not prepared to pay...". Não me lembro do nome dela, mas é a última música do segundo CD da banda.

------------------------------------------

Nem sempre preciso que vocês digam seus nomes para que eu tenha a certeza de quem foi que escreveu - mas ainda aprecio muito a gentileza dos que assinam seus pensamentos; quem não quiser não precisa, não vamos forçar uma barra aqui.

Saturday, April 09, 2005

No corredor escuro

Num corredor negro, aparentemente vazio, encontro a imensidão do desconhecido. Pode ser qualquer forma, qualquer caminho – embora eu sinta, ou até mesmo perceba, que ele me leva a um determinado lugar. Tomo meu rumo e sigo em frente. Com os ruídos estranhos passeando ao redor da minha cabeça, brincando com os meus sentidos – sim, os sons são notáveis e percebidos também pelo tato! – se esforçam. Em que, isso eu já não sei mais; mas eles continuam presentes assim mesmo.
Um passo após o outro, vou conhecendo o terreno, preocupado em não acertar nenhum obstáculo ou cair em um buraco – torcer o pé ou quebrar o nariz aqui não seria uma visão das mais desejadas; aliás aqui todas as visões são imaginadas, formadas por meio de sugestões que levam a conclusões – podendo estas estarem erradas!
Ouço vozes. Parecem vir da esquerda. Um diálogo. Desconfio que estejam falando de mim, tramando alguma coisa. Acerto algo com o pé. Provavelmente uma pedra. Pesada! Busco-a e, depois de contemplar por instantes minha idéia, atiro-a ao longe. Nem sabia que seria capaz de tamanha força. Mas.. estranho... não fez nenhum barulho, não houve reação. Continuo mais um pouco à espera, mas não adianta, não há nada.
Começa a ventar, e muito. Uma ventania fria e quente ao mesmo tempo. Pingo de suor enquanto saio em busca de um casaco. Ora bolas, como poderia encontrar um agasalho se eu nem mesmo sei onde estou! O vento se fortalece aos poucos, me forçando levemente para trás; e tornando a minha jornada bastante desagradável.
Lembrando que desagradável mesmo seria um cisco em meus olhos, me apercebo de óculos. E desde quando eu uso óculos? Ainda mais à noite! Será que é mesmo noite? Pode ser um estado fora do comum,uma realidade com a qual ainda não esteja acostumado, onde não existe o famoso Dia.
Tiro, então, os óculos, e enxergo luzes. Luzes bem fortes, como se fossem holofotes incandescentes, loucos para cegar qualquer um que ouse toca-los com seu irrisório e previsível olhar. Aos poucos minha vista se adapta a situação, quando já posso distinguir formas. Vejo postes, diversos e enfileirados, como se seguissem ao infinito – que neste momento entendo perfeitamente como a incapacidade de imaginar o todo. Todos do lado esquerdo. Estou em uma rua, embora esta se pareça, ainda, com um corredor. A mão é única e não vejo ninguém. Mas ainda posso escutar as vozes. Não saberia ao certo de onde vêm, mas elas estão por aí.

Wednesday, April 06, 2005

Pensamentos

"Começar é a parte mais importante de qualquer trabalho"

-Platão


"A imaginação é mais importante do que o conhecimento"

- Albert Einstein


"Nunca se vai muito longe quando não se sabe para onde está indo"

