Tuesday, October 12, 2004

Como se ele fosse ler

Caro Jabor, te admiro muito. Acabei de ler o seu texto no jornal e senti um pouco de arrependimento - o mesmo que sempre sinto ao fazer mal a outro ser que não me tenha feito nada; ao menos para merecer. Minha impulsividade destrutiva volta e meia toma conta das minhas atitudes e me assusta. Me assuta porque sou eu - e só eu sei as coisas das quais seria capaz; ninguém neste mundo teve a experiência de sabê-lo, até hoje.
De onde será que viria tanta raiva, tanta indignação? Na verdade a resposta é bem simples: deste mundo. Nada faz sentido. Vejo crianças felizes, correndo, brincando.. elas nem sonham - pesadelos - com o mundo real. Com o mundo que as cerca. E quando acordam no meio da noite, chorando por causa do Bicho-Papão, seus pais dizem que na verdade ele não existe. Coitadas! Já estão sendo enganadas - seria isso bom? O protagonista de seus temores é na verdade a visualização do que foi absorvido, inconscientemente, do nosso mundo. Nosso único lugar, de onde não temos como sair. Tentamos, mas nunca conseguimos. Nos isolamos em nossas casas - nosso refúgio - conectados à todos - e na verdade a ninguém - esperando respostas que não podem ser dadas. Optamos por nos organizar em grupos onde todos compartilham dos mesmo interesses - o maior deles a carência, a necessidade de um contato humano com quem não nos cause medo. Tudo isso para que?
Sabemos - no fundo você também sabe - que vamos todos morrer. E morreremos sozinhos. Em nosso último suspiro relembraremos de muitos momentos especiais. Tudo o que fizemos e deixamos de fazer. Nos arrependeremos de não termos sido corajosos o suficiente para encarar várias das situações em que a única coisa que faltava era a compreensão de que a única coisa que importa nessa vida é a realização. Dos nossos desejos, dos nossos sonhos.. a realização do agora. O agora é muito importante - pense nisso! Quanto de tudo que há no mundo - lá vem ele novamente... - está sendo jogado fora enquanto ficamos parados, esperando que se aconteça um milagre - não existem, isso é algo que está dentro de nós!
Precisamos reclamar, discutir, conversar, brigar, nos entender, nos amar, nos relacionar, fazer amor, escrever, cantar, gritar, correr, subir bem alto e.. pular. Isso mesmo, pular. Sem medo. Ao menos é o que devíamos fazer...

1 comment:

Anonymous said...

Guilherme,
Fala sério! Se sentindo mal pelos comentários ao Jabor...
Primeiro, nem sei o que você escreveu, portanto sinto-me isento para lhe afirmar que ele mereceu.
Segundo, culpado por culpado, o Diogo Mainardi é muito mais...
Abração,
Marco Moreira.