Saturday, January 06, 2007

Mais uma canção















Me encarando com seu olhar penetrante, ela reclama de coisas em mim que eu não pude mudar e se mostra mais insatisfeita do que o suportável. Seus argumentos fazem sentido, mas não quero pensar em nada agora. Não hoje. Depois de tudo que aconteceu, só preciso me deitar e esperar que amanhã meus problemas já estejam todos resolvidos, como num passe de mágica.

Ela pega suas coisas - calma, me refiro as coisas dela, não às suas – e se retira. “Tenho que ir pro camarim, o show começa em poucos minutos”, diz a voz grave e macia que dia desses me fisgou, antes mesmo de nos conhecermos. Peço uma bebida e espero pela salvação – neste instante qualquer coisa poderia me salvar, já que não agüento mais estar dentro dele; mas um drink vai servir.

O pub cheio, as pessoas animadas e as luzes apagadas. Apenas o bar com seus raios coloridos alegra o ambiente, esperando pelas luzes do palco ainda vazio, para que estas, junto à solidão dele - o bar -, façam companhia um ao outro. No olhar de cada estranho um tanto diferente de tristeza, a velha busca por saciar o eterno desejo por uma quebra, um pouco de aventura para tornar a vida cotidiana mais interessante, mais atraente. Procura-se o que é atraente mesmo quando isso na verdade, na prática, não significa nada, apenas te suga e pronto. Não que você esteja sendo sugado pelo que acharia melhor mas, enfim...

Enfim sobe a banda ao palco e as luzes se acendem. Minha atração, com o jeito peculiar, lidera o grupo e me faz esquecer do mal estar que dominava, ao menos para mim, todo o mundo. Não que eu esteja sendo sugado pelo que eu acharia melhor, mas no momento eu acho. Luzes, som, fumaça, ritmo, aquela voz. Ao menos por hoje vou poder conviver com os meus problemas. Quem sabe quando acordarmos pela manhã, eu e ela, tudo não tenha se tornado melhor, como num passe de mágica?

7 comments:

Anonymous said...

vc leu o texto q eu te mandei? o final do se/u me faz lembrar bastante!

Gostei, mas curto vc mais subjetivo! Gosto quando suas palavras tendem ao nada geral e ao tudo de cada um...

BJOS,
Lehonna

Anonymous said...

Eu achei bom. A narrativa nos permite entrar nesta atmosfera um tanto sufocante do bar, da espera, da paixão e da vida e faz isto com um certo equilíbrio subjetivo/objetivo.

Implico só com "apenas te suga e pronto. Não que você esteja"...

Anonymous said...

Perfeito ! Quantas vezes já me senti asim, meu Deus ???
vc é muito, sabia ?

Anonymous said...

Vc tem o dom de escrever o que a gente sente na "alma ".

Catarina.

Anonymous said...

Muiton legal o clima que você construiu no texto, as sugestões, as cores. Só não curti tanto o último parágrafo, mais especificamente a frase final...
beijos!

Mimi Merlot said...

ao nada geral e ao tudo de cada um?
uia.
bah, certo tá é o bernardo, a gente entra mesmo na atmosfera.

Anonymous said...

Poetico. Voce virou um escritor e tanto, hein, Gui. Gostei :) Como estao as coisas? Facu? Nao me lembro se vc ja terminou... como anda a vida em geral. Voce me deve um email, ou ao menos uma resposta no meu flog. Perdoe a ortografia, mas alem de estar vivendo nos EUA ha tempos, meu teclado nao permite que eu escreva corretamente. Beijos e mande noticias!
Bel