Saturday, April 09, 2005

No corredor escuro

Num corredor negro, aparentemente vazio, encontro a imensidão do desconhecido. Pode ser qualquer forma, qualquer caminho – embora eu sinta, ou até mesmo perceba, que ele me leva a um determinado lugar. Tomo meu rumo e sigo em frente. Com os ruídos estranhos passeando ao redor da minha cabeça, brincando com os meus sentidos – sim, os sons são notáveis e percebidos também pelo tato! – se esforçam. Em que, isso eu já não sei mais; mas eles continuam presentes assim mesmo.
Um passo após o outro, vou conhecendo o terreno, preocupado em não acertar nenhum obstáculo ou cair em um buraco – torcer o pé ou quebrar o nariz aqui não seria uma visão das mais desejadas; aliás aqui todas as visões são imaginadas, formadas por meio de sugestões que levam a conclusões – podendo estas estarem erradas!
Ouço vozes. Parecem vir da esquerda. Um diálogo. Desconfio que estejam falando de mim, tramando alguma coisa. Acerto algo com o pé. Provavelmente uma pedra. Pesada! Busco-a e, depois de contemplar por instantes minha idéia, atiro-a ao longe. Nem sabia que seria capaz de tamanha força. Mas.. estranho... não fez nenhum barulho, não houve reação. Continuo mais um pouco à espera, mas não adianta, não há nada.
Começa a ventar, e muito. Uma ventania fria e quente ao mesmo tempo. Pingo de suor enquanto saio em busca de um casaco. Ora bolas, como poderia encontrar um agasalho se eu nem mesmo sei onde estou! O vento se fortalece aos poucos, me forçando levemente para trás; e tornando a minha jornada bastante desagradável.
Lembrando que desagradável mesmo seria um cisco em meus olhos, me apercebo de óculos. E desde quando eu uso óculos? Ainda mais à noite! Será que é mesmo noite? Pode ser um estado fora do comum,uma realidade com a qual ainda não esteja acostumado, onde não existe o famoso Dia.
Tiro, então, os óculos, e enxergo luzes. Luzes bem fortes, como se fossem holofotes incandescentes, loucos para cegar qualquer um que ouse toca-los com seu irrisório e previsível olhar. Aos poucos minha vista se adapta a situação, quando já posso distinguir formas. Vejo postes, diversos e enfileirados, como se seguissem ao infinito – que neste momento entendo perfeitamente como a incapacidade de imaginar o todo. Todos do lado esquerdo. Estou em uma rua, embora esta se pareça, ainda, com um corredor. A mão é única e não vejo ninguém. Mas ainda posso escutar as vozes. Não saberia ao certo de onde vêm, mas elas estão por aí.

3 comments:

Anonymous said...

'A mão é única, mas coissa diversas se formam em volta desta. Vidas, castelos em forma de vida se formam" Adorei seu blog e a forma como ecreve (seu estilo). Pra mim a criatividade veio logo com o título do blog - tomara q vc faça por merecer escolher esse título ! Great ;) * Ninha *

Anonymous said...

Visões sugeridas? Ora bolas!!! Toda visão é "sugerida" por quem a teve? Que quer dizer com isso?

Anonymous said...

Corrigindo:

Toda visão é sugerida por quem a teve(ponto final).

Jeane.