Wednesday, August 17, 2005

Não costumo seguir a linha da ficção científica, mas...

Marionetes

Estão todos aqui. Sentados em suas respectivas cadeiras, atentos à explicação do mentor. Mas algo não está certo. Suas afirmações são recebidas sem a menor objeção, entrando direto nas redes de arquivos neurais consideradas como sendo cientificamente comprovadas – e o que isso quer dizer, afinal? Verdades absolutas, mesmo quando não fazem sentido. E ninguém move uma palha.
Um pio e você está fora. Nada de canja ou colírio. Aqui também não há almofadas. É joelho no milho e só. Discutir, forma mais imperdoável de blasfêmia, é sinônimo de uma passagem de ida, apenas, para o inferno. Até tu, Sócrates? “Sim, até eu, meu caro”. Seria pior do que este lugar, onde um simples fruto da curiosidade te condena? Não há como ignorar o conhecimento uma vez que ele é posto em sua frente, ele te tenta, tenta e você nem tenta mais resistir.
De cara a cara com o mal, eu o desafio, e vejo o que eu não queria. Mas hoje eu digo que se voltasse o faria novamente. O chão se abre. Uma armadilha. E enquanto o peso do meu corpo me puxa rumo ao obscuro e desconhecido, observo o antes inimaginável. Fios condutores, todos ligando a cabeça do mentor as cabeças dos demais presentes, nesta sala quadrada absurdamente claustrofóbica, embora antes parecesse ser bem ventilada. A cada gesto ou expressão facial, ou até mesmo um passo, choques são dados. E com os choques, impulsos nervosos já e controlados organizam as mentes.
Com a queda, o fio em mim se rompe. Agarro-o por reflexo, mas precisão. Eu o puxo com bastante, apoiando meus pés nas paredes do túnel vertical que ansiosamente espera para me engolir. O caos reina no recinto. Raios frenéticos para todos os lados. Corpos queimando com seus olhos virados. Os mais resistentes me lançam um olhar de desdém e ódio. Alguns destes, meus fiéis amigos. Minha visão se distorce e eu deixo de sentir.
Escuridão. Um som abafado, estranho. Parece que algo me isola da existência, da realidade. Do mundo todo. Tento me mover e sinto algo cremoso e ao mesmo tempo denso envolvendo todo o meu corpo. Ouço mais sons vindo de fora, mas nada vejo. Canalizo, então, minhas forças todas e me sacodo. Sem parar. Como se estivesse dentro de um balanço. Tudo parece ir de um lado a outro. Vai e vem. Me mexo ainda com mais força, toda que sou capaz. A dor me acerta em cheio, queimando meus músculos já sem oxigenação, mas eu não desisto. Não agora. Deve haver uma saída. Estou ficando cansado, sem força alguma. Me esgotei, mas minhas esperanças não se foram. Vou ficando sonolento. Muito sono, muito sono. Acho que não serei capaz de vencer. Não posso dormir, não posso... não posso... dormir... durmo.
Seres estranhos se comunicam do lado de fora, enquanto estou imerso em meu sono confortável. Uma paz... Súbito, acho que estou em movimento. Estou caindo! Nada posso fazer. O impacto, semelhante ao acidente de um carro, só que neste caso eu estou envolto por airbags “cremosos”. Minha cela se abre. Vermelha, ela se assemelha a um caqui, gigantesco e todo esparramado pelo chão. Pela terra, na verdade. Estou no meio do mato, e, com a fome que estou, como todo o imenso caqui. Ah, que delícia!
Minha mente agora, mais do que nunca, me avisa que os ventos vindo da esquerda são o indício de que existe algo a ser descoberto. Vejo areia. Ando mais e encontro uma praia. O mar sem fim, lindo como eu poderia desejar. Vou a ele e ponho os pés na água. Hesito. Me indago. Será que é isso que eu busco? Isso me fará feliz?
Mergulho na água e nado. Sem parar.

2 comments:

Mauro said...

Cara, não entendi nada, acho que vc tem que dar uma relida, pq com certeza na edição vc esqueceu de botar umas palavras, vai por mim. Também numa das ultimas linhas vc escreveu Exito. ou era Êxito ou Hesito.

Guilherme Martins da Costa said...

Hahahah, valeu, ao menos auém comentou , hehe