Saturday, April 16, 2005

À espera

Outro dia. Os copos em cima da mesa, a mobília no lugar de sempre. Saudades percorrem a mente. Hoje é um dia bom – ao menos teria tudo para ser; mas na verdade o é. Viemos aqui para nos encontrar como algum tempo já não acontecia. Um filme. Não foi muito bom, como haviam dito, mas deu para distrair.
O som dos pensamentos corre pelas paredes, que parecem aprisionar esta vida, que por sua vez tanto busca a libertação. Infelizmente hoje essa libertação só viria por completo se de mãos dadas com uma paixão, uma atração fatal, que quando passa deixa seu rastro e nada mais parece ser como era antes.
Nuvens de um tom acinzentado se aproximam, como posso ver ao olhar pela janela. Seria fácil encontrar aí uma analogia com o estado atual das coisas. Tudo vai, mas ao mesmo tempo sem muita cor. O desbotamento incomoda. Se trata de uma condição natural, embora eu me recuse a aceitá-la. Na verdade não a desejo e pronto. Nada de aceitação, redenção.
Na rua tudo fica mais bonito. As luzes abrem caminho para novas esperanças, regadas na previsão de que hoje À noite haverá vinho. Vinho e champagne, que funcionam como lentes de contato que nos abraçam para dizer que a noite é linda e gostosa. Da mesma forma como aquela pessoa que ainda não sabemos qual vai ser, mas que será a próxima a repartir nossos sentimentos.
Um brinde. Um brinde aos que se esforçam e tem esperanças. E outro aos que esperam por algo que ainda está por vir – não se sabe quando.

2 comments:

Mauro said...

Às vezes eu fico sem paciência pra ler os seus textos mais poéticos, mas lendo com calma até dá pra entender.

Anonymous said...

Engraçado é que eu não era muito chegada a poesia, mas depois de vc... seus poemas são tão reais e ao mesmo tempo tão suaves. Vida longa pra vc e continue assim...te adoro !
Catarina.