Wednesday, November 23, 2005

A busca - agonia

Sinto-me sujo. Bloqueado pelas portas que eu mesmo construí. Não, não foi culpa minha. Sim, foi minha culpa. Agonia, desespero. A pele que cobre o meu corpo eu arranco, rasgo-a. E jogo ao relento. Medito, mas não nasce outra no lugar da antiga. Impaciência. Olho pro céu, dividido entre dias e noite, como uma zebra. Não existe tempo, mas eu perco o meu com o presente. Um passo que eu preciso dar, mas não aceito ainda não ter dado. Minha vista se aperfeiçoa e o que vejo não me agrada. Quero distância. Mas como posso querer distância do que eu sou? Onde poderia eu me situar, então? Um banho frio, talvez. Uma garrafa de vinho, quem sabe. Uma noite de sono, onde eu conseguisse enxergar o que eu tanto busco mas ainda não sei o que é, melhor ainda. Mas não posso me deitar. Não ainda. E continuo não gostando do que vejo. Fecho os olhos e tento caminhar. Mas atento.

Tuesday, November 22, 2005

Recados

"Oi, você ligou para o Guilherme. No momento eu não posso atender.. na verdade não estou afim mesmo. Deixe o seu recado após o sinal. Não, não pense que eu vou te ligar. Mas você pode deixar a sua mensagem assim mesmo. Assim você desabafa, põe pra fora seus problemas e acaba economizando com o psiquiatra. Mas deixe o seu número também, para que eu possa fazer o mesmo quando precisar. Caso você tenha se assustado, tente se acalmar. As pessoas fazem isso o tempo todo - se assustar também, mas não é a isso que me refiro -, só que de forma mais discreta e "educada"; disfarçada. Bom, tenho que ir. A panela está no fogo, tenho que pegar as crianças no colégio, o bombeiro precisa entrar aqui pra consertar o vazamento, o gerente do banco está na chamada em espera, minha mãe está precisando de mim no hospital, está começando Friends agora no canal 1619, meu cachorro está latindo sem parar... píiiiiii!!!"

Monday, November 21, 2005

Música da banda HEREGES

Balada Triste (Fábio Costello E Marcelo De Vasconcellos)

Quem se sente só
E seus caminhos deram um nó
Já desistiu de se explicar
Se prende outra vez
Arrepender-se do que fez
É aprender a não errar

Seus pais queriam alguém pra se orgulhar
E mergulhou por não ter medo de água fria
Na piscina dos seus sonhos que estava
Já vazia

Espera na porta alguém para confessar
Sussurra em línguas mortas sem perceber
Ninguém se importa, ninguém quer ver

Já nem sente dor
Já definiu o que é o amor
Por quem partiu pra não voltar
Já nem finge rir
Já decidiu pelo rancor
Por todo aquele que chegar

Desviou de repente o olhar
No seu céu estrelas decadentes
No horizonte acena o sol dos seus anseios no poente
No poente

Espera na porta alguém para confessar
Sussurra em línguas mortas sem perceber
Ninguém se importa, ninguém quer ver
Ninguém se importa, ninguém quer ver
Ninguém se importa, ninguém quer ver
---------------------------------------------

Esta belíssima música está disponível no site da banda www.hereges.com.br , onde também há uma agenda sempre atualizada dos shows da banda. Eu classificaria a banda como "urgente", que é um adjetivo que deveríamos adotar para mais usos que o habitual.

Thursday, November 17, 2005

Estátuas coloridas – bonitas, mas ordinárias

Inércia, inércia e... inércia! É só o que consigo enxergar para todo ponto em que minha vista se foca. E isso causa um desespero tremendo, porque homem tem a teimosia de afirmar que as pessoas bem sucedidas são aquelas que foram abençoadas pela sorte. Isso não passa de um equívoco basicamente infantil. Nossos atos ecoam pela eternidade, já dizia o sábio, e nós não podemos ignorar isso; está na nossa cara! Vidas vazias são fruto disso também. A preguiça ou a idéia de que a própria vida é sem graça, aliadas a aceitação de que isso seria um karma ou programação do destino – ou, pior ainda, parte dos planos de um ser superior – fazem com que as pessoas, não necessariamente todas, mas em sua maioria, estejam constantemente esperando que algo venha a acontecer em suas vida; mas elas não fazem nada para ajudar! Ficar de braços cruzados ou tomando anti-depressivos não melhora nada, e quem o faz já percebeu. Bom, não quero continuar aqui. Vou tomar meu banho e sair, abrir os braços e receber o que o mundo tem para nos oferecer! Sintam-se convidados.

Tuesday, November 15, 2005

Um friozinho

Frio. Neve e gelo. Tudo branco ao infinito.
"Tem alguém aíiiiiiii...???" Olha prum lado, olha pro outro... e nada.

Zzzzzzzzzzzzzzzzz...







Congela e morre.

Monday, November 07, 2005

Luz, câmera... contemplação

Movimento. Cenas passam pelos meus olhos enquanto caminho à noite, pelas ruas da cidade sonâmbula. Imagens, cenas oníricas, enquanto vejo os carros dos outros sonhadores seguindo seus rumos ao desconhecido. Entro em um estabelecimento e procuro algo do meu interesse, quando na verdade o que me interessa está mais a frente, não posso adquirir agora ou pagar em dinheiro. As divagações nesse momento se fazem necessárias, são elas as responsáveis pelos próximos passos, pelo curso que pretenderei seguir – mesmo que eu venha a mudar de idéia e seguir outro completamente diferente deste depois.
Folheio livros, tomo um café. Pessoas ao meu redor interagindo umas com as outras e eu no meu silêncio. Um silêncio que é a na verdade tudo que eu mais precisava no presente momento, algo que eu pedia faz tempo – nem tanto assim, ontem tive esse silêncio também; mas é fato que cada vez eu preciso mais dele para me sentir em casa, confortável comigo mesmo. Faço projeções, reflexões, pondero. Entendo melhor o que me atinge no momento e consigo associar tudo. Nada se mostra de fora, excluído do sistema. Saio, pago a conta e caminho em direção ao carro, com aquele desejo por um papel e uma caneta. Desenvolver meus pensamentos na forma escrita me relaxam. Algo que é necessário para a manutenção da minha tranqüilidade, que na verdade nunca chega. Sou hiper-ativo-demais para isso. Às vezes percebo minha vida como um filme em que sou o diretor, o produtor e o protagonista, travando uma batalha constante contra quem investiu em mim e as inconstâncias da realidade prática – sempre se atracando com os meus roteiros.

Thursday, November 03, 2005

E com vocês... Julio Cortázar

"En suma, desde pequeño, mi relación con las palabras, con la escritura, no se diferenciade mi relación con el mundo en general. Yo parezco haber nacido para no aceptar las co-sas tal como me son dadas."

"Yo creo que desde muy pequeño mi desdicha y mi dicha al mismo tiempo fue el noaceptar las cosas como dadas. A mí no me bastaba con que me dijeran que eso era una mesa, o que la palabra "madre" era la palabra "madre" y ahí se acaba todo. Al contrario, en el objeto mesa y en la palabra madre empezaba para mi un itinerariomisterioso que a veces llegaba a franquear y en el que a veces me estrellaba."