Friday, October 14, 2005

O fim de um ciclo

E mais uma vez acontece. Aquele momento do qual ninguém gosta. Ambas as partes tristes por ter chegado este momento, que mostra o quanto a mente humana é complicada e que, na verdade, estamos todos sozinhos no mundo – em termos. Ela olha para ele, tentando enxergar o que eu se passa em seu interior; quer dialogar. Ele, enquanto isso, tenta esconder a lágrima que escorre em sua mente, mas que ela pode ver pela sua expressão. Silêncio. Seus olhares se encontram, mas se perdem muito longe dali. Em suas mentem passam flashes dos dias que passaram juntos, quando ainda acreditavam no amor. Um amor que teria surgido como um acidente em alta velocidade, arrastando os dois para o mesmo lugar, sem mesmo se conhecerem, e transformando aqueles dois corpos, e suas mentes também, em uma coisa só, um único ser. Mas agora acabou, já ficou para trás. O medo de que não dê certo, a inconstância de quem foi criado em um mundo de contos de fadas e papai Noel, os fantasmas do passado e a errônea assimilação desta situação com outras ocorridas anteriormente. Tudo isso conspirando contra a felicidade dos dois. Ele coloca a mão no rosto dela e a olha com um carinho muito bonito e sincero. Ela suspira, vira os olhos e depois o rosto para o lado, e treme. Treme por saber que está estragando algo que lhe faz bem. Treme porque não entende. A mão dele continua a fazer carícias por alguns instantes e depois cessa. Ele se recolhe, respira fundo e se levanta. Neste momento ela já começa a sentir a sua falta e o olha como se estivesse prestes a perder algo que deseja com bastante força. Ele acende um cigarro e guarda o isqueiro no bolso. Olha para as luzes dos postes enfeitando a cidade à noite, num dia em que a cidade parece ter morrido, todos recolhidos dentro de suas casas como se sentissem a dor dos dois. Ela pede um cigarro. Ele pega o isqueiro no bolso, acende o fogo olhando nos olhos dela e pega em sua mão, que aperta com todos os seus sentimentos. Abre a mão dela, coloca o isqueiro dentro e fecha com a outra mão. Um sinal de adeus. Uma lágrima no rosto dela escorre. Lágrima esta que ele limpa com a mão e, puxando-a para perto beija seus olhos, ambos. Calafrios nos dois. Ele beija a mão dela e, esfregando-a em seu rosto diz adeus, sem nenhuma palavra. Ela pede para ele ficar, mas em silêncio. Ambos querem isso. Querem ficar juntos mais um pouco, ainda não estão prontos para andar sem a companhia que tinham. Mas, suas mãos se soltam e eles vão. Cada um para um lado, sonhando com o dia em que se verão novamente.

5 comments:

Rodrigo Santiago said...

Because love is the saddest thing when it goes away.

Mas... Se os dois desejava, então por que o fim?

Isso me parece desculpa esfarrapada :P
"Eu te amo, mas não dá" rsrsrsr

Guilherme Martins da Costa said...

Não é eu te amo mas não dá. É "eu te quero, mas tenho medo e os seres humanos são pessoas complexas".

Anonymous said...

Bom... vc anda fumando Guilherme??? Ou foi só pra deixar o momento mais "chic"???

HEHEHEHEHEHEHEHEH

Anonymous said...

Gostei do texto. Ele retrata muito os sentimentos das pessoas, não com o diálogo, mas com os gestos e as ações. O que na verdade acontece dessa forma mesmo. As vezes não é preciso dizer nada. E como os sentimentos tb são incompreensíveis, as pessoas fazem coisas sem sentido. Talvez só com a ausência e a saudade é que as pessoas dão valor a outras, que no dia a dia passavam por despercebidas.

Anonymous said...

Lindo e triste, como todo témino de romance ! Li charando, pois já vivi isso .Li em algum lugar que , se não doeu quando acabou, é porque não foi romance.
Beijos com lágrimas ...com saudade...

Catarina.