Monday, December 19, 2005

Entrando no castelo

Andando com ela eu percebo suas fraquezas, seus traços humanos. Seu medo de se atirar de cabeça mais uma vez em um abismo e quebrar a cabeça de uma vez por todas. Ela é meiga e aos poucos vai soltando suas correntes, que deixam descer os portões da sua privacidade e eu finalmente posso entrar. Toca uma música. Um piano de Scott Joplin, daqueles que nos fazem felizes mesmo quando não temos realmente um motivo. E eu vou me adentrando em seus aposentos, por tanto tempo fechados que já chegam a acumular pó. Na verdade não faz tanto tempo, mas foi um tempo em que o distanciamento se posicionou de forma determinante em sua vida; ao menos até agora.
Ali está ela, preparando um chá para nós dois. Tomamos o chá e relaxamos. Olhar para o céu cheio de estrelas, esparramados neste sofá gigantesco se faz um programa mais do que suficiente para o que buscávamos. E batemos um papo. A conversa dura horas, até o momento em que o telefone toca e ela se levanta para atender. Um choro. Ela desliga o telefone e volta, evitando me olhar nos olhos.
Tento chamar a sua atenção, fazendo meus truques ilusórios, estourando pequenos fogos de artifício que parecem sair de minhas mãos, o que surte um efeito inspirador no humor da doce menina. Sua infância se manifesta em seu sorriso. Um sorriso de quem pede por um pouco de paz em meio a um momento de extrema turbulência emocional.
Ela enxuga as lágrimas e me abraça com força. Um beijo longo. Uma noite em segurança.

2 comments:

Mauro said...

ficção?

Anonymous said...

Oi Guilherme,
Como promessa é dívida, o endereço do blog é flocgel.blogspot.com
A Klo (namorada do Fabio)tb escreve lá.
Bjs
Fli