Wednesday, January 19, 2005

Sinfonia dos Sentidos em Si maior

Ao pensar sobre os próximos caminhos a seguir, ele para e se indaga. Seria muito cômodo receber o que sua vida lhe mostra como caminho óbvio – ao menos para os pobres de sentido – e ao mesmo tempo sofrível. Abandonar o que mais faz seus olhos se encherem de brilho e sua vida de conteúdo se mostra impossível. A música o escolheu, disso ele não pode fugir. Ela já se mostra como sendo aquele amor que tanto se busca durante a vida, mas nem sempre se encontra. Muitos costumam dizer que a resposta pode estar mais perto do que imaginamos. Embaixo do seu próprio nariz. Ele sabe – tanto quanto eu e você -, mas a escolha não é tão simples assim. Cada vez que você decide seguir um caminho, toda a sua vida se transforma, tendo essa transformação uma importância diretamente proporcional à significância da sua nova decisão. É como se o tudo fosse um jogo de dominó – bem, na verdade não o jogo, mas um punhado de peças todas ligadas uma à outra, todas de pé. Como na frase, título de um livro cujo autor não me lembro o nome, “nenhuma ilha é uma ilha”.
Visualizando seu futuro – todas as variações possíveis e inimagináveis que sua mente fértil é capaz de gerar – sente-se mais confortável com a que segue pelo coração. Dinheiro não lhe parece ter muito valor, em um primeiro momento. Mas sabe que ele, quando bem usado, adquire a forma de super-poderes. Muita coisa boa pode ser feita com o seu auxílio. E essas coisas podem influenciar a vida de muita gente.
A música.. ah, com é perfeita uma melodia bem trabalhada, bem cuidada e executada. Enche de magia uma vida que, sem ela, poderia continuar no vazio de não se saber para que se veio ao mundo. A música tem a capacidade de alimentar, de fortalecer, de animar, alegrar. Ela também, entre muitas outras qualidades, pode confortar um espírito carente ou desacreditado, consolando-o. Ela serve de companheira, amiga. Na verdade ela se encaixa maravilhosamente bem como a amante perfeita, num romance infinito e sem fronteiras, se alterando e tomando formas até então desconhecidas e desafiando os limites. Tudo aquilo que procuramos em contos fantásticos e, quando depois de crescidos, deixamos de acreditar que exista.
Ele larga sua pena e enrola o pergaminho. Já deve ser tarde, reflete. Esquenta a cera vermelha no calor da vela e com ela sela sua carta, onde abriu seu coração para sua mais querida companheira. Veste as botas e busca o paletó preso na parede. Põe o pergaminho dentro do bolso e bate a porta, indo de encontro com sua amada.

4 comments:

Anonymous said...

Bravo!
Guilherme,que delícia de texto.
Faça como ele(aliás,é vc mesmo no século 18,né?),não
desista nunca de sua "Amada Imortal".
Obrigada por vc existir.
Beijos,
Catarina.

Anonymous said...

Achei muitíssimo interessante esse texto, e confesso que imaginei toda a cena enquanto lia - reação que, acredito eu, você já devia esperar do leitor.

Gostei muito também da frase da Catarina, quando fez uma analogia do seu texto com o filme sobre Beethoven. Muito inteligente. Levou-me a pensar novamente sobre quem seria a amada imortal de Ludwig. Seria a mesma que a sua?

Antes de ler esse texto, eu não tinha um escritor favorito, mas agora posso dizer que conheço pessoalmente um dos melhores que já li.

OBS.: Todas as análises acima tiveram base no uso da razão, portanto não encare apenas como uma "babação-de-ovo".

Anonymous said...

Achei muitíssimo interessante esse texto, e confesso que imaginei toda a cena enquanto lia - reação que, acredito eu, você já devia esperar do leitor.

Gostei muito também da frase da Catarina, quando fez uma analogia do seu texto com o filme sobre Beethoven. Muito inteligente. Levou-me a pensar novamente sobre quem seria a amada imortal de Ludwig. Seria a mesma que a sua?

Antes de ler esse texto, eu não tinha um escritor favorito, mas agora posso dizer que conheço pessoalmente um dos melhores que já li.

OBS.: Todas as análises acima tiveram base no uso da razão, portanto não encare apenas como uma "babação-de-ovo".

Continue a fazer textos de leitura fluente e conteúdo de sensibilidade única como este, pois estes que nos fazem refletir são os que podemos chamar de "a chama que nunca morre".

Abraços do seu irmão,
Leonardo Costa

Guilherme Martins da Costa said...

Hã.. acho que eu fiquei bastante surpreendido com esses "comments" - lá vem a galera "Americana" dominando nossa própria língua.

Gostaria de ficar sorridente e em silêncio - seria mais estiloso, disso estou certo -, mas não sou capaz.

Abração