Sunday, November 21, 2004

Quem é bonzinho aqui?

Estudando sobre a Revolução Americana, achei muito interessante um pedaço em que, além da empolgação pelos acontecimentos – que lembram superproduções cinematográficas -, encontramos uma verdadeira síntese da essência humana. O texto que se segue, escrito por Rodrigo Bueno de Abreu (“todos os direitos reservados por Curso PH Ltda”), tem como pano de fundo os conflitos entre a Inglaterra e suas colônias americanas, uma vez que, entre outros fatores, a arrogância Inglaterra em repassar os enormes gastos da Guerra de Sete Anos (contra a França) para as colônias; por meio de uma série de taxas alfandegárias – também podemos lembrar que a Inglaterra não tinha como costume importunar a vida das colônias, mantendo por muito tempo certo sentimento de indiferença à elas.

Guerra de Independência

No princípio da guerra, os ingleses levaram a melhor porque estavam com tropas profissionais, lutando contra milicianos mal armados e mais preocupados com suas colheitas do que com o desenrolar da guerra de independência. Em pouco tempo as principais cidades americanas caíram nas mãos dos ingleses. A situação se agrava mais ainda, devido ao bloqueio imposto às cidades litorâneas pela marinha de guerra inglesa. No entanto, a partir de 1778, a participação direta da França na luta alterou o desenrolar da guerra. A França colaborou com armas, mantimentos, munições, recursos financeiros e até com um determinado número de soldados, no esforço americano para derrotar sua antiga metrópole. Além da França, outros países acabaram se envolvendo contra a Inglaterra, na medida em que os ingleses apresavam qualquer navio neutro que procurasse entrar na América sem sua permissão. Assim, Holanda, Espanha, Dinamarca e até mesmo a Rússia viram-se envolvidas no conflito (estes diversos países formaram a “Liga da Neutralidade Armada”) e começaram a responder militarmente às violências inglesas nos mares.
Lutando em terras estranhas e combatendo na América, no Mediterrâneo, nas Antilhas e em outras regiões devido à participação de franceses, holandeses e espanhóis no conflito, gradativamente a Inglaterra foi perdendo terreno. Finalmente, em 1781, a Inglaterra foi definitivamente derrotada pelos americanos. Em 1783, pelo Tratado de Paris, a Inglaterra reconhecia a independência de suas antigas colônias, que passaram a ser reconhecidas pelo nome de Estados Unidos da América.

Mais uma vez temos um grande exemplo de que esse negócio de democracia e amizade entre povos se faz por causa do dinheiro – nosso grande câncer. Nada acontece de graça em política, pode esquecer. A ganância por mais está sempre presente. Guerras, acordos entre povos, o sonho destruído que a Igreja Católica tinha de manter a Bíblia em latim e distante da compreensão popular – antes disso ela ainda tentava manter o povo analfabeto, não autorizando sua entrada nas bibliotecas, teoricamente “sagradas”. Tudo isso cheira dinheiro, poder. Um poder fedido, que Jesus nunca aceitaria para si mesmo. Tenha os seus amigos, acredite em ideais e siga a sua fé. Mas não espere que aqueles que encontrar sejam transparentes. As pessoas têm medo. Medo de tudo. E por causa disso usam máscaras.
Isso tudo me leva a um acontecimento recente, a morte do economista Celso Furtado. O Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Lula, decretou luto oficial de três dias e fez a seguinte declaração: “Perco um amigo, mas guardo seus ideais”. Se você é um jornalista bem sucedido internacionalmente e faz uma crítica ao Presidente, você é expulso do país – é, ele está aprendendo com o Bush, candidato americano à reeleição (!) que ele apoiou recentemente -, mas se você é amigo dele, ao morrer você tem o direito de um luto oficial de três dias. Estou pensando seriamente em me tornar amigo do Lula. Quem sabe, um presentinho de Natal?
Nada mais me espanta nessa sociedade que comemora o nascimento do menino Jesus (marcando presença no texto de hoje!) com um feriado mundial que se baseia no lucro, com nozes em pleno verão, um refrigerante delicioso que criou um mito infantil e gordo – concorrente da Igreja, que deve arrancar os próprios cabelos quando ouve uma doce e ingênua criança dizer que Natal é dia de Papai Noel - e animais mortos enfeitando as mesas das classes economicamente mais privilegiadas.

2 comments:

Mauro said...

Guilherme, realmente tenho achado os últimos posts muito interessantes, com idéias legais e tal... mas de independencia americana a Natal??? Acho que seria bacana vc mudar o titulo pra avisar aos leitores que está mudando de assunto. Nao sei o que a diferenca de tratamento que o lula dá às pessoas tem a ver com dinheiro... tem a ver com abuso de poder, orgulho pessoal, mas nao vejo como ele possa lucrar com luto oficial.
Abraço

Guilherme Martins da Costa said...

O poder normalmente tem uma relação muito próxima com o dinheiro. Situações ridículas, impostas deliberadamente, têm sempre uma relação entre si. A imposição e a manipulação são amigas inseparáveis.

Quer mais um extremo aparentemente sem relação - não para mim - com o resto do texto? Nazismo e marketing = um paíz inteiro a favor do genocídio. Acho que devemos nos preocupar em enxergar além, porque uma empresa, ou uma pessoa, que tem a capacidade de influenciar a vida de milhões - vale lembrar que todos no mundo estão interligado, como um efeito dominó - pode vir a ser algo muito mais perigoso do que imaginamos. Você acha que alguém esperava por um Hitler?