Tuesday, August 30, 2005

Hoje não tem título

Penso nos poemas como uma forma de expressão que ocupa menos palavras. Não chega a ser menos do que certas frases de impacto, mas estas dão mais certo para escritores famosos ou celebridades – até mesmo em revistas de fofoca. Algumas pessoas me dizem que não gostam de poesia, que acham um saco. Bom, eu seria muito suspeito para falar, porque eu escrevo os meus poemas, mas aqui vai uma verdade – peço que guardem segredo: não leio poemas. “O que??!! Como assim você não os lê?! Vai escrevendo assim, sem mais nem menos?” A resposta é sim. Não tenho esse hábito. Já até mesmo me programei para ler um ou dois por dia, durante a noite, mas não dá. Não sinto aquela atração que te faz correr numa direção específica em busca daquilo que você tanto deseja. Muitos poemas eu acho maravilhosos, mas alguns você lê e pensa “e daí?”. Mais engraçado é quando isso ocorre com textos de escritores famosos, considerados incríveis, gênios. Para mim é muito mais fácil escreve-los, sendo muito difícil ficar quieto quando chega uma inspiração rompante. Quanto à parte da escrita, prefiro os textos de uma página ou duas, corridos. Muitas vezes não sei como classifica-los, apenas os encaro como sendo reflexões, divagações, mas ao mesmo tempo nada que eu pudesse chamar de “um conto”. Clarice gostava disso – nossa amiga, a Lispector. Para ela não tinha essa de ficar classificando os textos. Muito menos prendê-los a estilos específicos. Isso seria impedir a inovação, a fluência, a criatividade. À arte não podem ser impostas barreiras, regrinhas bobas, nada disso. Devemos deixar tudo fluir, sem preconceitos, para que possamos transpor nossos próprios limites e descobrir do que somos realmente capazes – senti uma leve vontade de me enveredar pelo tema do controle que a sociedade faz sobre nós, nos podando, ditando nossas opções possíveis e cortando fora o que não se encaixa nos padrões; tudo para manter aquela falsa imagem de segurança e certeza sobre as verdades da vida...

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