Friday, December 10, 2004

Sítio de Janeiro

Acabei de colocar uma pizza no forno. Mas, enquanto espero, fico indignado ao refletir sobre a minha cidade maravilhosa.
O caso agora é sério. Trata-se de violência atrás de violência. Violência nas ruas, violência nas praias, violência na noite, violência aos nossos ouvidos e às nossas expectativas. A todo o momento podemos encontrar notícias de novos assaltos a mão armada, mortes, tráfico dominando o morro – tanto faz qual, cada dia é um diferente – , “soluções” como o Tolerância Zero – o projeto já começa mal pelo nome – e tiroteios entre polícia e quem quer que seja no meio das ruas. Mortes, acidentes e mais mortes. Vemos turistas chegarem aqui com os olhos brilhando de felicidade, pouco antes de perceberem que por traz de todo esse calor humano existe um costume cultural de encarar a guerra civil – não enxerga quem não quer - como uma coisa normal, cotidiana.
Olhemos para os nossos governantes mais recentes. César, colocou um porte enorme com um globo de luz no meio da General Osório, enquanto crianças vivem sem saneamento básico, e diz que conhece o Rio e que o seu maior desejo é dirigir essa cidade que ele tanto ama. Outro dia ele avisou que não quer mais, desistiu. Conde, não preciso dizer muito além do fato de que, após ser vaiado em sua visita ao Circo Voador, mandou fechar o insubstituível reduto da cultura musical carioca – reaberto este ano. Quanto a Rosinha e Garotinho, sem comentários.
Não bastasse isso tudo, acrescento outro tipo de violência que ataca o carioca atualmente. Ao buscar um lugar para sair à noite, se o cidadão resolve ir a um show de bandas de rock ele está em maus lençóis. Não consigo acreditar como é possível que existam tantas bandas de péssima qualidade como tenho visto nos últimos tempos. Tirando os Los Hermanos – que atualmente não conseguem nem ao menos fingir que o show é empolgante ou se dedicar um pouquinho na qualidade quanto à execução das músicas – o Rio está praticamente órfão. Não se engane com folhetos anunciando shows com diversas bandas, aniversários de selos independentes ou seja lá o que for. Geralmente as bandas são ruins, se não forem péssimas. O carioca está se acostumando com a cultura zero. Estamos empurrando tudo para São Paulo e o que produzimos aqui dentro não serve nem mesmo para os amigos aturarem. Decretemos estado de sítio!
Trocando em miúdos, o Rio de Janeiro vai de mal a pior com a violência física, os assaltos, a enorme variedade de bandas ruins e uma administração que, além de não dar conta do recado, não cumpre suas promessas e avisa que desistiu. Agora o que nos resta é subirmos todos para os morros, armados e dançando a popozuda. Droga, minha pizza torrou!

1 comment:

Mauro said...

Cara, não sei o que vc vê de errado na postura Dos Los Hermanos no show. Eu me amarrei muito apesar do babaca pulando na minha frente. E vc esqueceu de falar da violência nas boites...isso também é vergonhoso.