Monday, November 29, 2004

Fora de controle

Dizem que se você deixar a vida se consome e você nem percebe. Que quando ela passa tanto pode fazer um aceno, como esperar que você chame a atenção dela. Todavia eu não estou muito interessado em reflexões muito profundas hoje, não. Quero apenas divagar, sem arrancadas bruscas. Apenas contemplar. Meus próprios pensamentos me levam para um passeio onde quer que eu esteja. Um passeio por entre os espaços aparentemente vazios da casa, do jardim. Pelas ruas das quais eu me encontro distante. Eles muitas vezes parecem adquirir uma vida só deles, da qual eu não tenho o controle. Nesses momentos – como é o caso agora – sirvo a eles como um mero operário – não desmerecendo de forma nenhuma a profissão de muitos dos que constroem, com base no árduo suor, o nosso país; estou limitando minha função aqui. Guilherme, venha para cá. Agora vá para lá.
Senti uma pontinha de vontade de direcionar o texto para uma análise das relações sociais e existências das formigas, mas meus planos foram rejeitados. Insisto! Não, nada. Nem ao menos uma outra frase sobre esse assunto.
A garrafa de vodca à minha esquerda me trás diversas lembranças, entre elas o fato de que eu bebo mais água do que qualquer pessoa que eu conheço. Na verdade ela está cheia d´água e isso já faz tampo. Tenho o costume de beber água enquanto leio, antes de dormir, ao acordar, ao passar pelo meu quarto para trocar de roupa, antes de ligar para alguém... Para qualquer canto que eu vá eu levo a minha garrafa. Quem olha acha que eu sou um alcoólatra, mas eu me divirto com isso. Um momento, vou beber um gole.. um pouco mais, foram cinco. Sou de peixes, será que existe alguma relação com isso?
As árvores lá fora estão tocando uma sinfonia feita pelo toque. Um momento de carícia mútua entre as plantas, graças ao vento que trouxe a chuva forte de hoje à tarde. Mas aqui eu também não posso me aprofundar. Não tenho permissão para entrar neste assunto. Neste e em qualquer outro. Hoje eu só posso relaxar, aproveitando a minha mania de ficar acordado o maior número de horas quanto for possível, para que eu aproveite melhor o dia – no caso, do sol e da lua. Já está tarde e amanhã eu preciso acordar cedo. Na verdade nem preciso, mas me forço, porque para mim, nesse momento, se mostra como uma necessidade. Uma boa noite inútil para todos. Que ela seja mais rica que qualquer noite em claro com os olhos ardendo em frente ao computador.

1 comment:

Anonymous said...

Meu Deus! Tão novo e já escreve desse jeito, compõe,
toca piano, guitarra, violão, canta (uma voz linda !)
e como se não bastasse, é lindo e o melhor amigo que alguém poderia querer. Impossível não gostar de vc !
Tenho certeza que esse blog é só o começo, pois a sua criatividade tem asas e vai voar longe.

Beijos.