- Johann Wolfgang von Goethe

Sunday, April 03, 2005

Tudo em casa

Três horas da manhã, na passagem de um sábado para um domingo qualquer. Na verdade não é um fim de semana qualquer, mas seria não fosse por uma surpresa gostosa. Ela veio da França diretamente para o Rio e comigo está a passar o fim de semana na montanha gelada. Nos divertimos bastante e, após um pouco de vinho e um bom bate-papo, ela foi dormir. Não é um sentimento como os outros, mas é um tipo de amor. É um amor mais tranqüilo, sem neuroses, como se ela estivesse substituindo a irmã que eu nunca tive – e que sempre busquei, mas, em geral, esse tipo de coisa chega sozinho, sem que você pense nisso. Ela dorme no meu quarto, na cama do meu irmão que já não mora mais aqui. Interessante isso. Meu irmão sai e entra essa menina meiga e doce como nunca se vira antes, como que se estivesse avisando que seu papel é realmente de uma irmã – e na cama do verdadeiro irmão! É, algumas vezes eu exagero nas explicações, espero não estar tornando esta leitura uma coisa muito chata.
Cães latem lá fora, numa madrugada em que se torna impossível o resgate da sensação infernal que é o verão carioca – faz frio. Todos estão deitados, menos eu; mas isso já está claro para você, uma vez que pode ler o que eu escrevo. O celular marca as horas. O computador também, e assim o faz o relógio de parede da sala. Todos avisando que já é madrugada, que estão quase todos dentro de seus sonhos inconscientes, e o programa livre, que já não tem mais o mesmo nome, mostra o Veríssimo filho em entrevista com o Serginho.
Não gosto de ficar sozinho à noite, parece que o mundo acaba, que está vazio e que eu nunca mais vou escutar a voz de nenhum ser vivo, apenas gravações de seres que nunca tive a oportunidade de conhecer e que se mostram bastante distantes de mim agora. Nesses momentos agradeço ao inventor da televisão. E a rede globo também, quem diria. Se tem uma coisa que eu nunca faço essa coisa seria me deitar sem estar com sono. Impossível. Sempre que eu me deito é para dormir dentro de uns poucos minutos, de preferência ao som de uma música gostosa, nada de Shostakovitch – não sei se está escrito corretamente. Uma vez tentei conhecer o compositor enquanto me deitava e a experiência foi a mais próxima de um suspense que eu já vivi – me levantei correndo com o dedo indicador apontando ereto na direção do off.
Peraí, voltando à Terra. Aude acaba de chegar aqui dizendo “porra, ta muito alto isso”, com aquela cara de quem tenta dormir e não consegue. Não faz muita diferença para mim, já que está passando um daqueles filmes que não têm importância para ninguém. Agora vou parar de escrever, vou ver se faço outra coisa. Para quem estiver a dormir uma boa noite. E para quem estiver no meio do dia, leia este texto antes de dormir.

Thursday, March 31, 2005

Algumas palavras sinceras


à sua porta

Um toque seu e me encontro
Prostrado à sua porta
Pedindo um pouco
Para matar a sede

Junto com a água vem a ternura
O charme
Seus movimentos quentes e leves

Sua beleza pueril
Seus medos
Ambos me envolvem como nunca antes
Mas nada de claustro
Me sinto livre

Ao abrir a porta
Você me convida para uma viagem
Da qual
Não posso abrir mão

Tuesday, March 22, 2005

Indelével

Indelével é a dor
É a saudade
A imagem que tatuada nas paredes,
Por dentro,
Ecoa.
Uma lembrança
Um sonho
Noite mal dormida
A inconstância do tempo

Passeia com o vento
E à casa torna.
Mais um re-torno
Uma janela
Uma voz
Um sussurro
Um doce abraço

Um mergulho?
Não seria muito bom
Confundiria as marcas
E a lembrança
Que não é apenas doce,
mas conforta



* o poema foi passado a limpo ao som de "the blower´s daughter", rompante sucesso atual europeu, presente na primeira cena do filme Closer; responsável também pela onda de idolatria gerada ao redor da imagem de Damien Rice, seu compositor e quem a executa musicalmente

Sunday, March 20, 2005

O menor conto do mundo

"Quando ele acordou, o dinossauro ainda estava lá".

- Monteroso

Monday, March 14, 2005

Uma carta

Uma menina de 8 ou 10 anos, Emilie M., que tocava piano, certa vez bordou uma capa de livro para seu ídolo, contendo palavras de admiração. Segue abaixo uma carta escrita em resposta a ela, no dia 17 de julho de 1812, enquanto quem a escreveu estava se recuperando de um trauma psicológico causado pelo recrudescimento de sua surdez, num spa em Teplitz. Vale ressaltar que este não conhecia sua admiradora.



Minha querida e gentil Emilie, querida amiga!


Minha resposta à sua carta vai chegar atrasada. Uma grande quantidade de trabalho e uma enfermidade persistente podem me desculpar. O fato de que estou aqui para recuperar minha saúde comprova a verdade de minhas desculpas. Não roube a Haendel, Haydn e Mozart os seus lauréis. Eles os merecem, mas eu ainda não mereço nenhum.
A capa de livro que bordou será guardada como um tesouro, junto com outras provas de consideração que muitas pessoas me dispensaram, mas que ainda estou longe de merecer.
Persevere, não apenas pratique sua arte, mas se esforce também para compreender seu significado interior; merece o esforço. Porque apenas a arte e a ciência podem elevar os homens ao nível dos deuses. Se algum dia, minha querida Emilie, tiver o desejo de possuir qualquer coisa, não hesite em me escrever. O verdadeiro artista não tem orgulho. Ele vê, infelizmente, que a arte não tem limites. Ele tem uma vaga percepção de quão longe ainda está de seu objetivo; e, embora outros possam talvez admira-lo, ele lamenta ainda não ter chegado ao ponto, caminho que seu melhor talento apenas ilumina como um sol distante. Eu preferiria visita-la, e à sua família, que visitar muitas pessoas ricas que traem a si mesmas com a pobreza do íntimo do seu ser. Se algum dia for a H. (provavelmente Hamburgo), visitarei você e sua família. Não conheço maior privilégio do que ser incluído entre as melhores criaturas de seus semelhantes. Onde eu as encontro, aí também encontro o meu lar.
Se quiser me escrever, querida Emilie, mande sua correspondência diretamente para Teplitz, onde permanecerei por mais quatro semanas. Ou mande-o para Viena. Realmente não importa. Pense em mim como um amigo, seu e de sua família.


