Friday, January 04, 2013

Vivendo o Momento Presente, mais Zen - e Produtivo

             

Por algum tempo me indaguei se o esforço em dar o meu melhor, em buscar maior produtividade, e a paz mental, aquela sensação de tranquilidade zen, não seriam forças opostas. Hoje percebo que não.

Quando nos aprofundamos em especialistas da produtividade, percebemos que não adianta buscar fazer tudo ao mesmo tempo, mas precisamos de foco. Precisamos focar em uma coisa, apenas uma, de cada vez, dedicando toda nossa atenção a cada tarefa que fazemos, para adquirirmos maior eficiência. Nosso cérebro, como dizem pesquisas recentes da área da neurociência, não é multitarefa - e isso acaba gerando frustração.

Na mesma linha - embora pareça, em um olhar distante, completamente diferente - temos a ideia de alcançar a felicidade por meio da paz interior, que por sua vez demanda uma atenção completa ao momento presente. Viver o momento presente, estar realmente presente onde você está e não com a cabeça no que vai fazer depois - prestar atenção em quem conversa com você ao invés de ficar apenas aguardando sua vez para falar, por exemplo.

Eckhart Tolle, em seu livro "O Poder do Silêncio", descreve a importância de compreendermos o momento presente, que também é de certa forma essencial para um estado mental zen, como o praticado na meditação:

"À primeira vista, o momento presente é apenas um entre os inúmeros momentos da sua vida. Cada dia parece se constituir de milhares de momentos em que ocorrem os mais diversos fatos. Mas, se você olhar mais profundamente, irá descobrir que existe apenas um momento. (...) Este exato momento - Agora - é a única coisa da qual você jamais conseguirá escapar, o único fator constante em sua vida."

O ser humano é um animal, em muitas situações, "irracional" (pegando emprestado de Dan Ariely, psicólogo da Universidade de Stanford, autor do livro "Previsivelmente Irracional") e, celebrando a máxima que diz que errar é humano, não somos muito bons ao estimar o impacto de situações futuras em nossa satisfação com a vida. Buscamos mais dinheiro, mais realizações, mais sucesso, mais status, mais, mais e mais, no entanto alcançar ou ter mais não resolve nossa busca incessante pela felicidade.

Talvez herança do sonho americano, no Brasil difundida tanto pela dominação cultural do nosso primo rico e sua Hollywood, hoje nas entranhas da nossa sociedade, com o agravante do nosso histórico de ex-colônia, e hoje emergente, mas do BRIC - batendo no peito, cheios de orgulho por finalmente estamparmos as capas dos jornais internacionais. Alguém se lembra da entrevista de Eike Batista para o Fantástico, em que o (ex) homem mais rico do país diz que tudo que faz tem como objetivo "ser mais respeitado"? É o famoso "você sabe com quem está falando?", da vontade de ser rico, de mandar, de dar ordens, de ter destaque.

Ponto para o filme O Negociador, com Richard Gere, ainda em cartaz nos cinemas, que mostra como executivos milionários também têm seus problemas e não adianta acumular realizações.

Para deixar bem claro, meu ponto aqui é que as coisas têm seu valor no durante, e não no futuro. O que importa é a caminhada e não a linha de chegada. E sob esse aspecto, realizar é muito bom sim, mas não porque você vai ser feliz no futuro, mas porque é ótimo fazer isso agora.

Em uma palestra excelente, disponível no TED, o psicólogo Daniel Gilbert mostra resultados de pesquisas que indicam que, mesmo para vencedores de loterias, a alteração no nível de felicidade não dura mais que alguns meses, quando retorna ao nível anterior.

Quando entendemos que alcançando o "mais" não resolve, não nos torna mais felizes por muito tempo e não preencherá o vazio que muitos sentimos, nossa percepção começa a ficar um tanto diferente. Passamos a valorizar mais a vida vivendo o momento presente. A vida acontece agora e não amanhã - e quando o amanhã chegar, você estará no Agora novamente. E ainda passamos a valorizar o presente com seu outro sentido etimológico, como um verdadeiro presente, um gift.

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