Friday, April 21, 2006

O pote de ouro

E lá estava ele, na linha de chegada. Em seu olhar, o estranhamento. A sensação de que talvez nada tenha realmente acontecido, nada tenha mudado. O troféu que buscou por tanto tempo agora já não parece mais atraente como nas fotos presentes em seus sonhos. Mas qual o motivo disso? Ele ainda não sabe. Não sabe ao certo porque não está pulando de felicidade, não se compreende plenamente satisfeito. E os fogos de artifício, onde estão todos eles? Estariam eles escondidos, esperando que alguém os descubra e finalmente possa descansar em paz, sem maiores dúvidas ou preocupações?
Nada como era previsto. E agora, o que fazer?
Entra em um café e chama pela garçonete. Você tem um isqueiro? Obrigado. Um café com creme, por favor. A fumaça que sopra parece levá-lo para bem longe, onde ele contempla quase que aleatoriamente os últimos dias.
Chega o café. Açúcar ou adoçante? Açúcar, por favor.

3 comments:

Rodrigo Santiago said...

Cara, isso parece muito com os contos de uma amiga minha:

http://palavrasoventoleva.blogspot.com/

:-)

* O cara pode ter recebido a recompensa aos poucos, e nem se deu conta. As mudanças mais sutis às vezes são decisivas. *

Anonymous said...

Gostei desse final.. me lembra algumas crônicas do Mario Prata. Um final súbito, com frases curtas ou até mesmo de uma palavra. Legal isso; acho que dá uma leveza pro texto.

...

Tudo bem, agora que eu li de novo parece que não foi proposital... mas posso ainda comentar que foi bem interessante a jogada com o discurso, a partir do momento em que "ele" entra no café. Ora estava em 1ª pessoa, ora em 3ª.. claro, vale dizer que foi até bem usado esse artifício. Eu, pelo menos, não me confundi.

Ah sim, sem esquecer de comentar sobre o tema, posso dizer que é uma situação muito peculiar e engraçada, que já aconteceu comigo também. Talvez isso se dê pelo fato de que cria-se muita expectativa sobre uma futura realização ou acontecimento. No fim, como diziam os mais velhos, vê-se que a realidade é bem diferente do que projetamos dela.

Leonardo Costa

Anonymous said...

Eu poderia começar o seu texto assim: "Então lá estava ela..."

Segundo Post seu que eu venho ler e sinto o mesmo. Você escreve lindamente o que é comum a todos.

=]