Tuesday, July 20, 2010

O dia do amigo

Um copo e depois outro, e mais outro. Sem ninguém ao lado, nenhuma pessoa conhecida para trocar alguma mensagem de afeto. E por que deveria? Não poderia ser diferente, uma vez que fora passado para trás por seu melhor amigo. Um amigo daqueles que você tem certeza que não vai te deixar na mão. Mas ele deixou. Deixou por ser intolerante, por não querer entender. Por não tentar enxergar o lado deste, que é um homem tão sensato que não pensou duas vezes antes de desperdiçar uma companhia tão prestigiosa.

"CALE A BOCA!", grita, chamando a atenção de todos. Grita contra a própria consciência, que lhe atormenta e não deixa que se esqueça daquilo que não tem certeza. Não tem certeza do que fez, assim como do que poderia ter feito mas foi orgulhoso. E já não tem mais certeza de quase nada. Neste boteco sujo, com estas pessoas estranhas que agora lhe olham como se fosse apenas um bêbado perdido na noite. "Bando de idiotas".

Larga o dinheiro no balcão e sai cambaleando, observado pelos que fazem piada de seus trejeitos - iguais aos de qualquer homem após algumas doses de cachaça. Andando sem rumo e procurando um motivo para voltar para algum lugar, segue em frente, em direção a praça. Como se lá fosse encontrar algum conforto, no lugar que costumava frequentar quando tudo ainda era muito diferente do que resta hoje. Com a única certeza de que no dia seguinte terá que se ver com uma dor de cabeça igual a do dia anterior.

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