Sunday, December 19, 2004

O que é lindo pra você

O que é lindo pra você, Guilherme? Bom, essa é uma pergunta difícil de se responder, principalmente porque eu não conheço todas as coisas existentes e, por isso, seria complicado de dizer que é isso ou aquilo apenas. Se é para ser preciso e não me é possível, acho que não tenho como responder a essa pergunta.
A beleza pode ser encontrada, sob o meu ponto de vista pessoal, onde achamos que ela está, ou em lugares nos quais nem costumamos dar atenção. Ela pode estar no corpo escultural de uma Gisele Bündchen ou no talento para o teatro da Fernanda Montenegro. Uma saciando os olhos e os instintos, outra suprindo a nossa busca por um preenchimento, por um significado. Poderia ser um exemplo de beleza também a história de vida de um velho engraxate, que ao contar suas aventuras desde os tempos de moço e como foi a sua vinda para a sua cidade atual, nos enche de emoção e nos inspira para alterarmos algo na vida de cada um de nós. Particularmente, uma boa conversa vale mais do que uma bela foto.
Quando falamos da escravização que a mídia nos faz para sermos protótipos do último tipo convencionado de beleza, temos que tomar cuidado, muito cuidado. É como quando falamos sobre o capitalismo, que somos contra ele, mas sem ao mesmo tempo levarmos em conta de que somos uma peça fundamental de todo esse esquema. Que levante a mão aquele que não deseja comprar nada, nenhum bem ou produto que seja. Não podemos nos excluir de um olhar crítico como se fôssemos invisíveis, não fazendo parte de uma conspiração ou de um sistema do qual fazemos parte. Uma vez vi um cara fazendo uma crítica aos Ramones, dizendo que eles são rebeldes demais para quem faz parte do sistema, que assim era muito fácil. Falar mal do cara que distribui o seu cd pelo mundo todo e faz com que você seja conhecido fica meio estranho mesmo. Quero ver fazer um show com um violão caseiro, feito a mão, em uma comunidade indígena. Vale lembrar que o guitarrista dos Ramones fez a cabeça dos outros integrantes da banda para que todos usassem o mesmo estilo de roupas, porque eles tinham que parecer cool e revoltados. Agora, voltemos à aparência física. Quem aqui nunca levou em conta ou, no mínimo, nunca deu uma olhadinha para ver se o (a) pretendente era bonito (a). Nem mesmo sabe de cabeça uma pessoa a qual admira o rosto ou o corpo? A maioria sabe qual é o seu tipo físico, e estilo, preferido, não tem outra.
Consumismo é algo que eu critico, por exemplo, mas, embora eu critique os outros, é sempre bom lembrar que eu tenho os meus cd´s, a minha TV, os meus livros e que se tiver mais dinheiro comprarei outros. Não vejo ninguém comprar a comida necessária e separar todo o resto para os pobres e nem nunca ouvi falar sobre alguém que fizesse isso. Outra coisa, quando falamos de beleza, temos que lembrar que existem diversos padrões, sendo que uns mais na moda do que outros. Nem toda pessoa magra é bonita e,ao mesmo tempo, encontramos diversos gordinhos (as) que são. A beleza estética mais valorizada hoje não é a mais bonita, ela é a da vez.

3 comments:

Anonymous said...

Guilherme, existem diversos tipos e modos de se ver a beleza, porém se o assunto proposto era a nudez eu não acho pertinente falar do belo na história da vida de um engraxate, ou no talento da Fernanda Montenegro.
Quando tratamos o nú, pensamos quase que exclusivamente na estética, e isso pode trazer sofrimentos.Quando eu critico essa escravidão da beleza, eu não estou indo de contra tudo o que ela oferece, pois uma alimentação balaceada e exercícios físicos (na academia, ou não) são necessários para uma boa saúde ou, para a manutenção dela, o que eu acho horrível são alguns males que podem vir na bagagem como a anorexia, a bulemia, as depressões iniciadas pelo sentimento de rejeição e outros.
Eu vejo a beleza na vida e acho que já existe muito sofrimento no mundo para alimentarmos mais um.
E que o sistema capitalista tem seu lado bom, todos nós sabemos, pois não abrimos mão até do nosso computador e das boas discussões num blog. Não sou contra o "sistema da beleza", mas sim contra o sofrimento que ele pode trazer consigo, e só uma observação: as críticas feitas nunca são para corroer ou denegrir conceitos por bel prazer, como os que se opõem ao sistema capitalista de maneira extremista e tão somente se beneficiam de seus bens, as minhas críticas são apenas instrumentos para construir um belo diálogo, como este.
Lehonna Teles

Guilherme Martins da Costa said...

Gosto de discussões como esta, onde temos que julgar nossas próprias opiniões e, se não mudamos nosso ponto de vista, com certeza conseguimos enriquecê-lo.

Mauro said...

Gostei dessa. Cara, vc coloca um monte de coisas no seu blog que eu nao sei como habilitar no meu, por exemplo um campo com links. Certamente tem que mudar alguma coisa na template, mas eu sou um analfabeto em HTML e nem consigo entender as explicações do help do blogger.
Foi mal pelo comentário fora de contexto.