Wednesday, January 05, 2005

Essa Inércia

Maldito bom humor que se mantém afastado, ao longe como quem diz “fui”. Olho para as coisas e não vejo nada, ao menos com profundidade. Me parece que nada passa de percepções fictícias se esforçando em me manter entretido, ocupado. “Não deixe que ele perceba que é tudo sem razão!” Gostaria de poder dizer que escuto vozes me dizendo pensamentos interessantes, a favor ou contra o rumo natural desta vida, mas não ouço nenhuma, seria uma mentira da minha parte. Aqui a realidade é crua, sem maquiagem, sem efeitos. Nada de explosões ou cremes rejuvenescedores. A parede é apenas um obstáculo sem graça, que se opõe ao nada, sendo capaz de ferir por meio de uma contusão. Obstáculos... Muitos dos problemas – os obstáculos – são merdas que flutuam neste vácuo insignificante, tentando encontrar o sentido para a sua própria existência – elas também!
Sei que pode ser ridículo – eu ao menos considero – mas é uma reação instintiva perder as esperanças diante de barreiras que nos dizem “você não conseguirá me transpor”. Isso contribui em peso no aumento do número de pessoas que desistem da vida e continuam apenas sobrevivendo. Não me agrada em nada a idéia, mas desistir é algo que se mostra muito pior. Isso é o que faz tempo ficar sempre parado. Envelhecemos e praticamente não saímos do lugar. É uma inércia que tenta se desmentir mostrando aquisições matérias como provas da nossa enganação, em detrimento das conquistas mais almejadas – estas não estando em vitrines ou em manuais, à venda por 9,99. A inércia é como aquele mosquito de verão, que vem e te ataca quando você está desprevenido e, por mais que tente acerta-lo, ele só vai embora quando se considera satisfeito – após ter sugado bastante de você.
Alguns momentos ainda estão para me mostrar qual a sua validade ou utilidade. Como por exemplo, esses momentos de pura desilusão – que eu já sei que vão passar. E quanto aos mosquitos.. bom, esses eu deixo para o meu chinelo – “morre desgraçado!”

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