Ludwig van Beethoven


Wednesday, March 09, 2005

Desista, você não é um gênio!

Não adianta. Por mais que se prossiga, que se evolua, sempre continuam a existir idiotas. Pessoas que acreditam em coisas como certas não estão por dentro da realidade – acho que não preciso dizer que se trata de um ponto de vista pessoal, até porque quem escreve estas palavras sou eu. Seria ingenuidade demais.
Estava numa aula hoje quando um professor tropeça em suas próprias palavras e sou obrigado a me manifestar. Não poderia guardar, me conter. Era muito para ignorar. Logo após, cerca de minutos, ter dito que pouco tempo atrás cientistas e teóricos afirmavam que o cavalo era um meio de transporte insuperável, mostrando, então, por meio de um desenvolvimento das idéias, que o ser humano acredita que sabe de algo, até o lindo dia em que se percebe enganado. Ele poderia também ter utilizado o exemplo de quando se acreditava que a Terra fosse quadrada. Nos parece uma idéia estapafúrdia, sem pé nem cabeça, mas um dia foi dito que era assim e, nós sabemos que, quando o burro máster fala, os outros burros abaixam a cabeça – outra coisa que me causa bastante revolta, esse negócio de aceitação total, como se tudo que tivesse para ser descoberto e rompido já estivesse no passado, não havendo possibilidade de se inovar ou mudar conceitos, uma vez que “os gênios estão mortos”, ou “nós não somos capazes porque somos inferiores”.
Este mesmo professor dissera, também, que Albert Einstein afirmou que suas descobertas vinham de “99% de transpiração e 1% de inspiração”. Até este momento ele cometeu dois erros. Um porque defendeu que os paradigmas e as coisas tidas como certas podem não ser necessariamente verdades e, quando eu discordei dele, me disse “então escreva uma teoria, porque sabe-se que não é desta forma, diversos teóricos pregam o contrário”. E dois, porque após ouvir a minha resposta, “se eu estivesse disposto, eu o faria”, ele retrucou com um “devemos ser humildes”. Agora vejamos um ponto crucial aqui: o cara afirma que o gênio mor – na cabeça dele – defendia o esforço como mais importante que a inspiração e logo após, duvida da capacidade humana de trabalhar idéias! Não se trata de ser humilde ou não, se trata de valorizar o potencial de cada pessoa. Eu, particularmente – sendo que não me encontro sozinho nessa – acredito que se você quer, realmente, e corre atrás, você surpreende a todos com seus resultados. Isso não é ser megalomaníaco ou, muito menos, pedante. Isso é não ser iludido pela lavagem comercial que se faz no mundo – não apenas o atual, mas sempre foi assim – de que um ídolo deve ser diferente dos outros, que ele é um ser superior.
Ninguém pode ter certeza de nada. Tanto economistas como meteorologistas estudam e se especializam com o objetivo de fazer previsões, que frequentemente não ocorrem como fora afirmado. Você pode pensar, como eu o fiz por alguns instantes, que os únicos que sabem a verdade total são os historiadores e os arqueólogos. Mas, pensando bem, eles também não. Por que? Pelo simples fato de dependerem de análises e pesquisas que podem ter sido vítimas de uma série de erros - humanos -, enganos e até mesmo de manipulações propositais. O que se sabe ao certo? Nada. O que acontece é que gostamos de acreditar que está tudo resolvido e que podemos voltar para nossas vidinhas quadradas e medíocres, enquanto enganamos a nossa intuição – que é bem mais forte que a nossa consciência, por ser trabalhada pela parte inconsciente do nosso cérebro.
Para terminar, gostaria de citar uma frase bastante interessante, que ganhará destaque e respeito, fazendo das minhas palavras algo muito mais coeso, uma vez que seu autor – o da frase que estar por vir – tem moral para peitar muita coisa. Outro ídolo.
“A vida é uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, significando nada” (William Shakespeare)
Agora me diz se minhas palavras não passaram a fazer mais sentido...

