Saturday, April 15, 2006

Encurralado - exercícios para a loucura

Tensão. Não sei se dessa vez poderei fazer algo a respeito da situação na qual eu me encontro. Sei que posso influenciar no que está para acontecer, mas ainda assim me parece que é muito pouco. Entro em desespero. O pânico chega e toma conta da sala. Correndo, eu busco uma saída, tentando pensar em tudo.
Parado na minha frente, então, ele me olha. Seus olhos brilhantes cor de rubi me observam, como se eu fosse apenas mais um experimento e nada do que eu pudesse fazer iria me ajudar a resolver este enigma. “Não existe solução para o que você quer”, diz a sua voz rouca e bem projetada, onipresente em cada canto do recinto. Frente a frente com o meu medo, a respiração dele tranqüila fazendo um contraponto com a minha, o extremo oposto, mostra o quanto eu pareço estar perdendo o controle da situação. E o sorriso estampado na face do meu inimigo me acerta como mais um tapa, embaçando a minha vista. Sem enxergar nada, um belo “Porra!” é a coisa mais bonita que você pode tirar de mim.
Aproveitando do meu vasto leque de opções satisfatórias, sento e cruzo as pernas. Correr de um lado para o outro em nada vai me ajudar. E ele continua ali, rindo da minha cara, enquanto come sua maçã dourada. Bem que ele poderia se engasgar com ela. Hum... isso me parece muito bom...

6 comments:

Anonymous said...

Po, muito foda esse texto. Comecei a ler meio sem vontade e depois imaginei a cena toda.
Acho que por ter poucas características - até onde eu lembro, os olhos cor-de-rubi e o sarcasmo proveniente do poder - há uma margem boa para interpretação do personagem. Ele pode ser várias coisas em várias situações. Pensei em umas 3 aqui.

Acho que escolheu bem a primeira palavra do texto: tensão. O define certamente.

Leonardo

Anonymous said...

Ficou meio confusa uma parte:

Correção:

"Acho que pelo personagem apresentar poucas características - até onde me lembro, os olhos cor-de-rubi e o sarcasmo proveniente do poder - há uma margem boa para interpretação do mesmo."

Leonardo

Guilherme Martins da Costa said...

e nós, jornalista, sempre corrigindo o que escrevemos...

Anonymous said...

Exatamente o que o Leonardo disse. O texto descreve de uma forma objetiva poucos elementos, que podem se encaixar de diversas maneiras na mente de quem interpreta.

pra mim, por exemplo, parece um enfrentamento do eu, com eu mesmo. quando paramos e nos olhamos, sentimos raiva de nos mesmos, e chegamos ate a nos dividir, como se fossemos duas celulas e nao uma só.

é a tensão que corre nas veias e faz das duas partes tão vivas.

Otimo texto, adoro escritos que nos deixam livres.

Mauro said...

e eu ainda com a impressão de que perdi o último capítulo. Também tirei um pouco o mofo do meu blog, daqui a pouco o mofo volta a crescer.
To bem tenso também.

TatiResinentti said...

A primeira impressão é a que fica? Retorno então ao seu blog diversas outras vezes. Agrada mto encontrar textos fortes e autorais, principalmente sabendo a produção atual é farta porém rasa.