Monday, March 07, 2005

Gatos, rock e a noite negra

Cansado. Com o anúncio de que outro dia quase chega ao “the end”, o silêncio se esforça para tomar posse do todo, do tudo, sem deixar nada de fora. Só não consegue – mas não se esforça para isso – calar os deprimidos, os que se colocam de mal com o mundo e os eufóricos. Estes estão irremediavelmente aos gritos, berros, choros e soluços, comemorando ou amaldiçoando a Deus e ao mundo por tudo que existe. Pela noite ser triste, pelo mundo ser assim, por tudo dar certo.
Gatos passam quietos e observam tudo a distância, com aquela malandragem que os cães tanto desejam ter, mas não podem. Eles sabem que os felinos são muito mais articulados e articuladores que eles. Ficam observando tudo que acontece. As brigas, as mortes, as festas, os ensaios e até mesmo aos programas enlatados de TV. Traiçoeiros sim, mas não por mal. Faz parte da natureza deles. Igual às mulheres. Lindas e poderosas, querendo garantir sua existência. Enquanto os “melhores amigos do homem” são como seus donos. Fracos, tentam impor respeito tendo como arma a força bruta, mas acabam perdendo. E depois de perderem eles latem por aí, desconsolados, coitadinhos. Tão ingênuos.
A noite chega ao mesmo tempo para todos, mas alguns destes a recebem melhor. As vidas destes estão agitadas demais para se preocuparem com o silêncio ou terem medo do vazio, do escuro, como se isso fosse refletir o nada, a falta de sentido do tudo. Um horizonte negro pode assustar, principalmente se sua imaginação for excessivamente fértil, como é o caso dos humanos.
Uma música. Sim, isso é bom.. ou não. Tem músicas que nos trazem de volta aquele sentimento de vida. Nos dão orgulho de nosso passado. Bem melhor do que as outras, que são capazes de nos levar numa viagem aparentemente, e assustadoramente, sem volta, onde nos afogaremos em mágoas e incapacidades. Em medos, em incertezas. Em paixões. Em monotonia. Em gatos e cachorros. Ou em viagens onde nosso inconsciente tenta se externar. Ainda não sei se prefiro um ou outro. Talvez um Rock´n Roll. Ou não.

Sunday, March 06, 2005

Fiona Apple!!!

Acabei de encontrar um site onde estão disponíveis 5 músicas do novo álbum da Fiona Apple, chamado "Extraordinary Machine". Estas mostram de forma concreta o porque de a sony estar pedindo músicas mais comuns, uma vez que o terceiro trabalho da "multi-platinum" Fiona está no caminho de uma evolução constante no que diz a trabalhar sua música como arte.
Embora a Sony se preocupe em encontrar uma música mais dentro dos moldes mais comerciais, Fiona não se preocupa em compôr algo com o objetivo de agradar a quem quer que seja, apenas faz o que acha ser o melhor.
As músicas podem ser encontradas no link

www.geekdreams.com/mp3/fiona_apple/

E ainda há um site com as últimas notícias dela

www.fionaapple.org/

Sunday, February 27, 2005

Radiohead

Sem muito rumo na internet, buscava algo de interessente, enquanto ouvia o mais recente álbum do Radiohead, "Hail to th Thief". Como estava com o Soulseek aberto, resolvi baixar o antigo CD "The Bends", que faz tempo emprestei a um amigo, que emprestou a uma ficante, que não morava na cidade e foi-se embora para nunca mais voltar com o meu CD. Eu já comprei o CD antes, não posso ser acusado de nada por estar dizendo que baixo música sem pagar - mas acho que posso deixar subentendido que amanhã completo 30 CD´s virgens para este início de ano... Só uma observação: como será que uma pessoa poderia conhecer o trabalho solo de Van Dyke Parks aqui no Brasil, já que ele não foi lançado? Pô, é da década de sessenta! Nem rezando pra Santo Espedito...
Abri o site cifraclub ponto com, para ver se eles têm disponível a tablatura da música Go to Sleep, do Hail to th Thief, e vi que têm. Ufa, que alívio! Isso me faz lembrar que o Radiohead tinha um site oficial bem fora do comum, como se fosse uma continuação do trabalho deles como artistas de vanguarda. Entrei no www.radiohead.com e me deparo com uma surpresa. Eles renovaram a cara do site, ficando ainda mais bizarro e criativo. E logo após uma clicada e uns parágrafos encontro o seguinte texto que apresenta o, provavelmente, chat do site:
The Radiohead message board is here. It has lurkers. It has multi-coloured text. It has Blues. Blues are real. They are who they say they are, that is US. Sometimes people just come here to chat you know. Sometimes they come here to hurl abuse at each other. Sometimes they talk about music. Sometimes they've had a little bit too much to drink and they' are liable to say things they might regret. But thats ok. After all, who's listening?
Me senti bem. Coisas novas, gente inovando. Assim o mundo ainda tem jeito. E sempre com um bom humor por trás também.